Ele � detentor de uma bancada de 55 deputados na C�mara dos Deputados. Tem la�os pol�ticos do PSDB de Jos� Serra ao PT de Dilma Rousseff e Lula. Com esses trunfos, o prefeito de S�o Paulo, Gilberto Kassab, � visto hoje como um dos poucos livres para seguir qualquer caminho em 2014. “E se Dilma estiver bem avaliada, por que n�o apoi�-la?”, diz ao
Estado de Minas, abrindo o leque de op��es. Na entrevista, concedida na sede da prefeitura, ele descarta, desde j�, uma terceira via ao PT e ao PSDB, formada por ele e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Mas, quando deixar a prefeitura, daqui a nove meses, Kassab pretende cuidar do partido e exercer alguma atividade de estado em S�o Paulo caso Jos� Serra saia vencedor.
O que o senhor far� quando deixar a prefeitura em 2013?
Como vou continuar na vida p�blica, gosto da vida p�blica, terei uma atua��o partid�ria. Mas tamb�m quero ter uma atua��o que n�o seja apenas vinculada a partido. E isso vai depender das circunst�ncias, das elei��es deste ano.
Como assim?
Com o Serra ganhando as elei��es, e acho que ele vai ganhar as elei��es, posso contribuir com algum projeto no campo social. N�o vou fazer parte do governo, mas isso vai preencher a vontade de estar numa atividade p�blica que n�o precisa estar diretamente ligada ao governo, uma atividade de estado, de apoio, de colabora��o e contribui��o. No entanto, � muito dif�cil fazer qualquer afirma��o antes de termos o resultado das elei��es deste ano. Os resultados � que definem os espa�os mais f�ceis de serem ocupados, e vou ocupar um espa�o desses, espero, onde for convidado.
S�o Paulo est� sendo vista como a �nica elei��o capaz de influir no cen�rio nacional de 2014. O fato de o senhor apoiar Jos� Serra n�o retorna o senhor ao leito oposicionista para 2014?
Primeiro, acho um grande equ�voco essa quest�o de vincular o resultado das elei��es em S�o Paulo � sucess�o presidencial. At� porque, em 2008, venci as elei��es para prefeito. Em 2010, o Serra perdeu a elei��o para presidente. O Lula, em 2008, perdeu a elei��o de prefeito e, em 2010, elegeu a Dilma presidente. Cada elei��o fala por si s�. O tempo passa, as circunst�ncias mudam, e o que est� em jogo este ano aqui � a elei��o da cidade. Eu, todos sabem, apoio o Serra n�o apenas por lealdade, mas tamb�m por convic��o. Entendo que � um dos homens p�blicos mais bem preparados do pa�s. Ele vencendo, teremos um prefeito que j� conhece todos os problemas, que j� resolveu v�rios dos problemas da cidade. Essa � a raz�o do meu otimismo com a sua vit�ria e o meu entusiasmo com a candidatura.
E qual � esse projeto que o senhor vislumbra?
� dif�cil saber com tanta anteced�ncia. Precisamos esperar o resultado das elei��es municipais, as circunst�ncias municipais, o desempenho da presidente Dilma, do seu governo. Se Dilma tiver um bom desempenho, por que n�o apoi�-la? Vamos ter muita isen��o nessa an�lise.
Quais problemas est�o resolvidos em S�o Paulo?
Os problemas se resolvem por partes. A sa�de, por exemplo, n�o est� resolvida em lugar nenhum do mundo. Mas muitos avan�os que aqui ocorreram tiveram a participa��o do Serra. Ele, por ter ocupado o cargo de ministro da Sa�de, um dos melhores que o Brasil j� teve, conhece bem pol�ticas p�blicas.
O fato de o senhor apoiar Jos� Serra hoje n�o significa que o senhor seguir� com os tucanos em 2014...
De maneira alguma. Temos um compromisso assumido com todos aqueles que vieram para o PSD, que se somaram a um projeto iniciado, num primeiro momento aqui, em S�o Paulo. Depois, a ideia se consolidou. O partido nasceu na Bahia, com o vice-governador Otto Alencar, em parceria com o governador Jaques Wagner. Portanto, um partido que tem companheiros que vieram de uma campanha presidencial apoiando a Dilma. Outros, como eu, que vieram no apoio ao Serra, n�o podiam ter engessadas suas posi��es pol�ticas ao longo de 2012, 2013 e 2014. At� 2014, seremos independentes. Independente n�o significa que n�o possa votar com o governo. Ali�s, sempre digo, o natural � que na maior parte dos projetos que o governo encaminhar ao Congresso haja nosso apoio, porque n�o � poss�vel que um governo queira encaminhar projetos que entenda serem ruins para o pa�s. A oposi��o sempre tem uma predisposi��o para votar contra. Falo predisposi��o porque tinha uma diverg�ncia s�ria com o DEM no passado, que votava sempre contra.
