
Em suas reuni�es mais reservadas, os ministros palacianos convocados nessa quinta-feira � noite por Dilma Rousseff avaliaram que o rel�gio do esporte � o maior inimigo para a perman�ncia de Orlando Silva no cargo de ministro. J� existe a convic��o de que, politicamente, ele dificilmente conseguir� ao mesmo tempo se defender das acusa��es e cumprir a agenda de negocia��es que envolvem a Lei Geral da Copa. Isso sem contar o papel de porta-voz do governo brasileiro na organiza��o da Copa das Confedera��es, em 2013, da Copa de 2014 e das Olimp�adas de 2016. Basta ver que, nesta semana, Orlando Silva n�o teve como se dedicar ao trabalho porque estava absorto em sua defesa.
Em Angola, na �ltima etapa da viagem � �frica, Dilma criticou o que chamou de “apedrejamento moral” de Silva: “� important�ssimo que n�s, que somos um pa�s democr�tico, aprendamos que n�o se faz apedrejamento moral de ningu�m. Eu li, com muita preocupa��o, as not�cias do Brasil. Primeiro, pelo grau de imprecis�o nas observa��es a respeito do governo. O governo n�o fez, n�o far� nenhuma avalia��o e julgamento precipitado de quem quer que seja”, afirmou a presidente. “A gente tem de ter um processo sistem�tico de investiga��o, de apura��o de todos os malfeitos. Agora, tem sempre de supor a presun��o da inoc�ncia das pessoas. Eu vou olhar tudo com imensa tranquilidade e tomarei as posi��es necess�rias para preservar n�o s� o governo, mas preservar os interesses do pa�s”, completou.
O PCdoB usou nessa quinta-feira tudo o que estava ao seu dispor para se defender e apoiar o ministro. Pela manh�, em reuni�o pol�tica, transferida para Bras�lia por conta da crise, Silva – que almo�ou com o advogado criminalista Ant�nio Carlos de Almeida Castro, o Kakay – foi incisivo: “Nunca haveria provas porque n�o houve esse fato (o encontro com Jo�o Dias)”.
Queixa-crime
A pedido de Orlando Silva, a Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) apresentou nessa quinta-feira � Justi�a Federal queixa-crime contra o policial militar Jo�o Dias Ferreira e o motorista C�lio Soares Pereira, autores das acusa��es de que o ministro do Esporte teria recebido recursos desviados de programas da pasta. No of�cio, a AGU esclarece que “pode exercer a representa��o do ofendido” quando este � servidor p�blico federal. O ministro diz que as acusa��es s�o mentirosas. A queixa-crime, assinada pelo advogado da Uni�o Homero Andretta J�nior, destaca “que est� demonstrada a pr�tica do crime de cal�nia”.
Nessa quinta-feira, o advogado Kakay, esteve no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a abertura de inqu�rito contra o ministro. Ele pediu ao procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, que seu cliente seja ouvido antes de o Minist�rio P�blico Federal (MPF) tomar qualquer decis�o. Gurgel afirmou que dever� pedir hoje a abertura do inqu�rito ao Supremo. (Colaborou Diego Abreu)
Enquanto isso, MPF instaura inqu�rito
A Procuradoria da Rep�blica em Campinas, S�o Paulo, instaurou nessa quinta-feira inqu�rito civil p�blico para apurar supostos atos de improbidade administrativa durante a execu��o do conv�nio do Programa Segundo Tempo, firmado entre a ONG Bola Pra Frente (hoje Pra Frente Brasil) e o Minist�rio do Esporte. A apura��o estava sob responsabilidade do Minist�rio P�blico estadual, mas como as investiga��es envolvem recursos federais, a atribui��o passou a ser do MPF. A ONG � presidida pela vereadora Karina Rodrigues, do mesmo partido (PCdoB) do ministro.