Para comentar as not�cias � necess�rio ser assinante
Acesse sua conta
Fa�a a sua assinatura
Estado de Minas
de R$ 9,90 por apenas
R$ 1,90
nos 2 primeiros meses
Aproveite o melhor do Estado de Minas: conte�dos exclusivos, colunistas renomados e muitos benef�cios para voc�.
Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.
Publicidade
A��ES DE REPARA��O
Propriedades rurais de MG ganham rumos sustent�veis
Impactadas pelos rejeitos da barragem de Fund�o, que rompeu em 2015, propriedades na regi�o Sudoeste de Minas alcan�am novas perspectivas com trabalho focado no uso sustent�vel do solo, agroecologia e preserva��o ambiental
Conte�do Patrocinado � o espa�o para as marcas se comunicarem com o p�blico, oferecendo um conte�do �til em concord�ncia com seus valores
postado em 21/10/2019 08:00
/
atualizado em 22/10/2019 17:27
Produtor ao lado da equipe de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (ATER) durante rotina de acompanhamento e capacita��o (foto: Funda��o Renova)
Voc� j� ouviu falar em manejo sustent�vel da terra? Esse � um procedimento baseado em estudos que visam � integra��o da gest�o da terra, �gua, biodiversidade e de outros recursos ambientais para atender �s necessidades humanas e, ao mesmo tempo, sustentar os servi�os e meios de subsist�ncia do ecossistema.
A Funda��o Renova, organiza��o respons�vel pela repara��o e compensa��o dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fund�o, na regi�o de Mariana, usa esse conceito para executar uma s�rie de a��es que t�m apresentado novos horizontes aos produtores rurais com propriedades atingidas pelo desastre.
A iniciativa foca na repara��o dos primeiros 100 km atingidos, pautada em pr�ticas produtivas mais sustent�veis e adequadas �s condi��es ambientais previstas na legisla��o. Gabriel Kruschewsky, especialista em programas socioambientais da Funda��o Renova, explica as primeiras a��es tomadas para o in�cio do trabalho de repara��o.
“Essas regi�es tiveram uma grande deposi��o de rejeitos e, por isso, foram priorizadas. Como a��o emergencial, trabalhamos com a revegeta��o com esp�cies de r�pido crescimento, que foi capaz de evitar que os rejeitos chegassem �s margens dos rios”, esclarece, acrescentando que tamb�m foram executados trabalhos de bioegenharia para recupera��o das margens e das calhas dos rios.
Para que essas pr�ticas cheguem ao produtor rural, a Renova conta com a atua��o de parceiros como a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural do Estado de Minas Gerais (Emater/MG). O �rg�o de assist�ncia t�cnica mant�m um banco de dados pr�vio com informa��es que v�o desde produtores familiares at� propriedades mais robustas, que ajudam a definir as prioridades do trabalho.
Neste sentido, Gabriel Kruschewsky ressalta que a participa��o dos produtores � imprescind�vel. “Ap�s o projeto de revegeta��o, o segundo passo foi trabalhar na recupera��o das �reas de Preserva��o Permanente (APPs). Essa etapa � extremamente importante e, para isso, foi fundamental a ajuda dos produtores locais, que participaram de maneira volunt�ria na recupera��o das matas ciliares”, esclarece Kruschewsky.
A partir das a��es emergenciais, o banco de dados da Emater foi acionado para definir as pr�ximas fases. De acordo com o coordenador t�cnico estadual de Irriga��o da Emater (MG), Jo�o Guimar�es, duas an�lises foram feitas para que fosse poss�vel tra�ar o melhor plano de recupera��o.
“O diagn�stico foi realizado com uma ferramenta conhecida como ISA (Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas), usada junto ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e, baseado no diagn�stico, apresentamos o plano de adequa��o e recupera��o das propriedades”, explicou o coordenador t�cnico.
Por meio do ISA, indicadores como fertilidade do solo, gerenciamento de res�duos, diversifica��o da paisagem e vegeta��o nativa s�o analisados ao longo dos recintos rurais. Para isso, elas recebem notas que variam de 0 a 1. A �ltima m�dia geral obtida foi de 0,48 e, com o trabalho, o objetivo � aument�-la para 0,7 em 100% das propriedades.
