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Estado de Minas

Filha de Che Guevara visita BH e fala em defesa dos movimentos sociais no Brasil


postado em 30/06/2011 06:00 / atualizado em 30/06/2011 08:02

Aleida diz que o único peso de ser filha de Che é o compromisso de dar continuidade a suas propostas(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Aleida diz que o �nico peso de ser filha de Che � o compromisso de dar continuidade a suas propostas (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)

Ela herdou os olhos, a profiss�o e o discurso apaixonado do pai em defesa do socialismo e da Revolu��o Cubana. Aos 49 anos, a m�dica cubana Aleida Guevara March, filha do guerrilheiro Ernesto Che Guevara, tem poucas recorda��es do pai, que morreu quando ela quase tinha 7 anos. A �ltima vez que viu Che vivo, Aleida tinha pouco mais de 4. Foi antes de ele viajar para o Congo, na �frica, e se juntar aos guerrilheiros de l� na luta anticolonialista. Fracassada a tentativa, ele foi para a Bol�via, onde foi executado, aos 39 anos, em 1967.

Aleida conta que via pouco o pai, mas que guarda com carinho as lembran�as dele chegando em casa e a pegando ao colo para deit�-la na cama. “Ele me carregava e me beijava com muita for�a”, conta sorridente Aleida, que esteve nesa quarta-feira em Belo Horizonte para participar do 3º Encontro dos Movimentos Sociais Mineiros e de uma homenagem ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), classificado por ela como o “mais importante movimento social da Am�rica Latina”.

Para ela, n�o h� nenhum peso em ser filha de um �cone, cujo rosto vive estampado em camisetas e bandeiras mundo afora e que j� teve a vida contada em livros e filmes de sucesso. “Fui criada pelo meu pai e pela minha m�e com muito carinho, muita ternura e um amor muito firme pela minha terra, mas meu maior privil�gio � ser filha de um homem que lutou muito pelo seu povo. Tenho muito orgulho dele, mas tenho orgulho maior ainda de ser filha de Cuba”, afirma Aleida, defensora do regime cubano e dos irm�os Castro (Fidel e Ra�l), h� d�cadas no comando da ilha.

Para ela, o �nico peso de ser filha de Che � o compromisso de levar adiante os ideais do pai de buscar sempre ser uma pessoa melhor e comprometida com o “processo revolucion�rio”. “Temos que seguir trabalhando”, frase que Aleida repetiu diversas vezes ao longo da entrevista, principalmente quando questionada sobre a situa��o de Cuba, que h� anos enfrenta um bloqueio impostos pelos Estados Unidos h� mais de meio s�culo. Para Aleida, isso � o que de fato “golpeia a sociedade cubana”.

Ela diz n�o entender porque o regime cubano � alvo de tantas cr�ticas, argumentando que todas as na��es s�o soberanas para escolher como e por quem ser�o governadas. Questionada sobre o regime castrista e sobre a perman�ncia h� tanto tempo da fam�lia no poder, ele rebate: “Temos elei��es populares em Cuba e, se os irm�os Castro est�o no poder h� tanto tempo, � por decis�o do povo cubano”. Segundo ela, quem tem de dar palpites e opinar sobre o regime de qualquer na��o � o seu povo. “Sempre me perguntam o que acho do governo Lula e sempre respondo que se os brasileiros est�o contentes, tamb�m estou.”

Escassez

Ela garante que atualmente no pa�s n�o faltam mais produtos b�sicos como papel, pasta de dente e at� mesmo papel higi�nico, mas conta que a san��o atrapalha muito o desempenho de uma das �reas de que o pa�s mais tem orgulho: a medicina p�blica. “Em Cuba, a medicina � totalmente gratuita”, enfatiza Aleida. Mas segundo ela muitas vezes o atendimento m�dico � dif�cil por causa do embargo que impede at� mesmo a venda de medicamentos para a ilha. Pediatra e alergista, ela conta que cuidou certa vez de beb� de 8 meses com um sangramento digestivo incontrol�vel por falta de um medicamento, cuja patente � estadunidense. “Ele n�o morreu, mas tivemos de pedir ajuda � Espanha, que gentilmente nos cedeu o rem�dio, e tratamos do beb�. Isso � muito ruim para a popula��o.”

 

Fam�lia de militantes cubanos

Aleida Guevara � filha mais velha do segundo casamento de Che com a militante comunista Aleida March, que conheceu durante a guerrilha. Seu pai teve ao todo cinco filhos. Hilda, a mais velha, que nasceu no M�xico, no primeiro casamento de Che, com a peruana Hilda Gadea, morreu em 1995, v�tima de c�ncer. Com a segunda mulher, ele teve tamb�m Camilo, Celia e Ernesto. Todos nasceram em Cuba e, segundo Aleida, s�o “militantes ativos”. No entanto, ela � a �nica filiada ao Partido Comunista Cubano. A m�e mora na ilha e dirige o Centro de Estudos Che Guevara, dedicado a preservar a mem�ria do guerrilheiro. Separada, Aleida tem duas filhas. A mais velha, de 22 anos, � formada em economia. A outra, de 21, estuda medicina.

Segundo Aleida, a grande preocupa��o de hoje em Cuba � “implicar mais ainda os jovens no desenvolvimento do processo revolucion�rio, para que n�o haja retrocessos”. Para ela, a juventude cubana � sadia, tem acesso a educa��o, sa�de e est� fora das ruas e da viol�ncia. Questionada sobre a censura e a restri��o ao acesso � internet no pa�s, alvo de muitas cr�ticas, principalmente entre os mais jovens, Aleida � taxativa. “N�o vamos permitir que os meios de comunica��o sejam usados pelos nossos inimigos”, afirma. Segundo ela, a imprensa que fala mal de Cuba n�o tem espa�o na ilha. Ela garante que n�o h� censura e que a popula��o tem acesso aos meios de comunica��o para reclamar dos “buracos na rua” e de outros problemas. “E as autoridades t�m de dar uma resposta para essas cr�ticas.”

Aleida aproveita para refor�ar os la�os de amizade com a Venezuela, maior parceiro de Cuba na atualidade, e diz que o presidente Hugo Chavez est� se recuperando do misterioso problema de sa�de, que vem sendo tratado em Cuba. “A informa��o que temos � que ele est� muito bem”, garante. Apesar de falar de Cuba com se fosse um para�so, Aleida diz que h� muita coisa para melhorar. “Nenhuma obra humana � perfeita.” 


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