
Bras�lia – A Opera��o Voucher, que prendeu mais de 30 pessoas ligadas a fraudes no Minist�rio do Turismo foi a gota d’�gua. A base governista, puxada pelo PMDB, paralisou nessa quarta-feira as vota��es no Congresso e jogou em primeiro plano projetos que ampliam gastos governamentais sem a contrapartida na Receita. A manobra � justamente o oposto do que foi pedido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na reuni�o do Conselho Pol�tico. Chamada internamente pelos l�deres de “opera��o tartaruga”, a obstru��o foi combinada na noite de ter�a-feira entre PMDB, PR, PP, PTB e PSC, o antigo bloc�o que funcionou no in�cio da legislatura. O objetivo � levar a presidente Dilma Rousseff a mudar a rela��o com o Congresso, o tratamento dispensado aos aliados e mostrar a ela que os partidos n�o s�o subalternos em seu governo.
Ao abrir a reuni�o do Conselho Pol�tico, convocado para discutir a crise econ�mica internacional, a presidente falou da necessidade de estreitar as rela��es com a base. Dilma usou a crise entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com o Congresso americano como exemplo de impasse pol�tico, mas disse acreditar "na maturidade de nossos pol�ticos para enfrentar a crise", relatou um deputado presente � reuni�o.
A primeira press�o concreta no Congresso partiu do PMDB, que, no momento, tem dois de seus ministros – o da Agricultura, Wagner Rossi, e o do Turismo, Pedro Novais – expostos a dar explica��es sobre den�ncias de corrup��o. Na reuni�o de l�deres nessa quarta-feira � tarde, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) sugeriu que fosse colocada em pauta a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, que cria um piso nacional para os sal�rios de policiais e bombeiros. “Prometemos votar essa mat�ria”, amea�ou o l�der. Foi o suficiente para que o deputado petista Jos� Guimar�es (CE) batesse a m�o na mesa: “Epa! E quem vai pagar a conta do piso de R$ 3,5 mil?”. Entre o seu partido e o PMDB, o presidente da C�mara, Marco Maia (PT-RS), ficou no meio termo: “Bem, vamos aguardar”, disse, diante de sugest�es dos governistas de ouvir o Executivo.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi quem deu o segundo tiro na mesma reuni�o: “Sem regulamentar a Emenda 29 (sobre o aumento de repasses � Sa�de), n�o tem DRU (desvincula��o de receitas da Uni�o). Afinal, a DRU tira receitas da Sa�de”. O emaranhado de siglas e n�meros tem uma explica��o: a DRU permite ao governo desvincular 20% do or�amento para gastar como quiser. Se n�o fosse esse dispositivo, garantido por uma emenda constitucional que tem prazo de validade at� o fim deste ano, o governo n�o teria flexibilidade de caixa. Agora, o PMDB, com o apoio do antigo bloc�o, diz que s� aprovar� a reedi��o desse or�amento menos engessado se houver a garantia de aumento dos gastos em sa�de.
Temor
Os l�deres do governo sa�ram assustados da reuni�o, inclusive o peemedebista Mendes Ribeiro Filho (RS), que assumiu h� pouco tempo a lideran�a do governo no Congresso: “A presidente foi muito clara ao dizer que o Brasil precisa de apoio e de se preparar para a crise. N�o d� para ser assim”, comentou o deputado, preocupado com a situa��o que se desenhou.
Agora, o Pal�cio do Planalto corre contra o tempo para tentar acalmar os aliados. Mas, at� agora, n�o conseguiu. O PMDB, por exemplo, avaliou, na noite de ter�a-feira, que, desde o in�cio do governo, s� perdeu terreno: Furnas, Funda��o Nacional da Sa�de (Funasa) e Secretaria de Aten��o B�sica � Sa�de, por exemplo, eram cargos que o partido comandava no governo de Luiz In�cio Lula da Silva e que hoje est�o sob o comando do PT. A sigla ganhou apenas o Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM). O PR, que hoje segue a cartilha peemedebista, fez um jantar na ter�a-feira � noite e avaliou que � hora de mostrar � presidente que ela precisa tratar os aliados com mais respeito. S� n�o se sabe quem vai ganhar esta queda-de-bra�o.