Ainda segundo Jo�o Guimar�es, tamb�m foi realizado o Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) de quatro sub-bacias hidrogr�ficas, entre a barragem de Fund�o e a Usina Hidrel�trica Risoleta Neves, conhecida como Candonga. “O ZAP disponibiliza uma base de dados com informa��es para subsidiar o aprimoramento da gest�o ambiental por sub-bacia hidrogr�fica. Isso envolve a elabora��o de planos, pactos e a��es, al�m da defini��o de indicadores para acompanhamento e avalia��o. O ZAP ajuda a fazer uma an�lise das propriedades em sua totalidade”, conclui.
Al�m da Emater, outras entidades colaboram na constru��o de solu��es, como a Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas de Gerais (Epamig) e a Universidade Federal de Vi�osa (UFV), para fomentar a integra��o das a��es.
Ao todo, 235 propriedades est�o envolvidas. Nelas, 246 km de cercas foram refeitos, 180 hectares de pastagens com maior produtividade foram plantados e 12,6 mil toneladas de silagem para alimenta��o dos animais foram distribu�das.
Tamb�m foram elaborados diagn�sticos (ISA) em 204 propriedades, cadastros ambientais de 229 e h� 196 projetos conceituais de Plano de Adequa��o Socioecon�mica e Ambiental (Pasea), entregues pela Emater.
Produtor rural durante distribui��o da silagem para alimenta��o do gado (foto: Funda��o Renova)
Desde 2017, j� foram realizadas a��es de recupera��o das �reas de Preserva��o Permanentes (APPs), como cercamento e plantio de esp�cies nativas; pr�ticas conservacionistas como constru��o de barraginhas e caixas secas, recupera��o de pastagens com corre��o e preparo do solo, aduba��o e semeadura, plantios agr�colas, Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Ater) e implanta��o de Unidades Demonstrativas (UDs).
O produtor rural Ricardo S�vio, do distrito de Chopot�, em Ponte Nova (MG), ressalta que o trabalho pr�ximo tem garantido mais tranquilidade, principalmente porque tem mostrado avan�os. “A gente t� mais tranquilo porque j� temos as nascentes cercadas com �rvores plantadas. O piqueteamento do gado j� est� pronto e j� estamos levando algumas vacas em alguns piquetes e a �rea �s margens do rio j� est� cercada. Tamb�m temos barraginhas prontas para acumular �gua, � uma beleza!”, comenta.
Ele tamb�m destaca o relacionamento facilitado com os t�cnicos respons�veis pelo acompanhamento. “A turma que vem trabalhar � gente boa. A gente se d� bem. J� estamos em processo final e, gra�as a Deus, n�o tenho nada a reclamar. Todo o pessoal que trabalha aqui desenvolve uma rela��o de respeito com o outro. S�o nota 10”, frisa.
Readequa��o ambiental das propriedades
A Funda��o Renova tem trabalhado junto aos produtores rurais a partir do Plano de Adequa��o Socioecon�mica e Ambiental. O objetivo � orientar os produtores a realizarem mudan�as na forma de trabalhar, seja na produ��o, na comercializa��o, no manuseio da terra ou na propriedade de forma geral. Neste sentido, o Pasea orienta a comunidade produtiva acerca do que precisa ser melhorado, dos investimentos necess�rios e demais detalhes em conson�ncia com as normas do Novo C�digo Florestal.
A participa��o � uma decis�o exclusiva do produtor, que pode apresentar, ou n�o, interesse em ser inclu�do no plano. Atualmente, 184 planos executivos do Pasea foram elaborados e est�o em processo de distribui��o.
As a��es diretamente relacionadas ao Pasea foram iniciadas, ainda em 2016, logo ap�s a fase emergencial. De l� para c�, as equipes t�cnicas realizaram, entre 2016 e 2018, o Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP). J� em 2017, iniciou o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a��o que segue at� 2022, cumprindo exig�ncia do governo federal para todas as propriedades rurais do pa�s.
