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Estado de Minas

Rel�quia barroca de quatro toneladas volta para Minas depois de d�cadas

Portada de pedra-sab�o vai compor o acervo do Museu de Arte Sacra de S�o Jo�o del-Rei. Pe�a agora ficar� ao ar livre e ser� 'inaugurada' na semana santa


postado em 18/04/2019 06:00 / atualizado em 18/04/2019 07:48

Grupo Oficina de Restauro retirou o pórtico no interior de São Paulo, embalou as peças e iniciou o processo de remontagem na cidade dos Campos das Vertentes(foto: FOTOS ADRIANO RAMOS/EM/D.A PRESS)
Grupo Oficina de Restauro retirou o p�rtico no interior de S�o Paulo, embalou as pe�as e iniciou o processo de remontagem na cidade dos Campos das Vertentes (foto: FOTOS ADRIANO RAMOS/EM/D.A PRESS)


Portas se abrem para a preserva��o da mem�ria, enquanto um ciclo de quase meio s�culo se fecha com aplausos da comunidade e dos defensores do patrim�nio cultural. Uma longa hist�ria termina hoje, em S�o Jo�o del-Rei, nos Campos das Vertentes, com a b�n��o do p�roco da Catedral Bas�lica Nossa Senhora do Pilar, padre Geraldo Magela da Silva. Logo ap�s a tradicional cerim�nia do lava-p�s, �s 21h30, ser� apresentada a portada de pedra-sab�o, com mais de 4 toneladas, que pertenceu � antiga Igreja Bom Jesus de Matosinhos, joia do s�culo 18 demolida em 1970. Depois de retornar em mar�o, de Campinas (SP), onde ficou por d�cadas ornamentando uma fazenda e foi localizada numa revista de decora��o, a pe�a (moldura da porta principal de igreja) foi alvo de pol�micas na cidade at� finalmente ser integrada ao acervo do Museu de Arte Sacra de S�o Jo�o del-Rei.


“Gra�as a Deus, a quest�o est� resolvida, com o empenho do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de S�o Jo�o del-Rei, Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) e Minist�rio P�blico Federal em parceria com o Museu de Arte Sacra”, diz o padre Geraldo Magela. Com 4,91 metros de altura, 3,22 metros de largura e 47 cent�metros de profundidade, o p�rtico ficar� ao ar livre, no equipamento da diocese, na Pra�a Embaixador Gast�o da Cunha, nº 8, no Centro Hist�rico. A “inaugura��o” do monumento ocorre na semana santa, quando a cidade, distante 185 quil�metros de Belo Horizonte, recebe grande n�mero de visitantes e oferece programa��o religiosa e cultural. (veja o quadro)


“A portada vai ficar no jardim do Museu de Arte Sacra. Estamos muito felizes com o resgate de um bem da cidade”, orgulha-se padre Geraldo Magela, diretor da institui��o. Ele conta que em 1970, quando a pe�a foi vendida aos paulistas, embora pertencente a um templo barroco de 1774 tombado pelo Iphan, ‘o monsenhor Sebasti�o Raimundo de Paiva, j� falecido, ent�o titular da catedral, ofereceu 4 mil cruzeiros (dinheiro da �poca) para que o p�rtico permanecesse aqui, mas a fam�lia de Campinas ofereceu 5 mil cruzeiros.” E acrescenta: “O sonho do monsenhor Paiva era lev�-la para o Museu de Arte Sacra, o que ocorre agora, com todos os custos, de transporte e montagem, pagos pela fam�lia de Campinas.”

Melhor lugar


O local de instala��o da portada se tornou alvo de debate em S�o Jo�o del-Rei, t�o logo a Justi�a determinou o retorno em 2014. Para tanto, houve audi�ncia p�blica, conforme mostrou o Estado de Minas na edi��o de 5 de abril daquele ano. As opini�es se dividiram, uns achando que a portada deveria ficar na Igreja Bom Jesus de Matosinhos, que j� havia sido reconstru�da, outros apontando o Museu Regional como melhor destino. A proposta do Iphan, que enviou representante � reuni�o, era que ficasse num museu, enquanto o parecer do Minist�rio P�blico Federal indicava o templo de onde fora retirada.

Depois da localiza��o da portada, os minist�rios p�blicos Federal e Estadual, via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC/MPMG), ajuizaram a��o pleiteando o reconhecimento de que a pe�a pertenceria ao acervo tombado de S�o Jo�o del-Rei. Durante a a��o, foi feito acordo judicial em que os propriet�rios concordaram com a devolu��o do bem at� que, em julho de 2012, a Justi�a Federal homologou o acordo, determinando o retorno da pe�a ao munic�pio.


“O melhor lugar, mesmo, seria um: que a portada nunca tivesse sa�do da Igreja Bom Jesus de Matosinhos, que foi demolida num piscar de olhos”, diz a superintendente do Iphan em Minas, C�lia Corsino. “A partir do momento em que a portada foi retirada da igreja, perdeu suas refer�ncias de arquitetura para se tornar um objeto museol�gico”, afirmou a superintendente, lembrando que um ponto principal era a seguran�a do bem. “Estamos muito felizes com esse retorno. Todo o processo foi acompanhado pela equipe do Iphan, com destaque para o especialista do escrit�rio t�cnico de Tiradentes (Campos das Vertentes), Olinto Rodrigues dos Santos Filho.”

