
Caminhando pelo espa�o de 280 metros quadrados de �rea constru�da, que ganhar�, na frente, um jardim com mandalas num conceito �tnico-paisagismo, Macota C�lia explica que a interven��o custou R$ 305 mil, sendo R$ 205 mil obtidos no ano passado, por meio de um conv�nio com o Servi�o Social da Ind�stria (Sesi), e, mais tarde, para a �ltima etapa, R$ 100 mil da Prefeitura de Belo Horizonte. “Mudamos para c� em 2012, depois de entendimento com a SPU. De in�cio, entramos na lei estadual de incentivo � cultura, fomos aprovados, mas n�o captamos os recursos. Na sequ�ncia, nosso projeto foi aprovado pelo Conselho Nacional do Sesi”, conta. Em resumo, a dirigente diz que o objetivo maior �, “por meio da educa��o, combater o racismo e a intoler�ncia”.
M�O NA MASSA A partir do projeto de restauro M�os � obra, a equipe comandada por Macota C�lia se envolveu de corpo e alma na execu��o do restauro do antigo lact�rio, que vai abrigar cursos de inform�tica, hist�ria da �frica, bordado em richilieu e pedraria, beleza afro, artes em m�scara africana, empreendedorismo social e de Educa��o de Jovens e Adultos (Eja). “Fiquei apaixonada por esta arquitetura, logo que cheguei, principalmente pelos arcos de madeira, que, infelizmente, estavam muito degradados. Tivemos que refazer grande parte”, aponta a coordenadora do Cenarab.
Cada detalhe tem uma hist�ria e, agora, uma serventia diferente na constru��o, tombada pelo Conselho Deliberativo Municipal do Patrim�nio Cultural de BH. O espa�o se divide em biblioteca, audit�rio, cozinha, almoxarifado, sal�o, banheiros com acessibilidade e sala para costura. Olhando os ambientes, a coordenadora do Cenarab diz que, temendo a perda do pr�dio, foram constru�dos 16 pilares de concreto, restauradas as pastilhas da fachada, que se assemelham �s da Igreja da Pampulha, um dos projetos mais emblem�ticos de Niemeyer, e recuperados os arcos que garantem a identidade da constru��o.
HIST�RIA O antigo lact�rio foi alvo de pesquisas da Funda��o Municipal de Cultura por ocasi�o do dossi� para o tombamento. De acordo os levantamentos, a edifica��o do im�vel ficou a cargo da empresa �jax Rabelo, respons�vel pela constru��o do conjunto arquitet�nico da Lagoa da Pampulha, a primeira grande parceria entre JK e Niemeyer. Moradores mais velhos do entorno explicam que, no local, era fornecido leite em p� �s crian�as da favela conhecida como Vila dos Marmiteiros, que ficava do outro lado da Via Expressa. N�o h� registro da data exata do in�cio da constru��o, mas, de acordo com relato de moradores, o ano mais prov�vel � 1953, quando Juscelino Kubitschek (1902–1976) era governador de Minas. A cria��o do ponto de distribui��o do alimento teria sido pedido a JK por sua mulher, dona Sara.

Com o tempo, o lact�rio passou a fornecer tamb�m atendimento m�dico e odontol�gico para os moradores e, em data n�o identificada, a casa da Rua Desembargador Barcelos, 102, abrigou o Centro de Sa�de Noraldino Lima. J� entre 1985 e 1990, o im�vel foi alugado por uma loja ma��nica, que promovia, segundo os moradores, festa para distribui��o de presentes �s crian�as carentes da regi�o. Sob a administra��o da institui��o tamb�m funcionou na casa a Associa��o para a Reabilita��o do Menor (Ampare).
O im�vel n�o est� na lista oficial dos bens de autoria de Oscar Niemeyer, mas muitos moradores alegam ter ouvido, ao longo dos anos, in�meras refer�ncias ao arquiteto. De acordo com o dossi� da Funda��o Municipal de Cultura, a autoria do projeto foi atribu�da a Niemeyer pelo arquiteto Paulo Zurquim de Figueiredo Neves, estagi�rio dele entre 1951 e 1957. Ainda como estudante de arquitetura, e depois, j� como contratado do governo de Minas, Zurquim acompanhou a constru��o de v�rios outros projetos desenvolvidos por Niemeyer sob encomenda de JK, entre eles a Biblioteca P�blica Luiz de Bessa, na Pra�a da Liberdade, em BH, e o hotel e o Grupo Escolar J�lia Kubitschek, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.