Mas o trabalho n�o parou por a�. Ainda em 2018, foram dados os primeiros passos para integrar os produtores rurais �s rotinas de manejo ecol�gico de pastagens, sistemas agroflorestais e plantio de mudas nativas para fins econ�micos. Al�m disso, conscientiza��o e capacita��o em pr�ticas de conserva��o e de uso do solo e da �gua fizeram parte do cronograma e seguem at� 2021.
Agricultores durante plantio de horta baseada em princ�pios agroecol�gicos (foto: Funda��o Renova)
Outras atividades tamb�m est�o no calend�rio futuro do Pasea, como plantio de hortas e pomares, capta��o e distribui��o de �gua, retomada das atividades agropecu�rias, recupera��o e incentivo � produ��o agropecu�ria e fases de reforma e constru��o.
O produtor Sebasti�o Salvador, do munic�pio de Rio Doce, explica que possui duas propriedades e uma delas, �s margens do rio Carmo, foi inclu�da no Pasea. Segundo ele, das a��es previstas j� foram executadas as de melhoria de acesso � propriedade, cercamento da �rea de Preserva��o Permanente (APP), constru��o de 12 barraginhas para capta��o de �guas de chuvas, al�m do in�cio da calagem das pastagens.
“Outras a��es tamb�m est�o previstas, como a constru��o de curral, cercamento da Reserva Legal, divis�o de pastagens, constru��o de c�modo para picadeira, constru��o de galinheiro, instala��o de caixa d’�gua com 10 mil litros para o bombeamento e fornecimento de �gua para o curral, bem como a constru��o de saleiros e de embarcadouro para bois”, lista Sebasti�o Salvador.
Propriedades modelo
Uma estrat�gia dessa frente de atua��o � o desenvolvimento de 25 unidades demonstrativas de produ��o sustent�vel dentro de �reas atingidas. Elas ocorrem em 21 propriedades e servir�o como modelo de produ��o sustent�vel dentro das �reas atingidas, atuando como refer�ncia para outras 235 propriedades.
Os modelos ser�o divididos em pastagem ecol�gica com 15 unidades; silvicultura de nativas com cinco unidades e, por fim, sistemas agroflorestais, com outras cinco unidades. As diretrizes do Pasea s�o consideradas em todos os casos. A iniciativa � fruto da parceria com a WRI Brasil, Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (ICRAF) e Fazenda Ecol�gica.
Capacita��o dos produtores tem garantido mais produtividade e facilitado a gest�o das propriedades rurais (foto: Funda��o Renova)
Melhoramento gen�tico
V�rios programas de gera��o de renda e melhoria de vida v�m sendo implantados, como ajuda aos produtores locais. O melhoramento gen�tico do gado foi um deles. O programa atende a 170 propriet�rios rurais de Mariana, Barra Longa, Santa Cruz do Escalvado, Rio Doce e Ponte Nova.
“A maior parte dos produtores locais � de leite. A gente tem ajudado a melhorar geneticamente esses animais, al�m de auxiliar em todos os processos de produ��o, seja com equipamentos ou treinamento”, comenta Gabriel Kruschewsky, especialista em programas socioambientais da Funda��o Renova.
Segundo produtores locais, os resultados t�m se mostrado cada vez melhores. “Ap�s o rompimento da barragem, a nossa m�dia era de 8 litros, por vaca. Hoje nossa m�dia � superior a 10 litros , por vaca. Mas, eu pretendo chegar a 20 litros por animal”, comemora o produtor rural Wagner Lu�s Rezende, de Barra Longa (MG).
Vale ressaltar que, al�m do melhoramento gen�tico dos animais, o programa tamb�m avalia as condi��es sanit�rias e de nutri��o dos rebanhos. Os produtores tamb�m recebem assist�ncia t�cnica e orienta��o para administrar as terras. “Antes eu fazia s� a anota��o do leite que tirava no dia. Hoje, a gente tem cadastro de todos os gastos, custos fixos da propriedade e do concentrado gasto com as vacas. A�, conseguimos fazer um balan�o melhor ao fim do m�s”, conclui Wagner Lu�s.
