Vereador cometendo crimes de toda esp�cie n�o � uma exclusividade de Minas Gerais. Nos �ltimos dois anos, um grande n�mero de parlamentares municipais saiu do notici�rio pol�tico e foi parar nas p�ginas de pol�cia dos jornais de suas cidades e estados. Em boa parte dos casos, o que chama a aten��o � a impunidade ou a demora para tirar dos Legislativos os respons�veis por tantos delitos. Exemplo disso est� na cidade de Duque de Caxias, no Grande Rio de Janeiro, onde dois vereadores, suspeitos de comandar mil�cias, respons�veis por cerca de 50 homic�dios, venda de seguran�a, g�s e TV a cabo ilegais, est�o apenas afastados de suas fun��es na C�mara Municipal, apesar de n�o receberem os sal�rios.
Jonas Gon�alves da Silva, o Jonas � N�is, e Sebasti�o Ferreira da Silva, o Chiquinho Grand�o, foram presos em 21 de dezembro, durante a Opera��o Capa Preta, ao lado de outras 30 pessoas, acusadas de participa��o em grupo paramilitar. Passados quase quatro meses, o consultor jur�dico da C�mara da cidade, Josemar Mussuauer, explica que ainda n�o existe pedido de cassa��o do mandato dos vereadores, presos no Pres�dio Federal de Seguran�a M�xima de Mato Grosso do Sul. “Estamos esperando a conclus�o do processo criminal, conforme previsto na nossa lei org�nica”, diz.
Saindo do Sudeste, a regi�o mais rica do pa�s, e caminhando em dire��o ao interior da Para�ba, um dos mais pobres dos estados, a face da impunidade pouco se altera. O vereador Gilmar Nogueira, de Desterro, foi preso por protagonizar a reprise de uma das cenas mais desmoralizadoras do esc�ndalo do mensal�o – o transporte de dinheiro na cueca. Ele foi pilhado pela Pol�cia Federal, em 30 de outubro, com pouco mais de R$ 4 mil, al�m de uma lista com nomes de 212 eleitores. Nogueira trabalhava como cabo eleitoral do ent�o candidato ao governo Jos� Maranh�o (PMDB). A pris�o do pol�tico repercutiu em todo o pa�s, mas, baixada a poeira do esc�ndalo, ele reassumiu a cadeira no Legislativo de Desterro.
Assaltos
No Piau�, o vereador Ant�nio Paiva, da cidade de Altos, formou um grupo para assaltar, literalmente, os cofres da prefeitura de outra cidade, Pavussu, onde ele trabalhou como controlador. Mentor dos golpes, Paiva se associou ao ex-prefeito da cidade Josimar da Silva e ao ex-presidente da C�mara Francisco Assis Ferro para arrombar os cofres p�blicos por meio tamb�m de fraudes em licita��es. Os tr�s pol�ticos foram presos e causaram perplexidade na cidade, que teve a prefeitura assaltada por duas vezes pelo grupo e todo o seu dinheiro roubado.
A ficha criminal do vereador Valdinar dos Santos Carvalho, o Mosquito, come�ou a ser preenchida logo ap�s sua posse na C�mara Municipal de Santa Quit�ria, no Maranh�o. Em 2009, seu ano de estreia no Legislativo municipal, ele foi preso por assalto a banco e, a partir da�, n�o parou mais. Conseguiu a liberdade, reassumiu o cargo e, j� em 2010, foi novamente preso. Desta vez, a acusa��o era roubo de carro e forma��o de quadrilha, considerado crime hediondo. Ele foi interceptado no munic�pio de Dom Eliseu, com um carro roubado, mas novamente voltou �s ruas. Como se n�o bastasse, em 17 de fevereiro foi parar mais uma vez atr�s das grades, por mais um assalto a banco. Quinze dias antes da pris�o, ele assaltou a ag�ncia banc�ria do Bradesco de Santa Quit�ria.
Imagem
Para o cientista pol�tico Rubens Figueiredo, a incr�vel performance do pol�tico maranhense n�o pode ser atribu�da � incapacidade do brasileiro em escolher seus representantes. Segundo ele, a exist�ncia de parlamentares envolvidos com crimes revela, na verdade, a total falta de preocupa��o dos partidos com sua imagem. “Existe uma falta de controle, principalmente partid�rio, para impedir que candidatos com ficha criminal concorram a uma vaga nas elei��es proporcionais. Os partidos n�o cuidam de sua imagem. Preferem candidatos com folha corrida e muito votos, �queles limpos e sem votos”, analisa. Figueiredo diz que vereadores presos que reassumem suas fun��es no Legislativo depois de soltos s� confirmam a falta de puni��o. “Os pol�ticos s�o punidos na esfera penal e na pol�tica, n�o. Isso tamb�m pode explicar a baixa credibilidade dos parlamentares, alguns deles com capivara (ficha criminal) e n�o com curr�culo”, finaliza.