Luiz Carlos Amorim
Florian�polis - SC
“Venho ‘esquecendo’ livros em aeroportos, navios, portos, pra�as, �nibus, bares, restaurantes, em lugares p�blicos e em outros pa�ses, inclusive, h� v�rios anos. Foi uma ideia que surgiu inadvertidamente, sem nenhuma pretens�o, mas que trazia prazer em fazer, pois � muito bom imaginar que algu�m vai achar o livro e vai lev�-lo para ler. E o que � melhor ainda, pode pass�-lo adiante, depois, para que outras pessoas possam l�-lo, tamb�m.
Ent�o, fico sabendo, h� pouco tempo, que outros escritores tamb�m est�o fazendo isto, ‘esquecendo’ livros por onde passam. E alguns at� ficam � espreita, �s vezes, para ver a rea��o da pessoa que vai achar o livro. A pessoa vai levar o livro? Vai l�-lo ali mesmo e depois deix�-lo no mesmo lugar? Disseram-me que j� se surpreenderam com o que viram. Por exemplo: uma pessoa apanhou o livro, inspecionou-o, olhou para os lados, como para ver se algu�m estava prestando aten��o nela, colocou-o na bolsa e foi embora, de fininho. Como se achasse um tesouro. N�o � interessante?
Tudo isso para dizer que essa gesto de ‘esquecer’ um livro pode fazer a gente muito feliz. E faz. Outro dia, numa reuni�o de escritores que fizemos em Santo Ant�nio de Lisboa, deixei no restaurante um livro com a mensagem sobre a qual j� falamos: leia e deixe o livro num local como este, para que outra pessoa o ache e possa ler tamb�m. Pois no �ltimo fim de semana, em outro encontro, uma escritora nova que chegava me dizia que foi ela a leitora que pegou o livro que deixei l� em Santo Ant�nio de Lisboa.
E que ela j� tinha copiado alguns poemas e j� o tinha ‘esquecido’ em outro lugar.
Ent�o, ‘esquecer’ livros � fundamental. Quantos leitores ler�o nossos livros ‘esquecidos’? Um, nenhum, muitos? N�o importa. O que importa � que isso significa a oportunidade de ler, de gostar de ler, de ter e manter o h�bito de ler para muitas pessoas.”
