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Estado de Minas

Minera��o pode devastar paisagem que emoldura os profetas de Aleijadinho em Congonhas

Conhe�a os argumentos de quem defende a preserva��o e de quem quer a explora��o


postado em 11/03/2012 07:26

Congonhas (MG) – Joel, um dos 12 profetas esculpidos por Aleijadinho, � testemunha im�vel da explora��o que minou grande parte da Serra da Casa de Pedra. Afixado no lado esquerdo do adro da Bas�lica de Bom Jesus do Matosinhos, � o �nico dos profetas que olha fixamente para a serra, com o olhar direto no Morro do Engenho. No pergaminho esculpido pelo mestre do barroco nas m�os de Joel est� escrito, em latim, uma de suas profecias, aquela que prev� as pragas que devastar�o a Terra: "Exponho � Judeia que mal h�o de trazer � terra a lagarta, o gafanhoto, o besouro e a ferrugem".

O que devastou a serra e amea�a o morro n�o s�o a lagarta, nem o gafanhoto e muito menos o besouro. Mas tem a ver com a ferrugem, ou melhor, com o que a origina: o ferro. O min�rio cobi�ado pela CSN, que quer quadruplicar o volume explorado na regi�o – passando dos atuais 25 milh�es de toneladas ao ano para 100 milh�es de toneladas –, � visto pelos seus defensores como a voca��o da cidade e uma "galinha dos ovos de ouro". "Seria muito mais c�modo, agora que vou deixar o governo, depois de oito anos, ter uma postura demag�gica e defender a serra e a �gua. Mas tenho uma responsabilidade enorme com o futuro da cidade", entende o prefeito de Congonhas, Anderson Cabido (PT).

Cabido se gaba de ter proporcionado "ambiente institucional" para o investimento das mineradoras. Ele diz tamb�m que foi no governo dele que a Serra da Casa de Pedra foi tombada, em 2007. Entretanto, a regulamenta��o dos limites a serem explorados ficou de ser definida por um projeto de lei. Como o projeto proposto foi de iniciativa popular e desagrada totalmente aos planos da CSN, o prefeito diz apoiar o projeto enviado pela empresa. "O projeto de iniciativa popular n�o representa o pensamento predominante na comunidade. O projeto da CSN est� de acordo com o que pensa o governo", explica o prefeito. Sobre a possibilidade de alterar a paisagem, que comp�e o cen�rio das obras barrocas da bas�lica, o prefeito relativiza: "S� vai chegar a uma altera��o que possa comprometer a paisagem daqui a 30 anos".

O profeta Joel, assim como seus 11 pares, n�o fica indiferente aos efeitos da minera��o. O Minist�rio P�blico aponta no relat�rio realizado para avaliar os impactos da expans�o da minera��o: "O dep�sito de part�culas de poeira (decorrentes da minera��o) no conjunto dos profetas do adro da Bas�lica de Bom Jesus de Matosinhos contribui para a degrada��o do conjunto escult�rico de autoria do mestre Ant�nio Francisco Lisboa (Aleijadinho), sem esquecer dos preju�zos causados pela polui��o atmosf�rica � sa�de da comunidade local".

O Minist�rio P�blico ressalta ainda que as atividades minerat�rias em Congonhas foram iniciadas em 1946, antes de existir uma legisla��o ambiental no Brasil, e que, por esse motivo, n�o foram precedidas de licenciamento ambiental. Al�m disso, o MP, com base em relat�rio da Funda��o Estadual do Meio Ambiente (Feam), ressalta que as obras de infraestrutura feitas a partir da d�cada de 1990 tiveram licen�a pr�via, mas n�o foi exigido um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

DEFENSORES
Em junho do ano passado, centenas de moradores fizeram um abra�o simb�lico � Serra da Casa de Pedra, com o intuito de defender as nascentes que brotam das terras de l�. Sandoval Souza Pinto Filho integra um grupo de moradores empenhados na defesa do Morro do Engenho, chamado de Grupo Rede Congonhas. "O que considero mais importante nessa discuss�o � que n�o vejo uma rela��o direta entre a constru��o do distrito industrial com o aumento da minera��o. A CSN est� usando isso para conseguir aprovar o que deseja", afirma Sandoval.

Pr�ximo ao Morro do Engenho est� localizado o Parque Aqu�tico Santo Ant�nio, com a cachoeira do Rio Santo Ant�nio e um dos principais pontos de divers�o dos moradores da cidade. Na an�lise de Sandoval, a amplia��o da minera��o no Morro do Engenho afetar� uma das sub-bacias que comp�em a bacia do Santo Ant�nio, principal formadora do curso d’�gua da cachoeira.

Os dois lados do morro

ARGUMENTOS DE QUEM QUER A PRESERVA��O

O Morro do Engenho comp�e a paisagem natural e c�nica do conjunto do Santu�rio Bom Jesus de Matozinhos, reconhecido, em 1985, como Patrim�nio Cultural da Humanidade. Estudiosos sustentam que quando Aleijadinho esculpiu os profetas pensou na serra e, principalmente, no Morro do Engenho como moldura.

A serra tem 29 pontos de capta��o de �gua, respons�veis por 50% da capta��o de �gua da Copasa para o abastecimento da cidade. L�, inclusive, se encontra uma captadora de �gua para posterior tratamento.

Abrigo de diversas esp�cies animais e vegetais, com representa��es do cerrado e da mata atl�ntica, de acordo com laudo pericial do Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Tem resqu�cios do patrim�nio arqueol�gico do per�odo da coloniza��o de Congonhas, do antigo povoado de Casa de Pedra, que era localizado no sop� da serra.

Tem grutas resultantes de antigas escava��es para extrair min�rio, de acordo com relato de 1939, de uma publica��o do Departamento Geral de Estat�stica do Estado de Minas Gerais.

O morro funciona como uma das �ltimas barreiras da poeira oriunda da minera��o j� existente na regi�o. Mesmo assim, a poeira � intensa na cidade, danificando, inclusive, as esculturas dos profetas, no adro da bas�lica.

ARGUMENTOS DE QUEM DEFENDE A EXPLORA��O

A CSN promete investimentos de R$ 11 bilh�es. O montante inclui a implanta��o de duas usinas de pelotiza��o e a constru��o de uma sider�rgica com capacidade de produ��o de 1,5 milh�o de toneladas de a�o por ano.

A previs�o � que somente a usina sider�rgica gere 5 mil empregos, entre diretos e indiretos. J� as usinas de pelotiza��o devem gerar 1,4 mil empregos. Outros 6 mil empregos seriam decorrentes da expans�o da atividade mineradora, podendo chegar a 20 mil postos.

Atualmente, a minera��o da CSN produz 20 milh�es de toneladas de min�rio ao ano e tem planos de ampliar a produ��o para 89 milh�es toneladas por ano at� 2015, podendo chegar at� 100 milh�es de toneladas por ano.

Desapropria��o de uma �rea de 42 quil�metros quadrados, que ser� usada para instala��o de um megadistrito industrial. A �rea abriga atualmente 400 fam�lias, que dever�o ser indenizadas.

A CSN se compromete a preservar as nascentes de �gua e investir em diversos setores da cidade, incluindo a constru��o de hospitais.

Para tentar diminuir a polui��o, as mineradoras passaram a lavar as rodas e a lataria dos autom�veis que saem das minas sujos com o p� de min�rio


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