
Movidos por hist�rias familiares, de vizinhos, de amigos e pela import�ncia do tema, mais de 20 mil pessoas sa�ram �s ruas da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte ontem para dar um basta ao uso de drogas. Eram alunos, representantes de comunidades terap�uticas, deputados, educadores e funcion�rios p�blicos apostando numa grande caminhada para chamar aten��o da sociedade sobre a preven��o do uso de entorpecentes. A segunda edi��o da Marcha contra o crack e outras drogas marca um momento de luta geral da sociedade para mudar o atual cen�rio da depend�ncia qu�mica no Brasil, pa�s que representa 20% do consumo mundial de coca�na e crack.
O movimento reuniu 99 escolas estaduais e municipais, al�m de 51 entidades da Grande BH. A concentra��o come�ou �s 8h30, na porta do Col�gio Estadual Central, no Bairro de Lourdes. De l�, eles seguiram at� a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no Bairro Santo Agostinho, onde houve apresenta��es musicais de grupos escolares, do projeto Juventude e Pol�cia (da Pol�cia Militar) e do cantor mineiro Cris do Morro. O artista mora na comunidade do Morro do Papagaio, na Regi�o Centro-Sul da capital e, desde crian�a, trabalha para transformar a realidade de viol�ncia local em algo positivo por meio de projetos sociais.
Entre a multid�o, a maioria era de jovens. Foram escolhidos por serem agentes de mudan�a e, por muitas vezes, o maior alvo do poder destruidor da droga. “Com a��es dessa natureza, podemos disseminar a informa��es sobre as consequ�ncias do uso do crack entre a sociedade e principalmente entre a juventude”, disse o subsecret�rio de Pol�ticas Sobre Drogas, Cloves Benevides. Ele lembrou ainda que a preven��o � uma estrat�gia muito mais eficiente de enfrentamento ao crack e mais importante que os investimentos em repress�o. “Al�m disso, evitar o uso reduz os custos com tratamentos da depend�ncia”, disse.
O presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro, caminhou com os jovens e lembrou sobre o papel de cada um. “Temos que fazer um esfor�o coletivo e nos mobilizar para o enfrentamento da depend�ncia das drogas e em especial do crack, que � um mal que mata, destr�i a pessoa e todo o ambiente familiar”, destacou. A marcha foi organizada pela Assembleia, com apoio dos governos estadual e municipal, al�m de institui��es sociais. O deputado lembrou ainda que a marcha � um dos desdobramentos que a Casa tem na luta pela preserva��o da vida e pelo combate �s drogas.
Com usu�rios de drogas na fam�lia e tamb�m entre o grupo de amigos, a estudante Eliene Castro Alves, de 17 anos, n�o quis ficar de bra�os cruzados. Se juntou aos colegas da Escola Estadual Alberto Delpino, na Regi�o do Barreiro, e seguiu em caminhada. “Acho importante estar aqui porque tenho pessoas pr�ximas a mim que s�o usu�rias e quero servir de exemplo”, disse. A mo�a, que vestia a camisa da marcha, fez quest�o de deixar claro seu desejo de mudan�a. “Muitos n�o sabem as consequ�ncias que as drogas podem trazer, como o v�cio ou at� a morte. A vida pode ter um caminho melhor.”
A experi�ncia do enfrentamento no ambiente escolar e na fam�lia ainda � um desafio. Isso porque, de acordo com os alunos, o acesso ao �lcool, maconha, coca�na e at� mesmo ao crack � muito f�cil. “Em qualquer lugar h� quem ofere�a. Cabe a cada um de n�s fazer a escolha por qual caminho seguir”, alertou o estudante Jo�o Vitor Amaral, de 18, aluno da Escola Estadual Professor Caetano de Azevedo, no Barro Preto. A colega Jennifer Vinti Ara�jo, de 17, defende que n�o d� para ficar indiferente � luta que tantas fam�lias vivem com seus filhos viciados. “O caminho de volta do v�cio n�o � imposs�vel, mas muito dif�cil. Toda a sociedade precisa se mobilizar.” Aluno da Escola Estadual Henrique Diniz, no Santa Efig�ncia, Davi Garcia, de 17 anos, tamb�m se mobilizou: “O acesso � droga � algo muito f�cil em qualquer lugar. Na escola, na rua, no encontro com os amigo, h� sempre quem oferece. Mas cada um tem uma tend�ncia. Para mim, ela n�o � atraente. Por isso estou aqui, envolvido nessa luta contra as drogas”
Esse legado de mudan�a tamb�m foi defendido pela secret�ria adjunta da Secretaria de Estado da Educa��o, Sueli Pires. “Temos que sair para as ruas e dar esse recado de que a droga n�o vai nos vencer. � um recado para toda a sociedade, para as redes do tr�fico, para todos”. Ela destacou que as gest�es escolares est�o alertas para a entrada de todas as formas de viol�ncia em suas unidades, com a instala��o de c�meras, acompanhamento dos alunos e das fam�lias. “Temos problemas que atrapalham a vida do aluno, mas ao mesmo tempo convivemos com hist�rias bel�ssimas de supera��o”, ressaltou.
Interior
A 1ª Marcha contra o crack e outras drogas ocorreu no ano passado e reuniu cerca de 15 mil pessoas. Nesta edi��o, o movimento se estendeu para o interior de Minas, com caminhadas em Lavras (Sul), Muria� (Zona da Mata), Tim�teo e Ipatinga, no Vale do A�o.
SAIBA MAIS
Crack
O crack � uma droga derivada da coca�na. Apresenta-se na forma de pedra, semelhante a peda�os de rapadura. A pedra de crack � fumada em cachimbos e, quando aquecido, passa do estado s�lido ao de vapor. Enquanto queima, produz o ru�do que lhe deu o nome. Ap�s absorvido pelos pulm�es, a droga chega ao c�rebro em aproximadamente 10 segundos. O usu�rio ent�o sente intensa euforia, excita��o, hiperatividade, ins�nia, perda da sensa��o de cansa�o e falta de apetite. Quando o efeito passa, depois de cinco ou 10 minutos, as sensa��es come�am a ser t�o desagrad�veis que o indiv�duo passa a repetir o uso, cada vez com maior intensidade. Desta forma, a vontade de usar o crack novamente torna-se incontrol�vel e o uso passa a ser compulsivo.
PODER DEVASTADOR
1 milh�o
Brasileiros que s�o dependentes da coca�na
45%
Percentual de jovens que experimentaram coca�na pela primeira vez antes dos 18 anos
2,3 milh�es
Jovens que experimentaram no �ltimo ano
48%
Percentual de usu�rios desenvolveram depend�ncia
1%
Percentual de usu�rios que procuraram tratamento
Fonte: Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)