postado em 02/10/2011 07:13 / atualizado em 02/10/2011 08:34
Jzonu Kornajev, com a mulher Svetla, em Sofia: "Sinto mesmo que ela � da fam�lia" (foto: Paulo Silva Pinto/CB/D.A Press)
A presidente Dilma Rousseff inicia hoje uma viagem de cinco dias por tr�s pa�ses que ser� marcada n�o somente pelo forte peso pol�tico e econ�mico, mas tamb�m, e sobretudo, pelo conte�do emocional. Em seguida � C�pula Brasil-Uni�o Europeia, entre amanh� e ter�a-feira, em Bruxelas, na B�lgica, e antes da visita � Turquia, na sexta, a presidente passar� pela Bulg�ria, terra natal do pai, Petar Roussev.
Al�m de cumprir uma agenda de chefe de Estado, como nos demais pa�ses, a chegada � Bulg�ria ser� para Dilma a realiza��o de um objetivo pessoal. Quando era ministra do presidente Luiz In�cio Lula da Silva, ela planejou duas viagens para conhecer o pa�s, mas nunca chegou l�. A tentativa mais recente, em 2007, foi cancelada assim que recebeu a not�cia da morte de seu meio-irm�o, Luben-Kamen. Ela chegou a se corresponder com ele, mas nunca conseguiu encontr�-lo.
Os familiares de Dilma que restam na Bulg�ria n�o s�o t�o pr�ximos dela, mas aguardam com ansiedade a visita da presidente. N�o s� eles, ali�s. No mais pobre integrante da Uni�o Europeia, a hist�ria da presidente brasileira � vista como um ant�doto � auto-estima em baixa. Dilma � filha de um migrante que construiu uma hist�ria de sucesso. Fugiu da mis�ria e da persegui��o que massacrou a maioria dos b�lgaros nas guerras e depois no regime autorit�rio de orienta��o comunista. Com DNA b�lgaro, Dilma comanda hoje um pa�s com Produto Interno Bruto (PIB) que, mesmo em termos nominais, j� supera o de v�rias economias europeias, como a Espanha e a It�lia. Dentro de alguns anos, ultrapassar� tamb�m Fran�a e Reino Unido, segundo estimativas. Hoje, o contraste entre a situa��o econ�mica do Brasil e a da Europa dar� o tom da c�pula, um encontro que ocorre todos os anos com sede alternada.
Independentemente dos resultados concretos da viagem de Dilma e dos discursos, o simbolismo do roteiro j� est� dado.
Recado do primo Em dezembro de 2010, Jzonu Kornajev procurou o embaixador brasileiro em Sofia para que traduzisse e enviasse mensagem � sua prima Dilma Rousseff antes que ela tomasse posse na Presid�ncia. “Escrevi a Dilma uma sauda��o e o desejo de boa sorte. Depois lhe disse que ela deve ser honesta como foi meu av�, que era tamb�m av� do pai dela”, contou Kornajev ontem no fim da tarde, ao receber a reportagem do Estado de Minas no apartamento simples e aconchegante em um bairro de classe m�dia da capital b�lgara.
Ao receber da reportagem uma foto de Dilma, Kornajev pede desculpas por chamar a presidente pelo prenome. “� que eu sinto mesmo que ela � da fam�lia”, explica, sem saber que no Brasil n�o h� restri��es a esse tratamento informal. Ali�s, o preferido pela maioria dos pol�ticos. Tamb�m por interm�dio da embaixada brasileira, ele enviou a �rvore geneal�gica da fam�lia. E mostra uma c�pia, tamb�m feita � m�o, ao argumentar que � o parente mais pr�ximo de Dilma por parte de pai.
Aos 84 anos, Kornajev e a mulher, Svetla, ainda n�o sabem se v�o se encontrar com a presidente. A agenda oficial reserva encontro com familiares em Gabrovo, cidade de 60 mil habitantes onde nasceu o pai de Dilma, a 215 quil�metros da capital b�lgara.
Em Cabrovo, Dilma ser� recebida pela vi�va de um primo distante. Em Sofia, mora a maior parte de seus parentes, incluindo Ralitsa Neguentsova, que preside a institui��o respons�vel por todas as elei��es na Bulg�ria.
Kornajev tinha dois anos em 1929, quando Pedro Rousseff, nascido Petar Roussev, deixou o pa�s para nunca mais voltar. Primeiro, o pai de Dilma foi para a Fran�a, onde o sobrenome passou por uma adapta��o lingu�stica. Em meados da d�cada de 1940, depois de viver na Argentina, ele se instalou no Brasil. Desta vez, o prenonome � que se adaptou ao novo pa�s. O pai de Dilma morreu em 1971, sem jamais regressar � Bulg�ria. Ele n�o deixou para tr�s somente a terra natal, mas tamb�m a primeira mulher, gr�vida. Nunca conheceu o filho, Luben-Kamen Roussev, meio irm�o de Dilma.