O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, conseguiu sobreviver, a duras penas, a mais uma semana de tiroteio. Depois de a revista Veja mostrar que ele voara em uma aeronave King Air ao lado do empres�rio Adair Meira, presidente da Funda��o Pr�-Cerrado, at� mesmo o partido de Lupi, o PDT, jogou a toalha e admitiu que o melhor seria procurar outro nome para o minist�rio. Dilma, no entanto, subverteu as expectativas, chamou Lupi para uma nova conversa no Pal�cio do Planalto e decidiu dar-lhe outra chance. Como confidenciou ao Estado de Minas um interlocutor da presidente, Dilma est� “com uma paci�ncia enorme com o ministro, embora ele n�o esteja imune a uma nova den�ncia”.
A novela Lupi repete, at� o momento, o roteiro de outros ministros que acabaram sendo exonerados. Surge uma den�ncia, o ministro exonera pessoas pr�ximas, promete empenho nas investiga��es, � chamado pela presidente e d� as primeiras explica��es. O bombardeio prossegue at� que se torne insuport�vel. “Todo mundo sabe o final desta novela”, lembrou um assessor palaciano.
A presidente, no entanto, tenta surpreender os analistas e manter Lupi na pasta at� a reforma ministerial prevista para o in�cio do ano que vem. Ela n�o quer ceder �s press�es de parte do PDT, que se mobiliza para indicar um novo nome. Al�m disso, segundo pessoas pr�ximas da presidente, o receio de Dilma � ceder mais uma vez e ficar ref�m da rotina de den�ncias contra integrantes do primeiro escal�o. “No dia em que Lupi for demitido, os mesmos jornais que estamparem a not�cia v�o trazer novas den�ncias contra outro ministro. E tudo vai come�ar novamente”, ressaltou um aliado de Dilma.
A boa vontade de Dilma com Lupi n�o significa uma rela��o pol�tica anterior. Apesar de a presidente ter come�ado sua carreira pol�tica no PDT, eles n�o eram pr�ximos nos tempos em que eram da mesma legenda. Dilma militava no Rio Grande do Sul e foi secret�ria dos governos de Alceu Collares (PDT) e de Ol�vio Dutra (PT). Lupi foi tesoureiro e vice-presidente. Com atua��o mais concentrada no Rio de Janeiro, s� aparecia nos pampas acompanhado do ent�o presidente pedetista, Leonel Brizola.
Neopetista
Quando o PDT rompeu com o governo Ol�vio, Dilma recusou-se a deixar o posto no governo e teve de pedir desfilia��o do partido. Ela foi muito criticada pela dire��o nacional do PDT e acabou, pela sua lealdade ao ent�o governador ga�cho, filiando-se ao PT. A divis�o seguiu em 2002, quando Dilma apoiou Lula e o PDT coligou-se com Ciro Gomes.
Quando Brizola morreu, em junho de 2004, Lupi assumiu a dire��o partid�ria e conseguiu unificar os diret�rios ga�cho e fluminense, que viviam �s turras por ci�mes m�tuos do fundador da legenda. Em 2006, Dilma e Lupi come�aram a se aproximar um pouco, quando o ent�o presidente do PDT convenceu o partido a, no segundo turno, apoiar Lula contra o tucano Geraldo Alckmin, apesar dos protestos de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que queria ligar-se ao PSDB.
Dessa vez, foi Lupi quem teve a lealdade premiada. Lula o escolheu para ser ministro do Trabalho. Em 2010, o PDT manteve o passo ao lado dos petistas e se estabeleceu como primeira legenda a anunciar apoio � candidatura de Dilma Rousseff a presidente. “Lupi costurou esse apoio antes mesmo de o PT confirmar que estaria com ela”, lembra o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), um dos cotados para assumir a pasta em 2012.