
A miocardiopatia periparto � uma doen�a rara, que apresenta-se, usualmente, nos primeiros dias ap�s o parto e est� associada � alta mortalidade materna (de 10% a 32%). � uma doen�a de etiologia ainda desconhecida com consequ�ncias graves.
As causas que desencadeiam o �bito s�o a insufici�ncia card�aca, arritmias ou embolias.
Foi descrita pela primeira vez em 1849 e reconhecida na d�cada de 30 como doen�a. A partir de 1997 foram estabelecidos os crit�rios de diagn�stico da doen�a.
Existem quatro crit�rios, conforme o National Heart Lung and Blood Institute, os quais s�o:
- desenvolvimento de insufici�ncia card�aca no �ltimo m�s de gesta��o ou dentro dos primeiros cinco meses ap�s o parto;
- aus�ncia de outra causa identific�vel para insufici�ncia card�aca (infecciosa, t�xica, metab�lica, isqu�mica ou valvular);
- aus�ncia de doen�a card�aca diagnosticada antes do �ltimo m�s de gesta��o;
- e altera��o do ventr�culo esquerdo (como redu��o da for�a do cora��o) pela an�lise do ecocardiograma (ultrassom do cora��o).
No Brasil, ainda n�o h� estimativa da incid�ncia da miocardiopatia periparto. Nos Estados Unidos, varia de 1 em 1.000 a 1 em 4.000 nascimentos. Dentre os fatores de risco para desencadeamento da doen�a, incluem afrodescentes, pr�-ecl�mpsia, hipertens�o gestacional, idade materna mais avan�ada (> 35 anos) e mult�paras (> 3 partos).
V�rios estudos foram feitos para determinar a causa da miocardiopatia, mas ainda permanece desconhecida.
H� evid�ncia de rea��o imunol�gica, predisposi��o gen�tica, resposta inadequada ao estresse hemodin�mico da gesta��o, efeito delet�rio da prolactina e miocardite viral.

Como identificar os principais sinais da miocardiopatia
Os sinais da doen�a surgem geralmente a partir da 36a semana de gesta��o e usualmente acomete mulheres nos primeiros quatro a cinco meses ap�s o parto. Os sintomas mais ocorrentes s�o falta de ar, tosse e expectora��o com raias de sangue. Outros sintomas como fraqueza, desconforto no peito e dor abdominal podem surgir e confundem o diagn�stico, j� que podem ocorrer em uma gesta��o normal.
O diagn�stico � frequentemente tardio, pois os sintomas se sobrep�em aos da gravidez normal. Uma avalia��o m�dica criteriosa deve ser realizada para que o diagn�stico ocorra precocemente.
Exames complementares cardiol�gicos, como eletrocardiograma e raio X de t�rax, podem evidenciar altera��es que comprometem o cora��o. Por�m, a ecocardiografia � necess�ria pois evidencia o comprometimento do m�sculo do cora��o com redu��o da for�a do mesmo. A redu��o da for�a do cora��o inferior a 45% � caracter�stica da miocardiopatia periparto.
Como � o tratamento da paciente com miocardiopatia
O tratamento da paciente com diagn�stico de miocardiopatia periparto � realizado da mesma forma que o tratamento de pacientes portadores de insufici�ncia card�aca cl�ssica, pois ainda n�o existem estudos espec�ficos para tal doen�a.
A terapia deve ser institu�da precocemente evitando que haja progress�o do crescimento card�aco atentando-se tamb�m para a seguran�a fetal.
O tratamento n�o medicamentoso inclui restri��o de sal e �gua. Exerc�cios f�sicos melhoram a capacidade f�sica, al�m de reduzir a mortalidade.
Dentre o tratamento medicamentoso durante o per�odo da gravidez e lacta��o, os diur�ticos de al�a, betabloqueadores, a digoxina e a hidralazina associada aos nitratos podem ser usados. Os inibidores da renina-angiotensina-aldosterona s�o contraindicados durante a gravidez, mas durante a lacta��o podem ser liberados.
O uso de terapia anticoagulante durante o final da gravidez e ap�s parto (geralmente 8 semanas), na doen�a descompensada, principalmente quando a for�a do cora��o estiver < 30%, deve ser institu�da no tratamento, devido ao risco da alta incid�ncia de tromboembolismo.
A Varfarina � contraindicada durante a gravidez, mas a heparina de baixo peso molecular pode ser usada. Ambos os agentes s�o seguros durante a lacta��o. Os anticoagulantes orais novos n�o foram estudados durante a gravidez e portanto devem ser evitados.
Diagn�stico precoce � essencial para minimizar as complica��es por miocardiopatia
O diagn�stico, o in�cio precoce do tratamento e o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar s�o fundamentais para minimizar as complica��es.
A evolu��o cl�nica da doen�a � variada: entre 23% e 32% das pacientes evoluem para recupera��o completa ou quase completa da fun��o ventricular nos primeiros 6 meses. As demais podem apresentar melhora progressiva da fun��o ventricular por per�odo mais prolongado (de um a tr�s anos) ou evoluem para piora cl�nica, algumas necessitando de transplante card�aco, outras podendo permanecer com insufici�ncia card�aca cr�nica ou evoluir para morte precoce.
O planejamento familiar � fundamental para essas pacientes, pois mesmo aquelas que normalizaram a fun��o ventricular podem apresentar recidiva da doen�a em gesta��o subsequente. Deve-se considerar o uso de m�todo contraceptivo irrevers�vel nos casos onde houver fun��o ventricular permanentemente comprometida.
A miocardiopatia periparto � uma doen�a rara, mas de consequ�ncias devastadoras. Ressalta-se a import�ncia do diagn�stico precoce e tratamento adequado para minimizar os riscos de complica��es nas pacientes acometidas por esta enfermidade.
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