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Estado de Minas

Lula entregou cargo para Dilma, mas n�o "desencarna" da Presid�ncia

Confira a retrospectiva do �rduo exerc�cio do ex-presidente Lula para se afastar do poder


postado em 25/12/2011 09:26

Lula e Dilma durante encontro às vésperas do Natal em São Paulo (foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Lula e Dilma durante encontro �s v�speras do Natal em S�o Paulo (foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Quantos n�o ouviram — seja nos corredores do Congresso ou em eventos do Planalto — o ato falho de v�rias pessoas, incluindo autoridades, ao chamar a dona da cadeira da presid�ncia da Rep�blica, Dilma Rousseff, de “a Lula”?
A troca dos nomes, comum nos primeiros meses do ano, era certamente obra do costume, e talvez tamb�m fosse o pren�ncio de que o ex-presidente permaneceria bem pr�ximo daquela que ajudou a eleger para o mais alto posto da Rep�blica. Antes mesmo da posse de Dilma, em 1º de janeiro, Lula disse — talvez num exerc�cio de autoconvencimento — que precisava se “mancar” porque ao deixar o posto seria a vez de Dilma comandar o pa�s. Menos de um m�s ap�s deixar a cadeira, Lula voltou a dar declara��es nessa linha, ao dizer que precisava “desencarnar da Presid�ncia” e “reencarnar como cidad�o brasileiro”.

Ele at� que tentou, ao colocar na agenda de ex-presidente uma s�rie de viagens que o levaram para longe do pa�s. Foram pelo menos 30. Ocasi�es em que faturou com palestras para empresas renomadas, recebeu diversos pr�mios internacionais e foi recebido por autoridades, do presidente da Fran�a, Nicolas Sarkozy, ao ex-presidente da Pol�nia e pr�mio Nobel da Paz, Lech Walesa. Tamb�m n�o faltaram encontros com velhos “companheiros” como o ex-presidente Fidel Castro e o presidente da Venezuela, Hugo Ch�vez.

Entre uma viagem e outra, Lula foi reconduzido � presid�ncia do PT durante comemora��o do anivers�rio de 31 anos do partido, em Bras�lia. Apesar da turn� internacional, a proximidade de Lula com Dilma p�de ser notada dentro e fora do governo principalmente nos momentos em que a Esplanada foi abalroada com uma s�rie de den�ncias de corrup��o que culminaram na queda de seis ministros, um recorde “nunca antes visto no pa�s”, para usar um dos bord�es favoritos do ex-presidente.

A primeira “movimenta��o” de Lula p�de ser vista no epis�dio em que o ex-ministro da Casa Civil Ant�nio Palocci, considerado o “homem forte” do governo, pediu demiss�o sem conseguir explicar como o patrim�nio se multiplicou 20 vezes entre 2006 e 2010.

“Os conselhos foram escolhidos pela presidente Dilma. Nunca o ex-presidente Lula procurou dar conselhos que n�o fossem solicitados pela presidente Dilma. Notadamente, no �pice de algumas crises em especial com o Palocci, algumas quest�es pontuais sobre ministros foram colocadas, porque envolviam pessoas do nosso conv�vio”, ressalta o deputado petista Andr� Vargas (PR), secret�rio nacional de Comunica��o do partido. “Acho que n�o houve interfer�ncia administrativa de gest�o, de estilo. Foi algo adequado. Se merecia notas inicialmente nos jornais depois passou a n�o merecer. Entrou na normalidade”, acrescenta.

A avalia��o de Vargas tamb�m � dividida com outros integrantes da base aliada. “Esquisito seria o Lula desaparecer do Brasil. Ele n�o teve uma atua��o de constrangimento. Ele sabe o peso e o tamanho que tem. � um agente pol�tico”, considerou o l�der do governo na C�mara, C�ndido Vaccarezza (PT-SP). “Sei que a Dilma conversa com ele toda semana, no que faz muito bem. Eu no lugar dela faria a mesma coisa. � de imaginar que todos os assuntos entram em pauta. Acho que ele tem dado uma contribui��o, �s vezes at� invis�vel, mas importante para esse �xito do governo Dilma, sem a menor d�vida disso”, avalia o l�der do PMDB na C�mara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Carona em inaugura��o

Al�m de atuar nos momentos de crise no Executivo, Lula tamb�m aproveitou para pegar carona em inaugura��o de obras. Nem a nova Embaixada da Argentina em Bras�lia escapou, em 2 de agosto. Em 29 de outubro, quando ficou pronta a ponte sobre o Rio Negro, ele foi a Manaus com Dilma. As viagens do ex-presidente foram suspensas apenas quando foi diagnosticado um tumor na laringe, poucos depois, no dia 29. Mesmo em tratamento, por�m, ele n�o parou de articular. Conseguiu emplacar dentro do PT o nome do ministro da Educa��o, Fernando Haddad, na disputa pela prefeitura de S�o Paulo do pr�ximo ano. Teve que tirar do p�reo a senadora Marta Suplicy, l�der nas pesquisas.

