
O circuito ferrovi�rio foi criado pelo banc�rio aposentado Tarc�sio Silva Santos. Foram mais de 40 anos de dedica��o, comprando, construindo e montando pe�a por pe�a. Desde o motor, cabine das locomotivas, vag�es e bancos, a instala��o dos dormentes para formar 70 metros de linha, com direito a toda sinaliza��o e at� p�tio de manobra.
O aposentado faleceu em junho de 2020, aos 85 anos. Hoje, o filho Daniel Paiva, que j� acompanhava o pai nessa paix�o, � quem cuida da ferrovia da fam�lia.
A linha f�rrea foi feita no quintal em 1979. Daniel tinha um ano nessa �poca e cresceu com o mesmo amor do pai pelos trens e ajudava o pai a cuidar dessas m�quinas e ferrovia. E 44 anos depois, todo o circuito funciona 'a todo vapor'.
Aposentado tamb�m adquiriu locomotiva ‘de verdade’, que fica no quintal
Em 2016, o aposentado realizou um dos seus �ltimos desejos. Ele adquiriu uma locomotiva a vapor, fabricada na Inglaterra, em 1914. A m�quina foi usada em usinas de cana-de-a��car em Pernambuco e, comprada em sucata por um restaurador do interior de S�o Paulo.
O banc�rio aposentado investiu cerca de R$ 100 mil para ter a locomotiva no quintal de casa, no Bairro F�tima, em Pouso Alegre. No �ltimo domingo (24/06), o filho Daniel ligou a locomotiva, como uma homenagem ao pai que faria, naquele dia, 88 anos.
A m�quina de quase 110 anos pesa dez toneladas. O filho conta que nos �ltimos tr�s anos o ve�culo recebeu melhorias e a caldeira agora volta a manter o funcionamento. Desde que Tarc�sio morreu a locomotiva centen�ria a vapor ficou 'adormecida'. Mas, sempre com a manuten��o em dia, feita pelo Daniel.
“A gente foi tomando gosto, foi passando de pai para filho e a gente vai ajudando e fazendo aos poucos tamb�m, criando outros trens e ampliando a linha.” Nessa fam�lia, o amor pelos trens corre nas veias assim como as locomotivas que correm pelos trilhos.
Amor nos trilhos
S�o tr�s gera��es de amor pelo universo dos 'trilhos' nessa fam�lia. Daniel lembra que o av�, Jo�o Silva Santos J�nior, era chefe da esta��o ferrovi�ria em Pouso Alegre. “Meu pai ficava sempre nos trens, andava nas m�quinas a vapor. A �ltima vontade dele era comprar uma locomotiva a vapor e ele conseguiu”.
Em uma entrevista em 2017 ao Terra do Mandu, parceiro do Estado de Minas, Tarc�sio lembrava com saudosismo o tempo em que ia com o pai at� a esta��o de trem em Pouso Alegre. “Passeava no trem, que naquela �poca era s� a vapor. N�o existia outro meio de transporte, era s� ferrovia mesmo.”
Ele se formou em direito, fez carreira como banc�rio e nos �ltimos 45 anos dedicou o tempo livre ao amor pelos trens.
Em quatro d�cadas, s�o duas locomotivas artesanais fabricadas, que funcionam a diesel e seus vag�es, a linha f�rrea com 70 metros de comprimento, al�m da locomotiva inglesa e uma prancha de carga. Seu Tarc�sio dizia que era mais um p�tio para manobras do que uma linha.
"Sou amante de ferrovia, meio fan�tico. Depois de casado e com o nascimento do casal de filhos, quis montar um trem para as crian�as brincarem”, disse � �poca ao Terra do Mandu. Ou seria para ele mesmo?
(Nayara Andery/ Especial para o EM.)