
O Corpo de Bombeiros informou na manh� desta sexta-feira que o casal de namorados que estava desaparecido na Serra do Cip� voltou para a casa. A professora C�tia Caldeira Soares, de 48 anos, e o aposentado Arnoldo Boson Santos, de 56, estavam sumidos desde a �ltima ter�a-feira, o que mobilizou a corpora��o. A filha de C�tia, Mariah Soares, informou que o casal retornou para a resid�ncia no Cip� na �ltima quarta-feira. Na noite passada, finalmente, chegaram a Belo Horizonte, onde os filhos moram.
“Eles chegaram em casa ontem e n�o faziam a menor ideia da repercuss�o”, disse Mariah Soares, filha de C�tia. Ela conta que seguiria hoje para o Aeroporto da Pampulha para acompanhar os bombeiros nas buscas pela Serra do Cip�, para mostrar a casa onde eles estavam e ajudar nos trabalhos.
Em entrevista ao em.com.br na manh� desta quinta-feira, C�tia deu detalhes do que aconteceu. A casa onde eles estavam na Serra do Cip� pertence a Arnoldo. O im�vel fica em uma �rea isolada na vegeta��o, mas eles s�o acostumados a ficar no local e praticar trilha. Arnoldo conhece a regi�o h� 20 anos. Eles sa�ram do im�vel �s 8h30 de ter�a-feira em dire��o � Cachoeira Bra�nas, uma trilha de 20 quil�metros. Como n�o pretendiam acampar e o tempo estava aberto, levaram alimentos leves, como frutas e granola, e trajes apropriados para um passeio de algumas horas.
No entanto, por volta das 15h, o tempo mudou repentinamente e come�ou a fechar. “Como fechou o tempo geral e tampou tudo, ele s� olhou, e eu perguntei 'Para que lado voc� est� indo', e ele disse 'N�o sei mais de que lado estou'. Tinha uma cachoeira perigosa e eu falei 'daqui n�o saio mais'”, explica a professora. Uma espessa neblina cobriu toda a regi�o, dificultando a visibilidade. Eles estavam pr�ximos a algumas cachoeiras que come�aram a encher. Assustados, eles procuraram campos nas partes mais altas. No caminho, C�tia acabou sofrendo alguns cortes por causa da vegeta��o.
C�tia ligou primeiro para a Pol�cia Militar de Jaboticatubas, que entrou em contato com o Corpo de Bombeiros e deu o celular dela. Eles ligaram para C�tia, pediram calma e disseram que iam come�ar a procur�-los. Por volta das 17h, Arnoldo teve a ideia de improvisar uma barraca para que passassem a noite. Eles encontraram um nicho entre as pedras e come�aram a cortar folhas e galhos para fech�-la.
“Eu dei aquele choro, sabe? Para descarregar, pensando minha filha, minha fam�lia e que as pessoas que gostam de mim estavam preocupadas, e resolvi ficar calma. Se eu desesperasse eu morria”, reflete. Ela disse que a chuva se aproximava e a temperatura caiu muito. “�s 17h30 da tarde entrei (na barraca) e do jeito que estava eu fiquei 12 horas, deitada, enrolada em uma blusa”, conta.
SOBREVIV�NCIA C�tia conta que ficou mais tranquila e que a iniciativa de improvisar um abrigo, mantendo os dois ocupados, foi essencial. As frutas j� haviam acabado e eles se alimentaram de granola e rapadura. A �gua era tirada de c�rregos. Eles chegaram a ouvir o som do helic�ptero, mas n�o conseguiam ver nada. J� � noite, por volta das 21h – acredita C�tia -, eles ouviram a voz de um homem gritando, como se estivesse chamando algu�m. Ela ficou desconfiada, pensando que se fosse um bombeiro ele estaria com um apito, ou outro tipo de alerta. Arnoldo resolveu sair e correr na dire��o do chamado para tentar ver algu�m. O casal tamb�m come�ou a assoviar. “Mas o vento levava nosso assovio n�o para a dire��o dele, mas para tr�s, e a voz dele na nossa dire��o”. S� depois que j� estavam em seguran�a, em casa, os bombeiros disseram que um militar, acompanhado de um homem que conhece a regi�o, estavam realmente no local, mas como o sinal do r�dio do bombeiro falhou, ele pensou que o assovio estava partindo do equipamento.
Segundo C�tia, ao sair da barraca e procurar a pessoa que estava no local, Arnaldo conseguiu visualizar as luzes de Cardeal Mota, distrito de Santana do Riacho, o que os animou. O casal esperou o amanhecer e, por volta das 6h, come�ou a descida e conseguiu encontrar a trilha em dire��o a casa. Quando j� estavam no im�vel, eles viram o helic�ptero sobrevoando a regi�o e decidiram ir at� o centro do distrito para comunicar os bombeiros de que j� estavam bem, j� que n�o h� sinal de celular no im�vel.
Ela usou um orelh�o para ligar para o Corpo de Bombeiros e foi atendida por um militar do Pelot�o de Vespasiano, que disse que poderia avisar aos demais. Mesmo assim, � tarde, o helic�ptero voltou a sobrevoar a �rea. C�tia chegou a comprar um chip de uma operadora que atende o munic�pio, mas o aparelho continuou sem sinal. O casal decidiu seguir os planos e permanecer em casa at� quinta-feira, onde descansaram, pensando que os militares podiam ter informado as familiares sobre a localiza��o deles.
No entanto, �s 22h, eles chegaram a Belo Horizonte e foram para a casa de Mariah, que foi surpreendida pela m�e e o padrasto, pois at� ent�o n�o sabia que eles j� estavam em seguran�a. Foi quando tiveram acesso � internet e descobriram que o desaparecimento j� havia repercutido nas redes sociais e era acompanhado pela imprensa.
C�tia diz que agora est� tranquila e que tirou uma aprendizagem do ocorrido. “Isso tudo eu j� refleti dento da cabana. Voc� tem que manter a calma, porque se eu desesperasse ia morrer, se n�s n�o tiv�ssemos feito essa cabana n�o ter�amos sobrevivido. Independente de sol e chuva, tem que ter uma barraca, primeiro socorros”. Mesmo ap�s o susto, ela diz que n�o desistiu da pr�xima trilha que o casal programou, na mesma regi�o.