
A Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o (Unesco) tamb�m se manifestou, exigindo apura��o de declara��es racistas e homof�bicas feitas por parlamentares brasileiros. “A Unesco Brasil reafirma seu compromisso com valores universais de toler�ncia, respeito � diversidade e aos direitos humanos”. At� mesmo uma boa parte dos colegas de Parlamento de Bolsonaro repudiaram suas declara��es, alvo, somente esta semana, de seis representa��es por quebra de decoro parlamentar na Corregedoria da C�mara dos Deputados.
O motivo foi a entrevista em que ele afirma n�o correr o risco de ver algum de seus filhos casados com uma negra, porque eles “foram muito bem educados”. “E n�o viveram em ambientes como lamentavelmente � o teu”, completou o parlamentar, que respondia pergunta feita por Preta Gil, filha do cantor Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura, uma de suas entrevistadoras no programa de televis�o. No mesmo programa, Bolsonaro afirmou ainda ser contra a cota para negros em universidades p�blicas e disse que nunca entraria em um avi�o pilotado por um cotista. Para completar, disse ainda que nenhum de seus filhos corre o risco de ser homossexual, pois “tiveram uma boa educa��o” e que nunca iria a uma parada gay, porque o evento “promove os maus costumes”.
Em se tratando de Bolsonaro, nenhuma dessas declara��es causa espanto. Por causa de outras t�o pol�micas ele j� sofreu 20 representa��es por quebra de decoro durante o exerc�cio de seu mandato. O motivo � sempre o mesmo, ataques a mulheres, gays, v�timas da ditadura e defesa da tortura. Nem mesmo os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz In�cio Lula da Silva escaparam da sanha do deputado. Lula foi chamado de ignorante, homossexual e analfabeto. No caso de Fernando Henrique, chegou a sugerir que ele fosse fuzilado. Em discuss�o com um representante de uma tribo de Rond�nia, na C�mara dos Deputados, sugeriu que ele comesse capim para “voltar �s origens”. Nesse embate, um dos �ndios jogou um copo de �gua na cara do deputado, que j� foi militar e professor de educa��o f�sica.
Desrespeito com a hoje ministra
A hoje ministra dos Direitos Humanos, Maria do Ros�rio, foi empurrada e chamada por ele de vagabunda durante discuss�es entre eles no Congresso Nacional. O bate-boca ocorreu em 2005, quando ela era deputada federal. “Jamais iria estuprar voc�, porque voc� n�o merece”, disse o deputado ao ser acusado por Ros�rio na �poca de incitar casos de estupro. Abalada, Maria do Ros�rio saiu chorando do sal�o da C�mara. Nada ocorreu com Bolsonaro, que, reiteradas vezes, j� disse que o Congresso n�o tem moral para cassar seu mandato por quebra de decoro.
Em seus anos de Congresso, a maioria das propostas apresentadas por Bolsonaro diz respeito aos direitos dos militares da pol�cia e do Ex�rcito. Outros tantos tentam diminuir a maioridade penal, autorizar o porte de arma, aumentar o n�mero de pontos que levam � cassa��o da carteira de motorista e diminuir a idade para a esteriliza��o de homens e mulheres. O deputado j� chegou a propor que a vasectomia e a laqueadura de trompas fossem usados como pol�tica de combate � mis�ria e � criminalidade. Para al�vio, ele desistiu desse projeto, apresentado nos primeiros anos de mandato.
Surpreso com a repercuss�o negativa de suas �ltimas declara��es, o deputado divulgou nota dizendo que houve um mal-entendido e que nunca fez coment�rios racistas contra ningu�m. Em rela��o � acusa��o de homofobia, disse que apenas n�o faz apologia ao homossexualismo, por entender que tal pr�tica “n�o � motivo de orgulho”. No entanto, Bolsonaro tem feito escola. Sua vota��o, ainda que n�o muito expressiva, tem aumentado a cada legislatura. No ano passado, teve 20 mil votos a mais do que nas elei��es de 2006 e cerca de 31 mil a mais do que no pleito de 2002. Al�m disso, ele j� tem dois filhos na pol�tica. Fl�vio Bolsonaro � deputado estadual pelo PP do Rio de Janeiro e Carlos Bolsonaro (PP) vereador na C�mara Municipal do Rio. Todos t�m a mesma plataforma pol�tica. Como se n�o bastasse, ainda arrumou mais um companheiro no pr�prio Congresso Nacional, o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), eleito com 211 mil votos. Para ele, os africanos s�o amaldi�oados e o homossexualismo � “uma pr�tica prom�scua”.
Procurado pela reportagem pelo celular e em seu gabinete na C�mara, o deputado federal Jair Bolsonaro n�o retornou os pedidos de entrevista at� o fechamento desta edi��o.
P�rolas
"N�o vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. N�o corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e n�o viveram em ambientes como lamentavelmente � o teu.”
Resposta do deputado ao ser questionado pela apresentadora Preta Gil sobre o que faria se o filho dele se casasse com uma negra
“Jamais iria estuprar voc�, porque voc� n�o merece”. Voc� me chamou de estuprador com que moral? Vagabunda.”
Frases ditas por Bolsonaro durante bate-boca com a ent�o deputada federal Maria do Ros�rio (PT-RS), hoje ministra dos Direitos Humanos
“Esse pessoal tem que ficar no lixo da hist�ria, tem que dar gra�as a Deus que os militares naquela �poca impediram a esquerda de tomar o poder.”
Coment�rio do deputado sobre as v�timas do regime militar
“O grande erro foi ter torturado e n�o matado.”
Coment�rio durante bate boca com integrantes do Grupo Tortura Nunca Mais
“Nas quest�es pol�micas, ela deveria ligar para o meu celular para decidir o voto dela. Mas come�ou a frequentar o Plen�rio e passou a ser influenciada pelos outros vereadores.”
Reclamando da ex-mulher, Regina Bolsonaro, que foi eleita vereadora na d�cada de 1990 e votava sem seu consentimento
“Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau de arara imediatamente. N�o tem direitos humanos nesse caso. � pau de arara, porrada. Para sequestrador, a mesma coisa. O objetivo � fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico.”
“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a come�ar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.”
Projetos
Permite comercializa��o e uso de armas de fogo.
Revoga dispositivo que prev� pena para quem priva a crian�a ou o adolescente de liberdade, procedendo � apreens�o sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judici�ria.
Inclui como crime hediondo o roubo de ve�culos automotores.
Reduz para 21 anos a idade que permite esteriliza��o volunt�ria e revoga o dispositivo que exige o consentimento do c�njuge em caso de sociedade conjugal.
Estabelece que o disparo de arma de fogo em caso de leg�tima defesa pr�pria ou de outrem n�o se configurar� como crime inafian��vel.
Exclui da rela��o de circunst�ncias atenuantes em casos de crime o fato de o agente ter idade entre 18 e 21 anos.
Exige que os civis, de ambos os sexos, coloquem a m�o direita sobre o lado esquerdo do peito durante a execu��o do Hino Nacional e apresenta��o da Bandeira Nacional.
Disp�e sobre a realiza��o de laqueadura tub�ria e vasectomia para fins de planejamento familiar e controle de natalidade.