
A reportagem do Estado de Minas teve acesso a informa��es do crime por meio de fontes relacionadas � investiga��o e, segundo o advogado Fabiano Florio, contratado pela fam�lia do jovem, os trabalhos de apura��o n�o t�m andado da forma que se esperava. A investiga��o est� sendo prejudicada por per�cias que se alongam, pedidos de afastamento de um delegado e recomenda��o do Minist�rio P�blico para que a Corregedoria-Geral da Pol�cia Civil acompanhasse o caso, o que gerou a abertura de uma sindic�ncia pelo �rg�o fiscalizador da pol�cia. At� hoje, n�o h� indiciamento de nenhum acusado. Tamb�m h� contradi��es entre o que foi apurado em intercepta��es telef�nicas e depoimentos de alguns investigados.
“Estamos completando um ano de investiga��o. H� elementos consistentes para o inqu�rito apresentar conclus�es, mas, nesse caso espec�fico, a pol�cia deixou a desejar”, aponta Fabiano Florio. A demora em analisar o material gen�tico coletado em um ve�culo com manchas de sangue, apreendido em julho, � um dos fatores que dificultaram o andamento do inqu�rito. S� agora, oito meses depois da apreens�o do carro, a Pol�cia Civil afirma que o laudo foi conclu�do e j� se encontra nas m�os do delegado Mois�s Albuquerque, atual respons�vel pela apura��o do crime. Ele n�o comenta as investiga��es, pelo fato de o inqu�rito estar sob sigilo de Justi�a. A per�cia em uma arma apreendida com dois homens presos em Ponte Nova, em outubro, � outra quest�o t�cnica que se arrasta e atrasa a investiga��o.
Pelo menos dois depoimentos n�o batem com intercepta��es telef�nicas, segundo fontes da investiga��o. S�o os relatos de Julia Mariano da Motta Floresta, de 20 anos, e da prima dela, Lethicia Gomes Floresta, de 19, que moravam juntas em Vi�osa e afirmaram ter ligado incessantemente para Gabriel ap�s tomarem conhecimento do sumi�o do rapaz, o que n�o teria ficado provado. Julia tinha um relacionamento amoroso com Gabriel e morava em Vi�osa, onde fazia faculdade. Ela o convidou para ir � cidade participar da calourada e, diante da negativa da m�e e de outros parentes de Gabriel, chegou a ir � casa do adolescente em Ponte Nova pedir que a m�e do jovem o liberasse. O jovem garantiu � m�e que dormiria na casa das duas e voltaria para Ponte Nova na manh� de s�bado, o que n�o aconteceu. Segundo a fam�lia, no dia da festa, ela ligou para a m�e de Gabriel, dizendo que eles n�o iriam mais, porque ela estava passando mal. Mas, eles acabaram indo.
As intercepta��es do celular usado por Gabriel indicam que, na verdade, ele fez uma liga��o para Julia �s 6h41 do dia 7, o que � confirmado pelo advogado que a representa. A chamada s� foi descoberta pelas primas depois que elas acordaram. Outra chamada do celular de Gabriel foi feita para a m�e do rapaz, �s 8h01. As liga��es feitas e recebidas pelo n�mero de Gabriel indicam que a �nica pessoa que ligou incessantemente para o garoto foi a pr�pria m�e, Sayonara Oliveira Maciel, de 53. Isso aconteceu justamente depois da chamada recebida do n�mero do filho, em que ela s� conseguiu ouvir um gemido e ficou desesperada. No s�bado, ela participou da missa de um ano da morte de Gabriel, celebrada em uma escola de Ponte Nova. “N�o vi meu filho se formar, n�o vi meu filho se casar e nunca vou ter um neto. Hoje eu sou uma pessoa sem vontade de viver”, desabafa Sayonara, que trabalhava como aut�noma e iniciou tratamento psiqui�trico depois do assassinato do filho. Levaram meu filho para a morte”, afirma.
Incerteza sobre hor�rio
At� hoje h� diverg�ncias sobre os hor�rios em que o grupo de jovens saiu da festa, mas os principais depoimentos indicam que foi algo em torno das 3h30. Amiga de Julia, M. E. C. B., de 17, relatou que estava com o casal no momento da sa�da, quando percebeu uma discuss�o entre o adolescente e a namorada. Ela foi a �ltima a ver os dois juntos e confirmou � reportagem que Gabriel queria pagar a passagem da dupla no �nibus que os levaria de volta, mas s� tinha dinheiro para um bilhete. “Ele queria que ela ficasse com esse dinheiro e falou que ia atr�s dos amigos pegar o resto. Nessa hora, eu at� intervim e disse para eles n�o brigarem porque eu emprestaria o dinheiro. Ele garantiu que voltaria, mas falou que, se algum �nibus passasse, ela poderia ir”, afirma M. A garota diz que voltou espremida com Julia na porta de um �nibus sem Gabriel e se separou da amiga no momento em que chegou a seu destino. “Ela ficou com um casal que estava conversando e que ia descer perto dela”, completa.
Dali em diante, pelo menos dois conhecidos de Gabriel afirmam que o avistaram de madrugada caminhando pela rodovia de acesso � festa em S�o Jos� do Triunfo, mas n�o viram mais nada que pudesse elucidar o caso. Outras pessoas tamb�m mencionaram a presen�a de um carro vermelho na estrada, sendo que uma delas cita que teve a impress�o de ver uma pessoa no ch�o ao lado do carro. Foi com base nessas informa��es que a pol�cia chegou at� o carro apreendido com manchas de sangue constatadas pela per�cia de Vi�osa.
O advogado Francisco Rodrigues da Cunha Neto, que representa Julia, confirma que a garota foi at� Ponte Nova pedir � m�e de Gabriel que o deixasse ir a Vi�osa e garante que ela n�o sabe de mais nada a partir do momento em que os dois se separaram na sa�da da festa. “No evento, ele dividiu o tempo entre ela e os amigos. Ela resolveu ir embora e ele disse que ia depois com os colegas. Da� pra frente ela declara que n�o viu mais nada”, afirma o advogado. O EM n�o conseguiu localizar Lethicia Gomes.