
As doen�as cardiovasculares permanecem como principal causa de mortes no Brasil, respons�veis por mais de 30% dos �bitos registrados. Ao final do ano, ser�o aproximadamente 400 mil brasileiros mortos. At� ent�o, infelizmente, n�o temos nenhuma novidade. O que se configura como uma triste tend�ncia, no entanto, � o aumento do n�mero de casos de infartos em adultos jovens.
Segundo �ltima an�lise do Minist�rio da Sa�de, houve um aumento de 13% nos casos de infarto na popula��o com menos de 30 anos. Estudo recente publicado pelo Col�gio Americano de Cardiologia indicou que a incid�ncia dessa doen�a permaneceu est�vel entre os mais velhos, por�m, amplia-se em dois por cento ao ano entre os cidad�os com 40 anos ou menos. Mas o que temos feito de errado?
Na era dos computadores, smartphones e m�dia social, o jovem torna-se cada vez mais sedent�rio. Os momentos de lazer n�o s�o acompanhados por atividades f�sicas. Entre as crian�as em idade escolar, a obesidade triplicou nos �ltimos 30 anos. Da mesma forma, o diagn�stico de colesterol aumentado entre os mais novos cresceu.
O consumo de comidas processadas cal�ricas e ricas em a��cares faz com que essas crian�as tornem-se os jovens adultos que podem morrer precocemente por infarto ou AVC alguns anos depois. Ao lado do crescimento do n�mero de obesos, h� aumento importante no n�mero de diab�ticos. Em 2030 haver�, conforme estimativa do International Diabetes Federation, mais de 500 milh�es de diab�ticos no mundo.
O estresse tamb�m � fator contribuidor para essa escalada da popula��o de jovens infartados. Quinze por cento dos casos s�o desencadeados por ele. Em um mundo de informa��es r�pidas, padr�es inating�veis e cobran�as extremas, h� d�vidas de que estamos mais estressados?
A preval�ncia de hipertens�o arterial tamb�m � crescente. Um em cada quatro brasileiros adultos diz ter esse diagn�stico, conforme levantamento recente do Minist�rio da Sa�de. Em nosso pa�s, mais de 3,5 milh�es de crian�as e adolescentes s�o hipertensos.
Os jovens est�o, ainda, fumando mais. De acordo com o Minist�rio da Sa�de, a taxa de fumantes entre 18 e 24 anos saltou de 7,4% em 2016 para 8,5% em 2017. Adquirir o v�cio ainda na juventude aumenta o tempo de exposi��o do organismo ao cigarro e, com isso, cresce tamb�m o risco do desenvolvimento de doen�as a ele relacionadas.
� certo que a gen�tica influi no desenvolvimento de doen�as do cora��o entre jovens. Esse fator, por�m, n�o deve ser usado como desculpa para dizer que essas patologias s�o inevit�veis. Segundo publica��o da Sociedade Europ�ia de Cardiologia de 2019, pacientes com menos de 50 anos apresentam probabilidade de desenvolver doen�a coronariana precoce tr�s, sete ou vinte e quatro vezes maior se tiver um, dois ou tr�s ou mais fatores de risco, respectivamente.
Dentre os fatores de risco estudados est�o inatividade f�sica, tabagismo, hipertens�o arterial, diabetes mellitus e aumento do colesterol.
A pr�tica de atividade f�sica reduz os n�veis de colesterol no sangue e contribui para o controle da press�o arterial. Ap�s avalia��o m�dica, caminhadas di�rias de trinta minutos s�o uma boa op��o para come�ar. A Organiza��o Mundial de Sa�de recomenda 150 minutos de atividade f�sica por semana, em ritmo moderado.
Al�m disso, a pr�tica de exerc�cios ajuda a manter ossos, m�sculos e articula��es saud�veis e proporciona aumento de energia e bem estar.
A ado��o de dieta saud�vel tamb�m se faz fundamental. O consumo de verduras, legumes, fibras e gr�os colaboram para redu��o do peso, do colesterol e da incid�ncia de diabetes. Pol�ticas p�blicas para regular a comida nas cantinas das escolas e imposi��o de restri��o nos an�ncios de comida s�o medidas que contribuem para essa adequa��o alimentar.
Um controle adequado da press�o arterial � tamb�m primordial para a preven��o de doen�as card�acas. N�veis press�ricos acima de 12 por 8 j� s�o um alerta. O uso correto de medica��es, associado a mudan�a de estilo de vida contribuem para esse controle.
O infarto agudo do mioc�rdio deixou de ser exclusividade daqueles com cabelos brancos ou rugas no rosto. Mudan�as culturais e epidemiol�gicas moldaram um novo perfil de adulto jovem – um indiv�duo muito estressado, com muitas responsabilidades, que se alimenta mal e que n�o se cuida rotineiramente.
Dessa forma, frente a esse cen�rio preocupante, a conscientiza��o, mudan�a de estilo de vida e acompanhamento m�dico regular tornam-se urgentes, inclusive, para os mais jovens.