HIV/AIDS: progresso no tratamento possibilita melhor qualidade de vida�

 

Com a evolu��o dos tratamentos, a infec��o pelo HIV/AIDS deixou de ser uma senten�a de morte, passando � condi��o cr�nica manej�vel, mas continua desafiando a sociedade (ref.1). Ainda s�o necess�rias campanhas de conscientiza��o para alertar sobre a import�ncia da preven��o, do diagn�stico e do tratamento precoces (ref.2). No Brasil, h� em torno de 920 mil pessoas vivendo com HIV, segundo o Relat�rio de Monitoramento Cl�nico do Minist�rio da Sa�de de 2020 (ref.3) – em Minas Gerais, s�o 23.382 casos de infec��o de HIV notificados entre 2007 a 2020 (ref.4).

Embora o Brasil tenha reduzido o n�mero de �bitos relacionados � doen�a, que caiu 29,3% – de 5,8 por mil habitantes, em 2009, para 4,1 por mil habitantes em 2019 – a infec��o pelo HIV tem crescido entre os jovens. A maioria dos casos no pa�s � registrada entre os meninos/homens faixa et�ria de 15 a 29 anos (ref.4).

Minas Gerais � o s�timo entre dez estados, onde houve um decl�nio na taxa de detec��o de AIDS nos �ltimos dez anos de monitoramento – cerca de 23%.  Al�m disso, � um dos estados com taxa de detec��o de 11,2/100.000 habitantes inferior � nacional (ref.4).

Outro dado preocupante � o aumento dos casos de HIV/AIDS em idosos (ref.4). Em determinados locais no mundo, estima-se que em 2030, 70% da popula��o com HIV ser� composta de pessoas acima de 50 anos (ref.5). 

In�meros fatores contribuem para o aumento do n�mero de jovens e idosos com HIV, sendo o principal deles o n�o uso de preservativo durante as rela��es sexuais (ref.1). No caso da terceira idade, podemos adicionar o fato de hoje ter uma maior oferta de medicamentos contra a disfun��o er�til, o que ajudou a prolongar a vida sexual (ref.6). 

O m�dico infectologista do Hospital das Cl�nicas da UFMG, Andr� Diniz, comenta que “o controle da infec��o pelo HIV/AIDS ao longo das d�cadas tornou a doen�a cr�nica, o que deu a falsa impress�o para a sociedade de que a doen�a n�o � grave. Com isso, o medo da doen�a diminuiu, aliado ao desfecho positivo no tratamento, os jovens e os idosos passaram a n�o se preocupar com a infe��o ao ter rela��es sexuais sem preservativos.

Por isso, o grande desafio atualmente � o diagn�stico precoce, pois h� cerca de milhares de pessoas que n�o sabem que est�o infectadas. � preciso incentivar a testagem no Pa�s”.

Por outro lado, a testagem ainda � um tabu: estima-se que existam aproximadamente 100 mil brasileiros vivendo com o v�rus sem saber (ref.3). Al�m do risco de contaminar outras pessoas, sem a descoberta do v�rus, este indiv�duo � prejudicado por n�o usufruir dos benef�cios do tratamento precoce � base de medicamentos antirretrovirais (ref.7). 

O diagn�stico da infec��o pelo HIV � feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral. No Brasil, h� exames laboratoriais e os testes r�pidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos. Esses testes s�o realizados gratuitamente pelo Sistema �nico de Sa�de (SUS), nas unidades da rede p�blica e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e alguns testes r�pidos podem ser encontrados a venda nas farm�cias (ref.8).

Diniz reitera a import�ncia da testagem para que, em caso positivo, o indiv�duo inicie o tratamento com antirretrovirais o quanto antes. “Esses medicamentos t�m a fun��o de controlar e reduzir ao m�ximo a carga viral de maneira que, de tr�s a seis meses, n�o � poss�vel mais detectar o v�rus circulando no organismo do paciente. � quando ele � considerado indetect�vel, o que significa que ele � portador do HIV, mas a quantidade de v�rus � t�o baixa que nem o exame � capaz de identifica-lo. Ao mesmo tempo que os antirretrovirais combatem o v�rus, promovem tamb�m no aumento dos linf�citos CD4, que s�o as c�lulas de defesa do organismo, o paciente tem a possibilidade de ter uma vida completamente normal, se seguir o tratamento corretamente”. 

No Brasil, o tratamento contra o HIV � disponibilizado pelo Sistema �nico de Sa�de (ref.7). O Programa Nacional de DST/AIDS do governo brasileiro, � reconhecido mundialmente por sua ampla atua��o no campo de direitos humanos, preven��o e tratamento do HIV, respons�vel por  controlar a infec��o e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com HIV em tratamento (ref.9).

A evolu��o no manejo da infec��o do HIV/AIDS no Brasil – hoje caractecterizada como doen�a cr�nica – se deve tamb�m �s alian�as estrat�gicas entre empresas privadas e institutos de pesquisa p�blicas, por meio de transfer�ncias de tecnologia e expertise para se produzir localmente os medicamentos cada vez mais inovadores. 

Um exemplo � a recente parceria entre a GSK, que por meio da ViiV Healthcare se dedica exclusivamente ao desenvolvimento e produ��o de medicamentos para o HIV - e o Instituto de Tecnologia em F�rmacos (Farmanguinhos/Fiocruz). Esta alian�a permitir� o desenvolvimento de antirretrovirais no Brasil, melhorando a capacidade nacional de produ��o de medicamentos para o tratamento de pessoas que vivem com HIV. A colabora��o prev� a fabrica��o local de uma combina��o de dois medicamentos j� existentes, que resultar� em uma nova terapia que pode trazer mais qualidade de vida e menos efeitos colaterais aos pacientes.