Um dia depois de revirar completamente o comando pol�tico no Congresso e inverter o eixo de interlocu��o com o PMDB, a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve no parlamento para participar da cerim�nia em homenagem ao Dia Internacional de Mulher. Fez um discurso pontuado por refer�ncias feministas, recebeu elogios de peemedebistas, afagou o vice-presidente Michel Temer e prometeu "cuidar dele como ele tem cuidado de mim". Mas a Dilma am�vel contrastava com a avalia��o que os congressistas t�m da decis�o da presidente de promover uma troca completa nas lideran�as do governo na Casa, substituindo Romero Juc� (PMDB-RR) e C�ndido Vaccarezza(PT-SP).
As posturas da presidente est�o deixando os aliados cada vez mais confusos. Ela n�o tem avisado sobre as mudan�as - "ningu�m sabe o que passa por essa cabe�a, � um desespero", disse um petista - e, quando comunica, informa em cima da hora, sem dar tempo de rea��o para o interlocutor. Foi assim, por exemplo, na substitui��o do ministro do Desenvolvimento Agr�rio, Afonso Florence, na �ltima sexta-feira. Um dos padrinhos de Florence, o governador da Bahia, Jaques Wagner, sabia desde o fim do ano que o ministro estava na berlinda.
Mas Wagner s� foi avisado que o deputado Pepe Vargas (PT-RS) seria o substituto �s 16h15, tr�s horas antes do an�ncio oficial. "� claro que o governador ficou magoado", disse um aliado do governador baiano. Mesmo com uma rela��o conflituosa o tempo todo com o PMDB, os petistas tamb�m condenaram o perfil forte da presidente. "Os gestos dela n�o refletem o mundo real daqui de dentro".
Extraordin�ria
Do presidente do Senado, Jos� Sarney (PMDB-AP), Dilma ouviu elogios � sua "capacidade de trabalho", "car�ter de mulher" e "vis�o de futuro". O senador disse que Dilma poderia ter se tornado uma pessoa "amarga" depois de enfrentar o regime militar durante a ditadura, mas se transformou em uma "criatura extraordin�ria". "Ao ser a primeira mulher a ocupar a Presid�ncia da Rep�blica, � orgulho para todas as brasileiras que reconhecem, no seu governo, a sua grande lideran�a", disse Sarney. Embora ele seja um dos principais aliados do governo no Senado, na semana passada parte da bancada do PMDB imp�s a primeira derrotada a Dilma no plen�rio da Casa ao rejeitar a indica��o de Bernardo Figueiredo para a presid�ncia da Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A senadora Marta Suplicy disse que a elei��o de Dilma vai ter um "impacto" nas meninas brasileiras, que v�o querer "brincar de presidente" e n�o mais de bonecas. "Uma jornalista perguntou para a minha netinha se ela brinca de presidenta. Ela olhou meio desconfiada e disse: eu n�o, eu brinco de eleita", contou Marta. Vice-presidente da C�mara, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) atribuiu ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) a responsabilidade por Dilma ter chegado ao poder. "Fico muito feliz quando lembro que foi um homem, um trabalhador, um metal�rgico, que olhando sua equipe de trabalho, buscou uma mulher competente que se tornou presidente da Rep�blica."
Prioridades
O novo l�der do governo na C�mara, Arlindo Chinglia (PT-SP) vai conversar individualmente com todos os l�deres da base aliada para identificar os problemas de relacionamento e discutir os temas priorit�rios para vota��o, entre eles o novo C�digo Florestal e a Lei Geral da Copa do Mundo de 2014. Ele prometeu buscar o entendimento por meio do di�logo e convencimento. O objetivo do novo l�der � evitar o adiamento da vota��o das mat�rias que estavam previstas para ocorrer esta semana.