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Estado de Minas

Coronav�rus: os trope�os que pacientes enfrentam em postos de sa�de de BH

Em postos de sa�de de cinco regionais, EM constata procedimentos sem padroniza��o no atendimento a casos suspeitos de cont�gio por coronav�rus, al�m de falta de m�scaras e �lcool


postado em 17/03/2020 04:00 / atualizado em 17/03/2020 09:51

No Centro de Saúde Novo Horizonte, pacientes relatam falta de máscaras para atendimento e de álcool em gel. Casos suspeitos são encaminhados a outra unidade(foto: FOTOS: Jair Amaral/Em/D.a press)
No Centro de Sa�de Novo Horizonte, pacientes relatam falta de m�scaras para atendimento e de �lcool em gel. Casos suspeitos s�o encaminhados a outra unidade (foto: FOTOS: Jair Amaral/Em/D.a press)


Em um cen�rio de mobiliza��o nacional cont�nua contra a propaga��o da COVID-19, doen�a provocada pelo novo coronav�rus (Sars-Cov-2), o atendimento prim�rio b�sico em Belo Horizonte ainda n�o se mostra plenamente preparado para receber pacientes com sintomas. Levantamento em centros de sa�de e Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) mostra que parte deles ainda carece de profissionais, equipamentos e insumos b�sicos, como m�scaras e �lcool em gel. Faltam tamb�m padroniza��o de procedimentos e informa��o a atendentes.

Em postos de cinco diferentes regionais da capital, a equipe de reportagem do Estado de Minas p�de constatar demonstra��es dessa situa��o. Uma falha de estrutura que, segundo o Sindicato dos Servidores e Empregados P�blicos de Belo Horizonte (Sindbel), afeta cerca de 30% dos 152 postos de sa�de de BH. Alguns postos consultados pelo EM chegaram a recomendar a improvisa��o de m�scaras para pacientes com sintomas, com o uso de panos ou toalhas, para que secre��es lan�adas em espirros ou tosse por quem possa ter o v�rus n�o se propaguem para profissionais de sa�de e outros pacientes. Medida prec�ria e arriscada, na opini�o de especialistas.

A falta de insumos levou dois dos centros consultados a recomendar improvisa��es a pacientes que tenham sintomas compat�veis com a COVID-19. No Centro de Sa�de Jo�o XXIII, no Bairro Vila Oeste, na Regi�o Noroeste da capital, a atendente recomenda uma cobertura simples e ineficaz, mesmo depois de admitir que o local se encontrava cheio de outros usu�rios. “O melhor � vir mais tarde, porque o centro agora est� muito cheio e pode demorar o atendimento. N�o temos m�scaras aqui para fornecer, mas voc� pode amarrar um paninho (no rosto) e vir que est� tudo bem”, disse. Tamb�m revelou que o planejamento para lidar com o isolamento na unidade tamb�m n�o est� bem definido: “At� a enfermeira chegar, voc� (paciente) fica na sala de curativos ou na de enfermagem”.

Problema semelhante foi verificado na Regi�o Norte, no Centro de Sa�de Tupi, no bairro de mesmo nome. Um dos enfermeiros que trabalham no local disse que, na falta de m�scaras cir�rgicas para os pacientes, era preciso tomar outras medidas. “Tem de vir com um len�ol ou uma toalha amarrada no rosto, tampando a boca”, disse.

Prefeitura argumenta que tem feito reposição de equipamentos de proteção e que segue normas da Saúde estadual
Prefeitura argumenta que tem feito reposi��o de equipamentos de prote��o e que segue normas da Sa�de estadual
 

Al�m do improviso, o funcion�rio alertou que o atendimento n�o seria priorit�rio: estaria sujeito � agenda da equipe de atendimento a que cada paciente pertence, dependendo do endere�o. “Se seu endere�o � da equipe 3, ent�o voc� tem de vir logo, ou ent�o pode ficar sem atendimento, se n�o sobrarem vagas de urg�ncia”, frisou, ignorando o fato de que o atendimento a suspeitas da COVID-19 deve ser priorit�rio.

A microbiologista Viviane Alves, do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais, afirma que medidas como as sugeridas s�o prec�rias, e que o correto, preconizado inclusive pelos protocolos dos planos de conting�ncia, � que pacientes com sintomas suspeitos e funcion�rios usem m�scaras – sendo que a prote��o para quem lida diretamente com os doentes deve ser do modelo N95, mais cara e eficiente que a m�scara cir�rgica.

“Usar tecido � uma quest�o complicada, porque pode gerar contamina��o. Teria de ser descartado ap�s o uso, pois o v�rus pode ficar vi�vel por v�rias horas nesses materiais. O tecido precisaria ser esterilizado ou descartado em lixo hospitalar. O certo mesmo � a m�scara”, disse.

