A iminente descoberta do esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo motivou uma reuni�o de emerg�ncia entre o ent�o ministro do Esporte e atual governador do DF, Agnelo Queiroz, e dirigentes de ONGs beneficiadas. Juntos, tra�ariam uma estrat�gia para evitar a publica��o de irregularidades pela Veja e discutiriam o que fazer com o delator do esquema, Michael Alexandre Vieira da Silva, ex-funcion�rio do Instituto Novo Horizonte, uma das ONGs que recebeu recursos do programa.
� o que afirmou em depoimento prestado no ano passado, obtido pelo Grupo Estado, Geraldo Nascimento de Andrade, que acusou Orlando Silva de participa��o no esquema. Segundo ele, Agnelo se reuniu com o PM Jo�o Dias Ferreira, dono da Febrak, Miguel Santos Souza, contador que fornecia notas fiscais falsas para acobertar os desvios, e dirigentes de outras duas ONGs que se beneficiavam do esquema. De acordo com o depoimento, a reuni�o ocorreu em abril de 2008 no endere�o que servia de fachada para tr�s empresas que forneciam notas fiscais frias usadas para comprovar o suposto cumprimento dos conv�nios firmados com o Minist�rio do Esporte.
Geraldo Nascimento contou � Pol�cia Civil que na reuni�o foi debatida uma forma de arrecadar R$ 150 mil para tentar evitar a publica��o da mat�ria pela revista Veja, baseadas nas acusa��es feitas por Michael. A mat�ria foi publicada em abril de 2008. Discutiriam tamb�m o que fazer com o delator.
Algum tempo depois da reuni�o, Jo�o Dias encontrou-se com Michael. “Jo�o Dias lesionou a m�o de Michael com o objetivo de for�ar o mesmo a esclarecer com mais detalhes o que Michael teria dito � imprensa”, contou Geraldo Nascimento. Ele disse ao delegado respons�vel pelas investiga��es, Giancarlos Zuliani J�nior, que decidiu delatar o esquema porque soube, na semana anterior, da exist�ncia de um plano para mat�-lo.
Laranja
Geraldo Nascimento foi contratado em 2005 por Miguel Souza para ser seu motorista. Meses depois, Miguel criou uma das empresas de fachada e queria coloc�-lo como laranja. Inicialmente, o motorista se recusou, mas, sob a amea�a de demiss�o, acabou assinando os documentos e se tornando s�cio da JG Com�rcio de Alimentos e Servi�os Gerais, uma das empresas que fornecia notas falsas para o esquema. O depoimento de Nascimento e os ind�cios levantados contra Agnelo levaram o Minist�rio P�blico a encaminhar as investiga��es para o Superior Tribunal de Justi�a.
Agnelo negou ter participado dessa reuni�o. “A reuni�o jamais aconteceu, principalmente para explorar a quest�o de eventual publica��o de mat�ria jornal�stica ou para definir destino de pessoas, mat�ria agressiva � honra e � hist�ria de Agnelo Queiroz”, respondeu o governador. Agnelo disse ainda que “nunca tratou de interesses de ONGs”. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.