
Em entrevista � Ag�ncia Brasil, Carvalho afirmou que os partidos “n�o cuidaram da forma��o de seus quadros da mesma forma que os movimentos fizeram”. Por conta disso, ele qualificou o fato como “grav�ssimo” e acrescentou que o pa�s tem hoje “uma estrutura pol�tica e eleitoral que � quase uma indu��o � perda de teor ideol�gico e pol�tico. Ela � uma indu��o, eu diria, at� � corrup��o, se n�s falarmos da elei��o”.
O l�der do PSDB no Senado, �lvaro Dias (PR), ressaltou que as legendas partid�rias n�o existem no pa�s e, por isso, “� imposs�vel” falar sobre o assunto. Segundo ele, os partidos s�o artificiais e cartoriais, servindo apenas como acomoda��es para candidaturas de ocasi�o. Neste sentido, o l�der tucano destacou que as alian�as pol�ticas nos estados e munic�pios n�o seguem uma orienta��o ideol�gica. “Temos pol�ticos que possuem forma��o de direita filiados em partidos de esquerda e as coliga��es s�o totalmente contradit�rias. Sem achincalhar a m�sica [de autoria de Stanislaw Ponte Preta], � um samba do crioulo doido”.
Ele discordou, entretanto, da avalia��o feita por Gilberto Carvalho de que os movimentos sociais prepararam melhor quadros no decorrer dos anos e “evolu�ram muito”. Para o l�der do PSDB, o que houve foi “um aparelhamento e uma rela��o de promiscuidade” entre os movimentos e o governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva e, agora, com o da presidenta Dilma Rousseff.
“Nos �ltimos oito anos, o Executivo liberou recursos para boa parte desses movimentos sociais para execu��o de projetos inexistentes ou indevidos sem presta��o de contas ou qualquer fiscaliza��o. Organiza��es n�o governamentais foram criadas para desviar dinheiro p�blico com a coniv�ncia ou cumplicidade de autoridades”, afirmou o l�der do PSDB.
O l�der do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou por sua vez que o seu partido j� constatou essa discrep�ncia entre a atua��o de seus legisladores, seja em cargos majorit�rios ou no legislativo, e as demandas sociais. Segundo ele, o PT tem tido “uma dificuldade especial” para estabelecer uma rela��o mais pr�xima com a sociedade, especialmente a juventude.
“N�o temos produzido ideias, apesar de pesquisas internas terem sido feitas, para identificar as vontades da popula��o e, principalmente, dos jovens. Talvez a tarefa de governar tenha tomado mais tempo na necessidade de defender e atuar na execu��o das pol�ticas p�blicas estabelecidas pelo Executivo”, ressaltou o petista.
A seu ver, o mesmo ocorreu com os movimentos sociais. O l�der do PT afirmou que, ap�s assumir o poder em 2003, o partido passou a ter uma “rela��o mais fluida” com os representantes dos movimentos sociais. Agora, tanto na reaproxima��o com a juventude e com os movimentos sociais, o senador julga fundamental que o PT se abra ao di�logo. “Precisamos fortalecer nossos movimentos organizados voltados para os jovens”, defende.
O presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), destacou � Ag�ncia Brasil que a reaproxima��o do partido com a juventude e a qualifica��o de seus quadros � uma das principais preocupa��es das lideran�as de hoje. Ele ressaltou que delibera��o nesse sentido foi tomada na �ltima reuni�o da Executiva Nacional, no in�cio de abril. “Para ser candidato pelo PMDB, para qualquer cargo, os filiados ter�o que fazer o curso de gest�o p�blica oferecido pela Funda��o Ulysses Guimar�es. Isso � pr�-requisito”.
J� o senador pelo PDT Cristovam Buarque (DF), fez uma an�lise mais ampla do racioc�nio do ministro. Ele afirmou que os partidos pol�ticos continuam prisioneiros de metas de curto prazo e, por isso, incapazes de tomar decis�es que impliquem em uma mudan�a profunda no modelo industrial vigente.
“A quest�o � que os partidos n�o percebem as limita��es desse modelo, que nada tem a ver com op��o pelo capitalismo ou socialismo, mas com limita��es financeiras e ambientais que precisam ser estabelecidas”, afirmou Cristovam Buarque. Ele defendeu uma total revis�o no atual “perfil do PIB [Produto Interno Bruto]” que permita priorizar a execu��o de pol�ticas como a valoriza��o do transporte p�blico com qualidade, mas ao mesmo tempo desestimulando com campanhas o uso de autom�veis. “� uma quest�o de mudar a cultura estabelecida com o processo de industrializa��o”, resumiu.
Ele ressaltou que, nesse aspecto, os movimentos sociais tamb�m criaram um descompasso com a sociedade no decorrer dos anos. O senador do PDT entende que os movimentos t�m, hoje, uma cultura de trabalhar por mais verbas p�blicas para o seu segmento - “uma vis�o corporativista” -, da mesma forma que as legendas n�o se preocuparam em propor mudan�as de h�bito cultural.