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Estado de Minas

�ndios usam bolsa-fam�lia para comprar sapatos, cadernos, cacha�a e at� droga

�ndios j� incorporaram valores do homem branco. Compram de tudo, al�m de comida, com o dinheiro que recebem do governo. Em Tabatinga, muitos s�o aliciados por traficantes


postado em 06/11/2011 07:14

Tabatinga (AM) e S�o Miguel do Igua�u (PR) – Creuza Santiago Jaguari est� gr�vida do nono filho. O marido dela, Reginaldo Guilherme Cordeiro, j� faz planos do que comprar com os seis meses de sal�rio m�nimo, referentes ao aux�lio-maternidade, que ela receber� depois do nascimento. “Um computador para ajudar os meninos na escola”, vislumbra Reginaldo. Com o dinheiro que recebeu dos outros filhos, j� adquiriu um motor de barco e um freezer.

O mais novo dos filhos de Creuza e Reginaldo tem dois anos e o mais velho 17. A fam�lia recebe R$ 231 de Bolsa-Fam�lia mensalmente. “Compro l�pis, caderno, borracha e quando sobra um pouco uso para comprar comida”, afirma Creuza. S�o �ndios tikunas e moram na aldeia de Umaria�u, em Tabatinga. Com quase seis mil habitantes, o local � semelhante a um bairro humilde de uma cidade grande, com casas de alvenaria sem acabamento que formam o conjunto com outras de madeira. O tr�nsito frequente de motocicletas e at� resid�ncias, que funcionam como lan houses, equipadas como modernos X-Box 360, mostram que a inoc�ncia e pureza n�o fazem parte do cotidiano dos �ndios da floresta no s�culo 21.

A inoc�ncia, ali�s, mora longe de Umaria�u. No final do m�s passado a Pol�cia Federal prendeu na aldeia dois colombianos com diversas armas e muni��es de grosso calibre. O arsenal era composto por lan�ador de granada, mais de uma dezena de granadas, fuzis 762 de fabrica��o belga, sendo que um deles tinha o emblema do ex�rcito peruano. Tinha tamb�m submetralhadora .40 e centenas de muni��es. De acordo com a Pol�cia Federal, os presos trabalhavam para o narcotraficante peruano Jair Ardela Michue, conhecido como Javier, um dos maiores traficantes da tr�plice fronteira e que foi preso em mar�o deste ano. Um dia depois mais armamento tamb�m foi encontrado em Bel�m do Solim�es, outra aldeia ind�gena tikuna.

O delegado da Pol�cia Federal de Tabatinga, Gustavo Pivoto, afirma que o aliciamento de ind�genas por organiza��es criminosas � intenso na regi�o. �ndios s�o usados para transportar drogas e armas e despistar a a��o da pol�cia. O atrativo � sempre o mesmo: dinheiro. “O ind�gena est� contaminado com os valores dos que n�o s�o ind�genas”, avalia o professor da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Sebasti�o Rocha de Souza, que faz parte da coordena��o que prepara professores ind�genas do Alto Solim�es e convive com as aldeias da regi�o h� 11 anos.

Aldeia de bra�os cruzados

A entrada de recursos na aldeia n�o traz somente pontos negativos. O professor da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) Sebasti�o Rocha de Souza percebe modifica��es com o aumento dos benef�cios para os �ndios. “Eles come�aram a exercer a cidadania, mas tamb�m adquiriram o v�cio de ficar esperando a ajuda chegar”, pondera o professor. De acordo com ele, muitos �ndios deixaram de pescar, fazer artesanato e at� de se dedicar � agricultura, contando exclusivamente com o amparo do governo. “Muitos passaram a fazer quest�o de engravidar para conseguir o dinheiro do aux�lio-maternidade”, lamenta o educador.

O interesse dos ind�genas pelo benef�cio � grande. No final da tarde de ter�a-feira o vice-cacique da aldeia Umaria�u, Gustavo Ferreira Perez, convocou pelo alto-falante instalado na varanda de sua casa uma reuni�o para que os �ndios conversassem com a reportagem do Estado de Minas sobre o assunto. Em poucos minutos quase uma centena de �ndios apareceu.
A falta de informa��o atinge at� as autoridades da aldeia. O vereador Seb� Nogueira, que � tikuna, est� injuriado com o programa. Sua esposa recebia o benef�cio, mas meses depois que ele assumiu o cargo no Legislativo – com sal�rio de R$ 3.740 –, parou de receber. Quando o rep�rter disse ao vereador que o motivo foi ter sa�do da faixa de renda considerada apta pelo governo federal ele reagiu: “Ent�o � verdade que eu n�o vou poder ganhar mais o Bolsa-Fam�lia?” O Minist�rio do Desenvolvimento Social e Combate � Fome (MDS) prepara uma cartilha escrita em tikuna com todos os detalhes do programa.


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