Sobre o fato de n�o haver um local adequado para isolamento, a especialista enumera v�rios procedimentos necess�rios para que funcion�rios e outros frequentadores n�o sejam contaminados. “� bom que se tenha um local designado para isso, porque � preciso que todas as superf�cies sejam limpas com frequ�ncia. O v�rus n�o � transmitido pelo ar, mas pelas got�culas de saliva, secre��es e da tosse”, disse Viviane Alves.

Na falta de solu��o, redirecionamento


A falta de insumos e equipamentos tamb�m traz preocupa��o e motiva at� o redirecionamento de pacientes que chegam a alguns postos. Nos centros de sa�de Itaipu/Jatob� (Regi�o do Barreiro), Camargos (Regi�o Oeste) e Novo Horizonte (Regi�o Leste), pacientes com sintomas tiveram atendimento recusado e foram redirecionados a outras unidades.

No posto do Barreiro, o atendente disse que m�scaras est�o em falta at� para funcion�rios e que as pessoas com sintomas deveriam procurar o Hospital J�lia Kubitschek. “Ainda estamos esperando que venham as m�scaras do almoxarifado. At� l�, todos devem ir para o J�lia (Kubitschek)”, disse.

Na unidade do Camargos, o redirecionamento � para a UPA Oeste, onde a reportagem tamb�m apurou falta de insumos. “Aqui ainda est� sem condi��es, porque nem m�dicos estamos tendo hoje”, disse um atendente. O Novo Horizonte encaminha suspeitos para a UPA Leste, que at� a �ltima sexta-feira tamb�m n�o dispunha de m�scaras N95, segundo apura��o. No posto, a reclama��o � a de falta de m�scaras e dispensadores de �lcool em gel.

Prefeitura diz que segue protocolo


Questionada sobre as situa��es constatadas pela reportagem do EM, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Sa�de, informou em nota que “n�o h� falta de m�scaras nas unidades da capital”, e que a rede segue as orienta��es da Secretaria de Estado de Sa�de com rela��o ao uso de insumos no atendimento a casos suspeitos de COVID-19. “Caso alguma unidade fique temporariamente desabastecida, a secretaria atua para repor o insumo”, acrescentou.

A Sa�de municipal argumenta que est� apenas fazendo uso racional dos insumos, e que n�o distribui m�scaras para que as pessoas levem para casa. “Al�m do estoque de m�scaras N95 (tipo que oferece maior prote��o), foram adquiridos mais 20 mil em compra extra e est� em processo final de compra de mais 1 milh�o de m�scaras cir�rgicas”, informou, acrescentando que as UPAs Leste e Oeste est�o abastecidas.

A pasta reiterou que apenas profissionais que mant�m contato direto com pacientes com sintomas suspeitos fazem uso da m�scara N95, e que  profissionais que fazem atendimento na linha de frente das unidades municipais, “como recepcionista, administrativo respons�vel pelas fichas e enfermeiros que se encontram na classifica��o, fazem uso das m�scaras simples”. O EM, no entanto, flagrou profissionais sem a prote��o em v�rias unidades.

Sobre o redirecionamento de pacientes que procuram os postos, a secretaria informa que a orienta��o � de que pessoas com sintomas suspeitos “sejam atendidas imediatamente e encaminhadas para leito de isolamento, fazendo uso de m�scara simples”. Procedimento que tampouco foi verificado em algumas das unidades consultadas pela reportagem.

Sobre as situa��es espec�ficas verificadas pela reportagem, aA Sa�de municipal sustenta que no Centro de Sa�de Itaipu/Jatob� “n�o h� orienta��o para usu�rios procurarem o Hospital Julia Kubitschek”, o que se restringiria a gestantes. “No Centro de Sa�de Camargos j� foi autorizada a reposi��o das vagas em aberto. A unidade conta ainda com dois cl�nicos e pediatra. Apenas casos considerados urgentes s�o encaminhados para as UPAs”, acrescentou.

Quanto ao Centro de Sa�de Jo�o XXIII “pacientes com sintomas da COVID-19 s�o encaminhados para sala de curativos, que fica na �rea externa da unidade”, diz nota da secretaria. Caso o local esteja ocupado, o paciente � atendido na sala de enfermagem, acrescenta.

A secretaria nega que no Centro de Sa�de Tupi  haja orienta��o para que os pacientes usem len�ol ou toalha. “No Centro de Sa�de Novo Horizonte, os profissionais est�o trabalhando de m�scara”, diz o texto. Segundo a pasta, apenas casos de maior complexidade, que demandem interven��es como interna��es e maior suporte s�o encaminhados �s UPAs.


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