As idas e vindas para Bras�lia e as articula��es pol�ticas nos bastidores foram suspensas, mas n�o a de Lula influ�ncia. Exceto por alguns dias de descanso pr�ximos a momentos cruciais do tratamento, o ex-presidente passou a receber pol�ticos com frequ�ncia em seu apartamento, em S�o Bernardo, ou no Hospital S�rio-Liban�s, em S�o Paulo. Os resultados da primeira fase do tratamento, por quimioterapia, surpreenderam os m�dicos positivamente. O tumor reduziu-se 75% em rela��o ao tamanho inicial. No in�cio do pr�ximo ano, ser� a vez da segunda fase, da radioterapia. A avalia��o, por ora, � de que n�o ser� necess�rio submeter o ex-presidente a uma cirurgia, o que poderia deix�-lo com a voz comprometida.
Em meio a esse otimismo, Lula voltou a seu auto-plagiar no in�cio deste m�s, bem-humorado: “Estou desencarnando ainda”. Para aqueles que acham que em 2012 ser� diferente, trecho da mensagem de Natal feita por ele d� o tom: “Vamos continuar juntos em 2012 com a presidenta Dilma, construindo um Brasil e um mundo cada vez melhor”.

13 meses intensos

O que Lula fez desde o fiim do ano passado

2 de dezembro de 2010
» “Tenho de me mancar. J� fui presidente. Agora � a vez deela (Dilma Rousseff, eleita em outubro) ser presidente.”

1º de janeiro de 2011
» Lula deixa a Presid�ncia da Rep�blica e Dilma
torna-se a primeira mulher a assumir o posto.

29 de janeiro
» Ap�s receber o t�tulo de doutor honoris causa na Universidade Federal de Vi�osa (UFV), Lula diz que n�o daria declara��es pol�ticas e que precisava “desencarnar da Presid�ncia” e “reencarnar como cidad�o brasileiro”.

7 de fevereiro
» Primeira das mais de 30 viagens internacionais que fez ap�s deixar a Presid�ncia. Lula aproveitou para participar do F�rum Social Mundial 2011, realizado em Dacar, no Senegal.

22 de fevereiro
» Quarenta dias ap�s deixar o Planalto, Lula � reconduzido � presid�ncia do PT durante comemora��o do anivers�rio de 31 anos do partido, em Bras�lia.

30 de mar�o
» Em raz�o da morte do ex-vice-presidente da Rep�blica Jos� Alencar, Lula e Dilma — que estavam em viagem a Portugal, onde Lula recebia mais um t�tulo de doutor honoris causa — tiveram de antecipar o retorno para o Brasil. Os dois acompanharam juntos o vel�rio de Alencar no Pal�cio do Planalto.

28 de abril
» Em discursou feito durante a abertura do 8º Congresso Nacional de Metal�rgicos da CUT, Lula confessa ter dificuldades de desencarnar do cargo de Presidente. “Eu ainda n�o desencarnei totalmente do meu mandato de presidente. N�o � uma tarefa f�cil a desencarna��o. � um processo dif�cil.”

1º de julho
» Em meio ao in�cio da s�rie de den�ncias que atingiu o
Executivo, Lula vem a Bras�lia e se re�ne com senadores do PT. O encontro ocorreu na casa da ent�o senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), l�der do partido no Senado, e atual ministra da Casa Civil.

15 de julho
» Lula inicia campanha dentro do PT para emplacar o ministro da Educa��o, Fernando Haddad, como candidato �nico do partido para disputar as elei��es da prefeitura de S�o Paulo de 2012. Em meio �s negocia��es, ele consegue tirar do p�reo o principal advers�rio de Haddad, a senadora Marta Suplicy, que tamb�m disputava a indica��o do partido.

2 de agosto
» Nova dobradinha de Lula e Dilma, desta vez os dois participam com a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, da inaugura��o da nova Embaixada da Argentina, em Bras�lia.

19 de agosto
» Apesar de assumir que n�o se afastou do poder, Lula diz que discutir 2014 � “imbecilidade”.

23 de setembro
» Lula volta a Bras�lia para encontro com l�deres da base e o vice-presidente da Rep�blica e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer. Em reuni�o no Pal�cio do Jaburu, Lula tenta avan�ar com o debate em torno da reforma pol�tica, uma das bandeiras assumidas por ele logo ap�s deixar o Planalto. A proposta, no entanto, n�o avan�a no Congresso.

21 de outubro
» Em meio �s den�ncias que atingiram o ent�o ministro do Esporte, Orlando Silva, o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, diz que Lula mandou o recado para o partido “resistir” � crise. Apesar do apoio dado pelo petista, Orlando n�o consegue se manter no cargo.

24 de outubro
» Lula volta a subir no palanque para inaugurar com Dilma obras do governo federal. Desta vez uma ponte sobre Rio Negro que liga a capital amazonense � cidade vizinha de Iranduba. A ponte � a maior da Amaz�nia, com 3.595 metros de extens�o.

29 de outubro
» Logo ap�s completar 66 anos de idade, Lula � diagnosticado com c�ncer na laringe. Segundo, pessoas pr�ximas a Dilma, ela passou a ligar com maior freq��ncia para Lula desde o an�ncio do tumor.

7 de dezembro
» Mais de um ano depois de dizer que precisava se “mancar”, Lula admite que n�o conseguiu manter dist�ncia das decis�es do Planalto. Ap�s se reunir com Dilma, em um hotel em S�o Paulo, ele comentou com os jornalistas que o aguardavam no sagu�o do hotel: “Estou desencarnando ainda”.

12 de dezembro
» M�dicos que acompanham tratamento de Lula afirmam que o tumor diagnosticado na laringe regrediu em 75% com a quimioterapia, antes da radioterapia.

22 de dezembro
» Em mensagem de fim de ano, Lula agradece o “carinho” recebido ao longo do tratamento do tumor e diz que continuar� junto de Dilma, “construindo um Brasil e um mundo cada vez melhor, mais justo e mais solid�rio”.


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