Em depoimentos prestados ao Conselho Nacional do Minist�rio P�blico (CNMP), o ex-governador Jos� Roberto Arruda (sem partido) se transformou numa testemunha de acusa��o contra o ex-procurador-geral de Justi�a do DF Leonardo Bandarra e a promotora Deborah Guerner. Arruda relatou ter ouvido, em 2008, de Durval Barbosa que o ent�o secret�rio de Rela��es Institucionais do DF pagou Bandarra para ter acesso a informa��es privilegiadas da Opera��o Megabyte. De acordo com o relato de Arruda, Durval afirmou, na ocasi�o, que deu dinheiro tamb�m para n�o ser alvo de den�ncia na Justi�a. Nesse caso, no entanto, n�o teria obtido �xito. ''Ele (Durval) disse que comprou uma mercadoria que n�o foi entregue. Que ele teria comprado informa��es pra que soubesse de a��es contra ele antecipadamente e tamb�m uma forma de n�o ser denunciado'', sustentou Arruda. O depoimento prestado pelo ex-governador do DF foi levado em conta pela comiss�o respons�vel pelo processo administrativo disciplinar contra Bandarra e Deborah Guerner. Conclu�do em 22 de mar�o, o trabalho de investiga��o vai respaldar o voto do conselheiro Luiz Moreira, relator do caso no CNMP, em sess�o marcada para a pr�xima quarta-feira. Moreira dever� defender a aplica��o da pena m�xima aos dois promotores que resultar� no afastamento definitivo deles da institui��o, conforme revelou reportagem do Correio publicada ontem. A decis�o caber� ao plen�rio do CNMP, integrado por 14 conselheiros. Eles v�o julgar o caso com base no relat�rio da comiss�o processante. O relato do pr�prio Durval tamb�m foi considerado importante. O delator da Opera��o Caixa de Pandora contou que leu uma c�pia da peti��o inicial elaborada pelo Minist�rio P�blico do DF relacionada �s buscas e �s apreens�es da Opera��o Megabyte, investiga��o sobre desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Dessa forma, Durval teria tomado conhecimento antecipadamente, por exemplo, de que policiais federais entrariam na casa dele para buscar documentos ou outras informa��es que o comprometessem. Na conclus�o, a comiss�o de investiga��o do CNMP avalia que Durval n�o teria condi��es de saber que, de fato, Bandarra recebera dos promotores respons�veis pela opera��o um documento sem assinatura que posteriormente foi encaminhado ao desembargador S�rgio Bittencourt, do Tribunal de Justi�a do DF, para autoriza��o das medidas de investiga��o. Durval relatou que pagou pelo servi�o. O dinheiro teria sido entregue em caixas de presente na casa de Deborah Guerner, no Lago Sul. A comiss�o colheu tamb�m o depoimento do delegado �lzio Vicente da Silva, chefe da Divis�o de Opera��es de Intelig�ncia da Pol�cia Federal, que coordenou a Opera��o Megabyte. Ele relatou que seria muito dif�cil qualquer vazamento sobre a investiga��o porque o promotor respons�vel pelo caso no Minist�rio P�blico do DF era ''paranoico'' com a preserva��o do sigilo das informa��es. Bandarra teve acesso aos dados em virtude do cargo que ocupava como chefe do Minist�rio P�blico do DF, uma vez que cabia a ele a compet�ncia para atuar no caso. Durval tinha, na condi��o de secret�rio de Estado, foro especial nas a��es criminais. Bandarra � o autor da den�ncia contra ele nesse caso, uma das mais graves por envolver enriquecimento il�cito e lavagem de dinheiro. Rela��es suspeitas No relat�rio, os investigadores condenam a rela��o que Bandarra tinha com Arruda, muito pr�xima e pouco convencional. A comiss�o considera impr�prio um relacionamento que inclu�a encontros informais entre o governador e o chefe do Minist�rio P�blico, a quem cabe a fiscaliza��o dos atos do Executivo. Arruda disse que esteve pelo menos tr�s vezes na casa de Bandarra, a convite dele. Eles tamb�m teriam se encontrado na casa de Deborah Guerner, na presen�a do vice-governador � �poca, Paulo Oct�vio, logo ap�s a vit�ria eleitoral em 2006. Um dos pontos que implicam Bandarra e Deborah tamb�m � a suposta tentativa de extors�o de R$ 2 milh�es que os dois teriam praticado contra Arruda. A promotora esteve na resid�ncia oficial de �guas Claras em julho de 2009 para amea�ar o ent�o governador com a divulga��o da fita em que ele aparece recebendo dinheiro de Durval, a famosa imagem que acabou resultando na queda do governo. Mais uma vez, Arruda comprometeu Bandarra, ao dizer que comunicou ao ent�o procurador-geral de Justi�a o achaque que sofreu da promotora. Ele n�o teria tomado nenhuma provid�ncia. O Correio tentou contato com o advogado de Bandarra, C�zar Bittencourt, no escrit�rio dele em Bras�lia, mas n�o houve retorno da liga��o. No processo, o ex-procurador afirma que n�o houve aproxima��o impr�pria com Arruda e sim uma rela��o de cortesia com todos os representantes do GDF. Os assuntos tratados seriam relacionados � atividade como chefia do MP. Sobre a Opera��o Megabyte, a defesa alega que n�o divulgou o sigilo das informa��es. Bandarra sustenta que n�o h� prova concreta de que tenha participado do vazamento. Ele tamb�m nega ter exigido dinheiro de Arruda ou tomado conhecimento de qualquer tentativa de extors�o ao ent�o governador. Deborah Guerner disse que vai se pronunciar no momento adequado. Den�ncia Promotores de Justi�a do Minist�rio P�blico do DF s�o os respons�veis por todas as investiga��es que resultaram em cerca de 40 processos, sendo 16 penais, por peculato, forma��o de quadrilha e fraude � licita��o contra Durval Barbosa. Leonardo Bandarra sustenta que por ser o chefe do MP ele se tornou alvo de uma vingan�a conduzida por Durval dirigida � pr�pria institui��o.