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Estado de Minas

Antigo lact�rio de BH reabre neste m�s como escola de empreendedorismo

Uma das primeiras obras atribu�das a Oscar Niemeyer, na Regi�o Oeste de BH, im�vel passa por completa restaura��o e reabre no pr�ximo dia 20 com nova serventia


postado em 09/04/2017 06:00 / atualizado em 09/04/2017 09:03

Imóvel não está na lista oficial dos bens de autoria de Oscar Niemeyer, mas muitos moradores alegam ter ouvido, ao longo dos anos, inúmeras referências ao arquiteto(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Im�vel n�o est� na lista oficial dos bens de autoria de Oscar Niemeyer, mas muitos moradores alegam ter ouvido, ao longo dos anos, in�meras refer�ncias ao arquiteto (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
O abandono deu lugar ao trabalho, o lixo foi varrido pela for�a de vontade e o vazio ganhou projetos socioeducativos. Uma das primeiras obras atribu�das ao arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) – o antigo lact�rio, local para distribui��o de leite, no Bairro Calafate, na Regi�o Oeste da capital – recupera seu valor e reabrir� as portas no pr�ximo dia 20 como escola de empreendedorismo solid�rio. A iniciativa � do Centro Nacional de Africanidade e Resist�ncia Afro-Brasileira (Cenarab) que, na data, firmar� um comodato com a Secretaria de Patrim�nio da Uni�o (SPU), propriet�ria do im�vel, para ocupa��o do espa�o por 20 anos, com possibilidade de prorroga��o. “Estar� aberto a toda a comunidade, com oferta de cursos gratuitos. Estamos chamando de Casa da Cidadania”, diz a coordenadora nacional do Cenarab, Macota C�lia Gon�alves Souza.


Na tarde de ontem, um trabalhador terminava o piso, outro limpava o terreno, enquanto o terceiro come�ava a pintura das paredes, janelas e portas. Com entusiasmo, Macota C�lia ressalta que a empreitada iniciada em agosto do ano passado chega ao fim num momento semelhante a um sonho realizado. “A situa��o aqui estava dif�cil, havia muito mato, lixo, um quadro de abandono completo. Na verdade, o pr�dio estava caindo, conforme foi constatado em per�cia. A gente entrava e ficava com medo de a cobertura desabar. E tinha outros perigos, pois fomos assaltados oito vezes”, afirma a coordenadora, que, agora, mergulha tamb�m nos preparativos para a solenidade de reabertura, para convidados, coroando assim as a��es de reforma e implementa��o dos cursos.

Caminhando pelo espa�o de 280 metros quadrados de �rea constru�da, que ganhar�, na frente, um jardim com mandalas num conceito �tnico-paisagismo, Macota C�lia explica que a interven��o custou R$ 305 mil, sendo R$ 205 mil obtidos no ano passado, por meio de um conv�nio com o Servi�o Social da Ind�stria (Sesi), e, mais tarde, para a �ltima etapa, R$ 100 mil da Prefeitura de Belo Horizonte. “Mudamos para c� em 2012, depois de entendimento com a SPU. De in�cio, entramos na lei estadual de incentivo � cultura, fomos aprovados, mas n�o captamos os recursos. Na sequ�ncia, nosso projeto foi aprovado pelo Conselho Nacional do Sesi”, conta. Em resumo, a dirigente diz que o objetivo maior �, “por meio da educa��o, combater o racismo e a intoler�ncia”.
"Fiquei apaixonada por esta arquitetura logo que cheguei, principalmente pelos arcos de madeira, que, infelizmente, estavam muito degradados. Tivemos que refazer grande parte" - Macota C�lia Gon�alves Souza, coordenadora nacional do Cenarab (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

M�O NA MASSA A partir do projeto de restauro M�os � obra, a equipe comandada por Macota C�lia se envolveu de corpo e alma na execu��o do restauro do antigo lact�rio, que vai abrigar cursos de inform�tica, hist�ria da �frica, bordado em richilieu e pedraria, beleza afro, artes em m�scara africana, empreendedorismo social e de Educa��o de Jovens e Adultos (Eja). “Fiquei apaixonada por esta arquitetura, logo que cheguei, principalmente pelos arcos de madeira, que, infelizmente, estavam muito degradados. Tivemos que refazer grande parte”, aponta a coordenadora do Cenarab.

Cada detalhe tem uma hist�ria e, agora, uma serventia diferente na constru��o, tombada pelo Conselho Deliberativo Municipal do Patrim�nio Cultural de BH. O espa�o se divide em biblioteca, audit�rio, cozinha, almoxarifado, sal�o, banheiros com acessibilidade e sala para costura. Olhando os ambientes, a coordenadora do Cenarab diz que, temendo a perda do pr�dio, foram constru�dos 16 pilares de concreto, restauradas as pastilhas da fachada, que se assemelham �s da Igreja da Pampulha, um dos projetos mais emblem�ticos de Niemeyer, e recuperados os arcos que garantem a identidade da constru��o.

HIST�RIA O antigo lact�rio foi alvo de pesquisas da Funda��o Municipal de Cultura por ocasi�o do dossi� para o tombamento. De acordo os levantamentos, a edifica��o do im�vel ficou a cargo da empresa �jax Rabelo, respons�vel pela constru��o do conjunto arquitet�nico da Lagoa da Pampulha, a primeira grande parceria entre JK e Niemeyer. Moradores mais velhos do entorno explicam que, no local, era fornecido leite em p� �s crian�as da favela conhecida como Vila dos Marmiteiros, que ficava do outro lado da Via Expressa. N�o h� registro da data exata do in�cio da constru��o, mas, de acordo com relato de moradores, o ano mais prov�vel � 1953, quando Juscelino Kubitschek (1902–1976) era governador de Minas. A cria��o do ponto de distribui��o do alimento teria sido pedido a JK por sua mulher, dona Sara.
Reforma teve início em agosto do ano passado e imóvel passa pelos últimos preparativos para a reinauguração(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Reforma teve in�cio em agosto do ano passado e im�vel passa pelos �ltimos preparativos para a reinaugura��o (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Com o tempo, o lact�rio passou a fornecer tamb�m atendimento m�dico e odontol�gico para os moradores e, em data n�o identificada, a casa da Rua Desembargador Barcelos, 102, abrigou o Centro de Sa�de Noraldino Lima. J� entre 1985 e 1990, o im�vel foi alugado por uma loja ma��nica, que promovia, segundo os moradores, festa para distribui��o de presentes �s crian�as carentes da regi�o. Sob a administra��o da institui��o tamb�m funcionou na casa a Associa��o para a Reabilita��o do Menor (Ampare).

O im�vel n�o est� na lista oficial dos bens de autoria de Oscar Niemeyer, mas muitos moradores alegam ter ouvido, ao longo dos anos, in�meras refer�ncias ao arquiteto. De acordo com o dossi� da Funda��o Municipal de Cultura, a autoria do projeto foi atribu�da a Niemeyer pelo arquiteto Paulo Zurquim de Figueiredo Neves, estagi�rio dele entre 1951 e 1957. Ainda como estudante de arquitetura, e depois, j� como contratado do governo de Minas, Zurquim acompanhou a constru��o de v�rios outros projetos desenvolvidos por Niemeyer sob encomenda de JK, entre eles a Biblioteca P�blica Luiz de Bessa, na Pra�a da Liberdade, em BH, e o hotel e o Grupo Escolar J�lia Kubitschek, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha.


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