Zurique — Em meio a den�ncias envolvendo programas do Minist�rio do Esporte, um caso que poder� abalar a credibilidade de cartolas brasileiros de futebol ser� retomado. O presidente da Federa��o Internacional do Futebol (Fifa), Joseph Blatter, anunciou ontem que o comit� executivo da entidade decidiu abrir o chamado “dossi� ISL” e encaminh�-lo a uma auditoria independente para investiga��o a partir de dezembro. Caso seja necess�rio, sustentou, provid�ncias ser�o tomadas. O conjunto de documentos, produzido em alem�o, envolve a ISL, empresa de marketing que prestou servi�o � Fifa durante mais de 20 anos e pode comprometer Ricardo Teixeira, presidente da Confedera��o Brasileira de Futebol (CBF) e do Comit� Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014.
Blatter n�o quis antecipar nenhum detalhe sobre as den�ncias divulgadas pela imprensa inglesa, as quais classificou como o “famoso dossi� ISL”, que j� provocou tanto “alvoro�o”. O presidente da Fifa apenas antecipou que n�o h� nenhum su��o envolvido. Tamb�m garantiu que a decis�o do comit� executivo foi tomada sem diverg�ncias internas, embora o pr�prio Teixeira fa�a parte dessa inst�ncia de decis�es da entidade m�xima do futebol. “Vamos abrir o famoso dossi� da ISL, deixar esse assunto para tr�s e seguir em frente”, sustentou Blatter. “A quest�o � saber o que h� neste dossi�”, disse.
O dossi� ganhou sigilo a pedido da pr�pria Fifa. Segundo reportagem da rede de TV brit�nica BBC, Ricardo Teixeira, o ex-presidente da Fifa Jo�o Havelange e outros cartolas de futebol receberam propina da ISL. Al�m de marketing esportivo, a empresa negociava transmiss�es de jogos. Segundo a BBC, o presidente da CBF recebeu US$ 9,5 milh�es da ISL em v�rias parcelas por meio da Sanud, apontada como uma empresa de fachada com sede em Liechtenstein, min�sculo principado da Europa, conhecido como um para�so fiscal.
No dossi�, aparecem as iniciais JH, que seriam de Jo�o Havelange. Ele teria sido beneficiado com 1,5 milh�o de francos su��os, ou seja, aproximadamente R$ 2,6 milh�es. H� suspeitas de que a ISL pagou mais de US$ 100 milh�es em propinas a integrantes do comit� executivo da Fifa entre 1992 e 1997 em troca de contratos de patroc�nio e direitos de televis�o liberados pela entidade internacional de futebol.
Transpar�ncia
Blatter anunciou a abertura do dossi� no momento em que pretende melhorar a imagem da Fifa, abatida por esc�ndalos inclusive envolvendo a pr�pria reelei��o dele no ano passado. O dirigente su��o disse ontem que eventuais casos confirmados de corrup��o n�o comprometem a comunidade internacional do futebol, com mais de 300 milh�es de pessoas envolvidas no esporte nas mais diferentes atividades. E afirmou: “A Fifa n�o � corrupta”.
A ISL era uma empresa su��a de marketing esportivo. Atuou no Brasil no in�cio dos anos 2000 em dois clubes: o Flamengo e o Gr�mio. Ap�s a CPI do Futebol e o caso Edmundo dos Santos Silva, ex-presidente do clube carioca acusado de improbidade administrativa e afastada do cargo em um processo de impeachment, a empresa faliu. Depois da fal�ncia, as d�vidas contra�das passaram a ser de responsabilidade dos clubes. No Gr�mio, teve um efeito devastador, pois o caixa negativo do clube aumentou significativamente.