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Estado de Minas

Freira deixa convento para se casar com advogado que gostava de balada


postado em 17/02/2013 00:12 / atualizado em 17/02/2013 08:28

"Fiquei assustado com a minha pequenez perto de uma vida t�o nobre quanto a dela, focada em trabalhar durante anos, sem remunera��o, simplesmente para se doar a Deus", Wanderley Pereira dos Santos, advogado (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

Em mar�o, o advogado Wanderley Pereira dos Santos, morador de uma bela casa na Regi�o da Pampulha, em Belo Horizonte, lan�a um livro autoral que mais parece uma confiss�o. Na obra O advogado e a freira (Ed. Livre Express�o), que renderia o argumento para mais um filme de Almod�var, o empres�rio conta como sua alma foi salva pelo amor da freira Sabrina da Cunha Neto Pereira, a irm� Sabrina, ent�o aos 31 anos, com quem se casou.

Antes de conhecer a mo�a, o empres�rio sentia que levava uma vida vazia e sem sentido. Seu tempo era, segundo ele, 100% consumido em futilidades. Sa�a todas as noites, revezando entre os restaurantes mais luxuosos da capital, como o D�diva, Taste Vin e Favorita. "Estava farto de me exibir naquele big brother da realidade, onde as pessoas se aproximam de voc� pelo que representa e n�o pelo que � de fato. Por mais dinheiro que gastasse, sempre voltava sozinho para casa. N�o h� sensa��o mais aterradora do que a solid�o", diz o advogado.

Nesse estado de esp�rito em que se encontrava, esmagado pela culpa crist�, Wanderley conheceu a freira Sabrina, seguidora dos votos de pobreza, castidade e obedi�ncia a Deus. Era o oposto das mulheres que rodeavam o empres�rio na mesa do bar, quando ele mandava o gar�om abrir a garrafa de champanhe mais requintada vendida ali. "Fiquei assustado com minha pequenez perto de uma vida t�o nobre quanto a dela, focada em trabalhar durante anos, sem remunera��o, simplesmente para se doar a Deus. Isso me levou a uma profunda reflex�o. Ser� que minha atividade era t�o importante que eu n�o poderia me dedicar um pouco mais a Deus?", questiona.

Em vez de atrair Sabrina para as tenta��es al�m dos muros do convento, Wanderley sofreu uma esp�cie de convers�o por interm�dio dela. O advogado, que s� frequentava a igreja em missas de s�timo dia e batizados, iria se tornar mais tarde um dos coordenadores do Ter�o dos Homens, celebrado na �ltima segunda-feira do m�s na Igreja Nossa Senhora Rainha, no Bairro Belvedere. Ele tamb�m passou a fazer quest�o de comungar todos os domingos na companhia da mulher, que participa do Sal da Terra, grupo de canto da mesma par�quia. "Ela � a vocalista do grupo, apesar da timidez", conta.

Os dois se conheceram em um churrasco de confraterniza��o para freiras, depois que a mulher de um primo de Wanderley superou um c�ncer, gra�as �s fervorosas ora��es. No primeiro momento, por�m, o advogado recusou o convite. Era o dia 13 de julho de 2008. "Nada contra freiras, mas sentia calafrios s� de pensar em um churrasco com ora��es", descreve no livro. Vencido pela insist�ncia do parente e pela falta de outro programa, Wanderley viu-se no meio de um grupo de religiosas que, em vez das fofocas do mundo dos neg�cios, conversavam sobre Deus, votos de castidade e voca��o. "Descobri que mulheres jovens e bonitas decidiam ser freiras simplesmente por seguir um chamado de Deus. No in�cio, fiquei desconfiado. Achava que Sabrina teria sofrido uma decep��o amorosa, mas n�o era isso", conta.

J� na primeira conversa, a irm� Sabrina admitiu que questionava sua voca��o depois de sete anos e meio ao cuidar de 400 crian�as de um col�gio de freiras e ao compartilhar os sentimentos da sua irm�, que acabava de ter um beb�. Com a desculpa de enviar as fotos tiradas durante o churrasco, Wanderley conseguiu o e-mail da freira. No dia seguinte, transtornado de emo��o, enviou a primeira mensagem, sem imaginar que ficaria meses sem resposta. “Desculpe-me, irm� Sabrina, escrevo-lhe este e-mail com as m�os tr�mulas e o pensamento um pouco confuso. Estarei, a partir de agora, recordando cada segundo em que tive o privil�gio de estar pr�ximo a voc�, seu sorriso encantador, seu carisma, sua f� em Deus. Desculpe-me, irm� Sabrina, mas tamb�m o seu perfume suave. Sabrina, quanta suavidade existe em voc�”, derramou o empres�rio, descobrindo que ela aparecia em 34 das 46 fotos tiradas na ocasi�o.

Um ano depois

A conquista de irm� Sabrina custou praticamente um ano at� que ela retirasse o h�bito de freira, mediante autoriza��o da madre provincial, e concordasse em se encontrar com o namorado. Para tanto, Wanderley deslocou-se por diversas vezes at� Teres�polis, no Rio de Janeiro, onde a comunidade religiosa estava estabelecida. O empres�rio roubava minutos de aten��o e olhares da freira, que se recusava a conversar com ele pessoalmente. Na primeira vez em que iria se encontrar sozinho com irm� Sabrina, na recep��o de um hotel da cidade, a freira levou junto os pais. Eles queriam conhecer as reais inten��es do candidato a noivo.

Aprovado pela fam�lia, o empres�rio inesperadamente foi rejeitado pela ex-freira. Aos prantos, Sabrina disse ao candidato que estava certa da decis�o de deixar o convento, mas n�o sabia se estava preparada para assumir um relacionamento. “Confesso que fiquei terrivelmente abalado, mas ao mesmo tempo feliz pela sinceridade, educa��o e do�ura com as quais ela estava me dando o fora”, explica no livro. Com os nervos em frangalhos, os dois enfim se beijaram quando Wanderley deu um ultimato: "Apesar da dor que sinto em meu cora��o, jamais serei um empecilho para voc�. Voltarei ainda hoje para BH e n�o mais retornarei a Teres�polis".

Passados quase cinco anos de relacionamento, Wanderley ainda n�o consegue acreditar no milagre da transforma��o da pr�pria vida, que andava estagnada depois de 10 anos de uma separa��o traum�tica da primeira mulher. Em um trecho do livro, explica que havia decidido “nunca mais se envolver com mulher”. Hoje, Wanderley mostra-se t�o encantado com a pr�pria hist�ria a ponto de publicar o romance, que alguns leitores poderiam achar um tanto meloso. "Nossos amigos s�o apaixonados pela nossa hist�ria. Quem ler esse livro com o cora��o aberto n�o ir� trair ningu�m jamais. � diferente quando voc� se relaciona com uma pessoa a quem ama e respeita integralmente. N�o se trata de um casamento de mentirinha", afirma o empres�rio, que chamou os tr�s filhos do primeiro casamento (que foi s� no civil) para ser padrinhos do segundo.


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