
Os impactos nas opera��es de carga e as perdas financeiras causados pela interdi��o da ponte no Rio das Velhas, no limite de Belo Horizonte e Sabar�, na regi�o metropolitana, j� est�o na ponta do l�pis das empresas transportadoras de setores diversos. Calculam um preju�zo de pelo menos R$ 1 milh�o por dia, valor que pode subir depois de um levantamento completo do tempo perdido, gasto de combust�vel e desgaste dos ve�culos em desvios e congestionamentos. Pelo trecho interrompido, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Setcemg), circulam 35% da riqueza do pa�s. O presidente da entidade, Ulisses Martins Cruz, avalia que o custo de algumas opera��es pode chegar a 100% de aumento por causa das dist�ncias e do tempo gasto nos desvios. As empresas sider�rgicas do Vale do A�o, que usam a rodovia para escoamento da produ��o, ainda esperam fechamento do primeiro dia �til para contabilizar os atrasos nas entregas.
Por Santa Luzia, o caminhoneiro s� enfrenta 25 quil�metros a mais. Por�m, com o tr�fego intenso, chega a gastar entre tr�s e quatro horas no deslocamento. O escoamento da produ��o da usina da ArcelorMittal, de Jo�o Monlevade para o Rio de Janeiro, seguiu por Ponte Nova, na Zona da Mata. A empresa precisou reprogramar os prazos de entrega e alterou roteiros. No fim da tarde dessa segunda-feira, nem todas as 18 carretas que viajam diariamente para a unidade da sider�rgica em Contagem tinham chegado.
“G�neros aliment�cios, produ��o sider�rgica, min�rio de ferro e derivados de petr�leo, tudo escoa pela 381. Seis meses � um tempo muito longo para quem depende das estradas. Quem perde � a sociedade, a ind�stria, o com�rcio e at� o governo. Um comerciante de Governador Valadares que tinha um fornecedor em Sete Lagoas passar� a comprar em outros estados, como Esp�rito Santo, S�o Paulo ou Rio de Janeiro”, afirmou Ulisses Cruz.
Segundo ele, de Belo Horizonte a Ipatinga, o impacto no custo do transporte pode variar de 5% a 11% nas pequenas encomendas – as chamadas cargas fracionadas – e entre 10% e 20% para volumes maiores. Para produ��o em larga escala, o impacto � de quase 100%, seguindo pelas cidades hist�ricas. “S� entre Belo Horizonte e Jo�o Monlevade s�o 118 quil�metros. Com o desvio, passa para 210. Quanto menor o tempo de exposi��o ao risco, mais barata fica a viagem. Esta � a terceira grande interven��o na ponte do Rio das Velhas, prova de que a manuten��o foi insuficiente para mant�-la segura.”
Para Ulisses, apenas com transporte de cargas o preju�zo ultrapassa R$ 1 milh�o por dia. De acordo com o presidente da Setcemg, pesquisa encomendada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) � Universidade Federal de Santa Catarina, em 2006, aponta fluxo intenso na Rodovia da Morte, a 381: por dia, 36 mil ve�culos circulam pela estrada federal, sendo 12 mil caminh�es de todos os portes.
Nessa segunda-feira, o presidente do Sindicato Uni�o Brasileira dos Caminhoneiros, Jos� Natan Em�dio Neto, enviou of�cio ao governador Antonio Anastasia (PSDB) pedindo melhorias em dois desvios mais curtos: a antiga estrada de terra de cinco quil�metros entre Santa Luzia e Ravena e a via entre Santa Luzia e Taquara�u. A entidade j� havia encaminhado documento � presidente Dilma Rousseff (PT) destacando que a rodovia interrompida afeta 300 munic�pios do Leste de Minas, a come�ar pelo Vale do A�o, e de outros estados. “O preju�zo com a interdi��o � incalcul�vel. Milhares de caminh�es passam por l� diariamente”, afirmou.
Jos� Natan considera a interdi��o uma “trag�dia” e acusa as autoridades federais de desleixo. “O Dnit deixou chegar a este ponto. Eles n�o d�o aten��o a Minas. Por isso, pedimos a interven��o do governador, para que cobre agilidade na constru��o da ponte e de desvios. Assim, o caminhoneiro n�o passar� dentro de Santa Luzia, trecho onde se perde mais tempo. A cidade n�o est� preparada para receber fluxo intenso de carga pesada, n�o h� sinaliza��o suficiente e n�o sabemos at� quando ela vai suportar. H� contratos de seguros que exigem rotas confi�veis e cargas espec�ficas precisam passar por Jo�o Monlevade.”
Sobrecarga da 040
Por causa da ponte, a BR–040 fica sobrecarregada por ve�culos de carga nos dois sentidos. O trecho em dire��o a Bras�lia � usado para quem segue rumo ao Nordeste. Depois de Sete Legoas, pega-se a BR-135, que leva a Montes Claros. L�, toma-se a BR-116 (Rio-Bahia). No sentido oposto, em dire��o ao Rio, a rodovia � op��o para acessar a BR-356 e passar por Ouro Preto com destino ao Vale do A�o. A Pol�cia Rodovi�ria Federal (PRF) ainda n�o tem levantamento do aumento de tr�fego nessas vias. Segundo o agente Alexandre Rocha Silva, encarregado do posto da corpora��o em Sete Lagoas, a mudan�a afeta motoristas que transportam cargas do Sul do pa�s ao Nordeste, e vice-versa.
