Fabrizio Postiglione*
S�o Paulo
"Embora j� tenha mais de 60 mil pessoas autorizadas a usar a c�nabis medicinal, o n�mero ainda est� bem abaixo de seu potencial. Estima-se que o Brasil ser� um dos maiores pa�ses com pacientes fazendo uso de c�nabis medicinal do mundo, por uma s�rie de raz�es. A come�ar pelo tamanho da popula��o, pela atua��o do SUS, que j� vem trabalhando para incorporar a medica��o em seu sistema, e, claro, pela diversidade de uso que o produto oferece.
Essa versatilidade de benef�cios do produto, somada aos seus usos industriais e at� mesmo o potencial econ�mico do uso adulto, faz com que a onda de legaliza��o da c�nabis venha se disseminando pelo mundo em alta velocidade, sendo seu uso liberado nos Estados Unidos, M�xico, Canad�, Uruguai e, embora por aqui ainda tenhamos um longo caminho, tamb�m podemos colocar o Brasil nessa rota.
Ao contr�rio do que muitos pensam, a regulamenta��o brasileira n�o come�ou t�o atrasada em rela��o ao resto do mundo. A grande quest�o � que ela foi iniciada com um vi�s totalmente medicinal e, na �poca, restrito, com uma tramita��o muito burocr�tica tanto para os pacientes quanto para
os m�dicos.
Em 2015, quando a subst�ncia foi liberada pela Anvisa, o n�mero total de autoriza��es de importa��o de produtos � base de c�nabis por pessoas f�sicas ou associa��es de defesa de pacientes no ano foi de 850, quantidade que saltou para 40.191 em 2021.
Apesar de n�o ser o cen�rio ideal, a c�nabis medicinal j� � uma realidade no nosso pa�s. O maior atraso se d� em outros campos, como no aliment�cio ou at� mesmo no mercado de cosm�ticos.
Para que esse cen�rio se expanda e seja mais abrangente, a f�rmula � a mesma que j� tem sido feita: ci�ncia, educa��o e pesquisa. Essa � a melhor forma de convencimento, seja de m�dicos, reguladores, pol�ticos e pacientes.
Todo esse movimento mundial e que, felizmente, j� vemos por aqui, tem uma raz�o: a c�nabis medicinal oferece resultados muito positivos contra uma s�rie de enfermidades, sejam elas f�sicas – como dores cr�nicas, Alzheimer, epilepsia, Parkinson, esquizofrenia, autismo, fibromialgia e, entre outras, asma –, ou de fundo emocional, como ansiedade e depress�o. Seu uso tem resultado ben�fico comprovado pela ci�ncia tanto em adultos como em crian�as, como j� foi demonstrado em in�meras reportagens, exibindo pais que precisaram lutar na Justi�a para ter acesso ao produto para oferecerem qualidade de vida aos seus filhos."
*Fundador e CEO da farmac�utica Remederi