Daniella Velloso Pereira
Belo Horizonte
“Essa � uma pergunta que muitas pessoas j� se fizeram e que vem cercada de outras quest�es: ‘vamos viver sob o mesmo teto at� casar os filhos? At� que a casa caia? At� que exploda o ninho, seque a fonte, ou que troquemos tiros? At� que algu�m decida? At� o fim dos dias? At� que a morte nos uma’?.*
O grande poeta Chico Buarque de Holanda j� retratou com sensibilidade �mpar a dif�cil decis�o do melhor momento para uma de-CIS�O. N�o existe momento ideal, casar os filhos, at� a casa cair, at� a fonte secar. Cada um sabe de si, de suas dores e seus limites e nem sempre os momentos do casal coincidem.
Para um lado, o casamento terminou; para o outro ainda h� esperan�a: no direito temos o div�rcio potestativo ou unilateral... bem simples. Basta um querer. Na vida real nada � t�o singelo.
Muitas pessoas pensam que o div�rcio come�a com um processo judicial. Pelo contr�rio, o processo judicial s� retrata o fim. Por isso, a media��o, antes do processo, consegue equalizar quest�es que o Judici�rio jamais alcan�ar�, com uma acolhida diferenciada, tratando os tempos diversos de cada um, como um cuidado paliativo, para cada qual viver sua dor de uma forma mais humanizada.
O t�rmino pode ser menos traum�tico ou perpetuar por tempo indeterminado, eternizando dores, afetos e desafetos. At� certo ponto, � quest�o de escolha. Depois que a escalada do conflito se descontrola, deixa de ser escolha e, mesmo que voc� decida parar, j� saiu das suas m�os. Por isso, aten��o! Muitas vezes, um tempo maior, no processo judicial, � necess�rio para amadurecimento das dores. Todavia, a eterniza��o do processo pode ser patol�gica, adoecer toda a fam�lia, filhos, amigos e pessoas pr�ximas.
Reflita, ou�a profissionais das mais diversas �reas, em briga de marido e mulher ningu�m mete a colher j� ficou ultrapassado. Profissionais como advogados, mediadores e psic�logos podem unir for�as para a constru��o de uma estrada menos tortuosa.
Outro ponto: n�o h� div�rcio sem dor, n�o se iluda. Por isso, muitas pessoas protelam a decis�o. N�o julgar, ouvir, acolher � chique, � imperativo, � necess�rio. No final, sabemos que a vida � �nica, temos escolhas, at� mesmo escolher n�o escolher. Acolha-se, respeite-se, e aja, se assim decidir. Arrependimento? Quem n�o os tem... mas olhe para frente, na vida n�o h� garantias.
V� com calma, v� com alma!”
*Trecho da m�sica “O casamento dos pequenos burgueses”, de Chico Buarque de Holanda
Advogada especializada em direito de fam�lias e sucess�es