Opera��o


Com 45 anos de profiss�o, o restaurador Adriano Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, foi o respons�vel, com sua equipe, para retirar a portada da fazenda em Campinas, embalar as pe�as e depois remontar em S�o Jo�o del-Rei. “Numa tive uma experi�ncia assim em toda minha vida. Foi importante e nobre. Qualquer erro de c�lculo poderia ser fatal e a pe�a cair e se quebrar. Exigiu aten��o, esfor�o f�sico e delicadeza, pois a portada � formada por 13 pe�as de v�rios tamanhos, incluindo duas pilastras”, conta Adriano, que, esteve na cidade paulista de 8 a 12 de mar�o para o servi�o.


Na retirada, j� que havia uma parte concretada na base, a equipe de Adriano Ramos contou com um caminh�o munck. Depois, cada parte foi embalada, revestida com isopor para ser transportada at� S�o Jo�o del-Rei. “Foi outra log�stica, com cuidado dobrado, com uso de paleteiras para carregar at� o jardim do Museu de Arte Sacra e at� carrinhos de rolim� que fizemos especialmente para fazer as pe�as deslizarem com seguran�a. A opera��o para erguer o monumento de pedra-sab�o foi conclu�do em 8 de abril e, at� na tarde de ter�a-feira, Ramos ficou no local para verificar se, com chuva, poderia haver alguma altera��o na base.” Para garantir a prote��o, o Iphan providenciou uma cantoneira em a�o inox, com projeto do engenheiro Luiz Mauro. “Fa�o agradecimento especial aos sineiros, que nos ajudaram muito”, destaca.

Localiza��o com prova impressa


Em setembro de 2008, o EM mostrou a moldura que ficava na entrada da Fazenda S�o Martinho da Esperan�a, em Campinas (SP). A localiza��o foi poss�vel gra�as a uma revista de decora��o – nas p�ginas de uma antiga edi��o sobre casas de fazenda, integrantes da CPPC/MPMG identificaram a pe�a em pedra-sab�o, do s�culo 18, que pertencia � igreja de S�o Jo�o del-Rei demolida em 1970. A prova impressa na revista motivou os promotores a ingressar com a��o civil p�blica pedindo a reintegra��o da rel�quia � cidade de origem e proibindo a retirada da portada da fazenda, at� o fim do processo. Se os propriet�rios vendessem a pe�a antes do julgamento, estariam sujeitos a multa de R$ 100 mil.


Na �poca, em entrevista, o presidente do Instituto Hist�rico e Geogr�fico de S�o Jo�o del-Rei (IHG), Jos� Ant�nio de �vila Sacramento, comemorou: “� uma importante vit�ria da luta contra o esquecimento e pela mem�ria. Se a portada voltar para S�o Jo�o, estamos reparando 38 anos depois um grave crime cometido contra a cidade.” A briga pela portada foi uma das motiva��es para a cria��o do IHG meses antes da demoli��o. Conforme a reportagem, “mesmo tombada pelo Iphan, a igreja foi destru�da a mando do padre Jacinto Lovato (j� falecido) que comercializou toras de madeira, ret�bulo e ornatos de pedra do templo, para arrecadar fundos e construir novo pr�dio”.


“A igreja foi demolida em uma �poca em que n�o havia preocupa��o em preservar o patrim�nio. Ela n�o tinha o charme das igrejas do Centro, mais tradicionais”, explicou, tamb�m na �poca, o promotor e curador do Patrim�nio Cultural de S�o Jo�o del-Rei, Ant�nio Pedro da Silva Melo, um dos autores da a��o civil p�blica.


Autorizado pelo bispo da �poca a vender os bens da igreja para levantar fundos necess�rios � constru��o de um novo templo, o padre Jacinto Lovato n�o gostou dos protestos contra a demoli��o. Em carta enviada ao IHG, que estava � frente da briga, disse n�o aceitar “a intromiss�o de alheios � religi�o em assuntos de compet�ncia da mesma” e argumentou que as igrejas eram para “uso dos fi�is e n�o para serem contempladas como pura arte de constru��o”. A carta foi lida pelo p�roco em voz alta, na missa de domingo. “Mesmo criticado, o padre nunca se sensibilizou. Ele gostava de ver a igreja constru�da no lugar da antiga. Achava que era a gl�ria”, contou Jos� Ant�nio Sacramento, para quem a volta da portada, “mesmo simples, vir� carregada de muito simbolismo”, em caso de vit�ria na Justi�a.

Servi�o

SEMANA SANTA
HOJE


S�o Jo�o del-Rei, na Regi�o do Campos das Vertentes
17h – Missa solene da ceia do senhor, na Catedral Bas�lica Nossa Senhora do Pilar
21h30 – Lan�amento da exposi��o da portada da antiga Igreja do Senhor
Bom Jesus de Matosinhos, no Museu
de Arte Sacramento

Belo Horizonte
9h – Missa da Unidade, no Gin�sio do Mineirinho, na Pampulha. Ao fim da celebra��o, ser� realizada uma coreografia, em homenagem a Brumadinho. O ato tamb�m ser� um alerta sobre o risco que as barragens com rejetos de min�rio oferecem para as comunidades.

Ouro Preto, na Regi�o Central
23h – Prociss�o do Fogar�u, com sa�da da Igreja S�o Francisco de Assis, ap�s a cerim�nia de lava-p�s, em dire��o � Igreja Nossa Senhora das Merc�s e Perd�es (Merc�s de Baixo)

Sabar�
15h – Abertura do Santo Sepulcro e In�cio da Vig�lia do Santo Sepulcro e Nossa Senhora das Dores, na Igreja S�o Francisco


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