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Estado de Minas BH

O triste fim dos cinemas de rua


15/09/2023 04:00
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Mauro Alvim 
Belo Horizonte

“Fiquei muito satisfeito quando o EM fez uma reportagem sobre os 100 anos do CAAP na Faculdade de Direito e at� com um certo orgulho por saber que j� pertenci �quela agremia��o nos meus tempos de estudante. Vale a pena lembrar tamb�m que foi o CAAP quem promoveu o primeiro manifesto contra a censura no governo militar, onde na pra�a Afonso Arinos foi posto um caix�o com os dizeres ‘Aqui Jaz a Censura’ e um grande n�mero de estudantes ao redor com velas. Eu estava l�! Repress�o igual foi em nosso protesto contra o fechamento do Cine Metr�pole, vizinho ao nosso pr�dio. Mais do que cinema, aquele lugar vive na mem�ria dos nossos av�s onde, nas tardes de domingo, o programa da juventude era ir fazer o footing pela sua cal�ada e depois ir tomar sorvete na Confeitaria Elite, de propriedade do S� Bel�m (meu av�).

H� quarenta anos a demoli��o do cinema foi um golpe na nossa cultura. Em plena �poca onde o Brasil j� havia se redemocratizado, a pol�cia proibiu a passeata que far�amos do CAAP at� a pra�a Rio Branco. Tancredo Neves era o governador do Estado e o Dr. Cunha Peixoto, secret�rio de seguran�a, proibiu veementemente qualquer manifesta��o pela cidade. N�s que resistimos fomos presos e tomamos muito golpe de cassetete da PM, o que nos fazia gritar: ‘A pol�cia do Tancredo � igual a do Figueiredo’ (Ent�o presidente da Rep�blica na �poca, que reprimia tamb�m com atos violentos qualquer manifesta��o popular). N�s estudantes �ramos recolhidos em um �nibus da PM, na �poca apelidado de ‘Gaiola de Macacos’ e �amos sendo dispersados pela cidade. O Cine Metr�pole foi sendo demolido aos poucos e cortava o cora��o quando eu via caminh�es levando as poltronas do cinema; poltronas em que talvez eu j� tenha sentado numa delas, ao lado da minha namorada, como tamb�m me veio � mem�ria, foi l� onde assisti ao primeiro filme da minha vida: ‘A Bela adormecida’, cl�ssico de Walt Disney.

Ficou-se estabelecido que o cinema seria demolido para dar lugar a uma ag�ncia banc�ria e, em troca, constru�ram um teatro l� no alto da Afonso Pena, num pr�dio que pertencia, na �poca, � Telemig, teatro este que foi eterno enquanto durou, depois o pr�dio passou para as m�os do TJMG que o transformou num audit�rio.

Hoje os cinemas de rua acabaram, foram todos para os shoppings onde a Cinemark s� exibe enlatados de super-her�is e demais dramas vindos de Hollywood. O cinema nacional fica restrito aos cine-clubes ou aos poucos cinemas de rua que ainda existem. The end para nossa cultura.”

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