O senhor acredita em chapa pura do PSDB aqui em S�o Paulo?
Em princ�pio, a minha sensibilidade pol�tica diz que n�o seria positivo. Existe uma tradi��o no Brasil, de que a alian�a tamb�m � traduzida na composi��o da chapa. Se tem uma alian�a de quatro, cinco, seis partidos, colocar o prefeito e o vice da mesma legenda n�o � natural. Serra saber� avaliar isso, tem o maior interesse na pr�pria vit�ria, na representatividade da chapa. A sua decis�o ser� a nossa. Mas, em princ�pio, acho que n�o � esse o melhor encaminhamento.
A presidente Dilma enfrenta dificuldades pol�ticas em Bras�lia. O senhor � visto como um ex�mio articulador. Que conselho o senhor daria a ela?
Ela se revelou com muito talento administrativo e pol�tico. Tanto � que se elegeu presidente da Rep�blica.
Mas, ela teve o apoio do presidente Lula...
Quem n�o tem talento pol�tico n�o se elege presidente da Rep�blica. Ela saber� fazer ao longo do tempo os ajustes necess�rios. At� porque, na administra��o p�blica, o administrador jamais encontra uma solu��o e diz: ‘T� resolvido’. No dia seguinte, essa mesma solu��o j� tem que passar por ajustes. A presidente saber� fazer esses ajustes. Tenho plena confian�a na sua sensibilidade. N�o estou entre aqueles que entendem que ela est� indo num processo irrevers�vel de afastamento da classe pol�tica.
Hoje, em Bras�lia, j� se fala numa carreira solo PSB-PSD, com Eduardo Campos candidato a presidente e o senhor como vice...
N�o acredito nesse projeto. Acredito que, para 2014, o quadro j� est� no rumo. Uma candidatura do PT, outra do PSDB. N�o posso dizer quem vai ser. Do PT, acho que ser� a Dilma. Do PSDB, n�o sei. S� posso afirmar que n�o ser� o Serra.
Por qu�? E se ele quiser ser candidato a presidente?
Ele n�o ser�. Afirmo que n�o ser�. Tenho condi��es, melhor do que muitos, de afirmar isso, porque � para minha sucess�o, � o nosso candidato, tenho assistido a depoimentos dele, a conversas dele. A garantia � total e absoluta. � zero a chance. Ele abandonou o projeto de presidente da Rep�blica. Ele fez uma op��o de vida, de voltar todas as energias para a cidade de S�o Paulo. Isso, para n�s, � um grande ganho. Ele est� muito motivado. Nunca negou que tinha o sonho de ser presidente da Rep�blica, ali�s, leg�timo, por sua forma��o, sua experi�ncia na vida p�blica. Mas todos n�s temos sonhos que n�o alcan�amos. Serra hoje n�o tem mais esse sonho. Sabe que n�o ser� presidente. E isso n�o diminui em nada a carreira que ele tem.
Ent�o, o presidenci�vel do PSDB � A�cio Neves?
Na minha vis�o, � o prov�vel candidato do PSDB. Mas estamos no campo da probabilidade. O partido ir� fazer as suas pr�vias, n�o sou do PSDB. � mais f�cil eu me manifestar em rela��o ao PT, porque a Dilma � a presidente. � natural que seja candidata � reelei��o. Seria um atrevimento me manifestar em rela��o a qualquer outro partido.
Mas, ouve-se muito em Bras�lia, entre os pol�ticos, que ela � dif�cil, que com ela n�o d�...
N�o vejo a Dilma afastada da classe pol�tica, nem hoje nem amanh�. Em rela��o ao PSDB, � natural o A�cio se consolidar. � natural, mas n�o � definido. O Brasil caminha para ter uma candidatura com Dilma representando o governo e A�cio, a oposi��o.
Como o retorno do presidente Lula para a campanha influencia a disputa?
Paulistana e brasileira, n�? Vejo com muito entusiasmo. Sua vinda s� contribui para a nossa democracia, apoiando seus candidatos, ganhando em alguns lugares e perdendo em outros. Isso n�o quer dizer que os candidatos se sintam vitoriosos. Na elei��o municipal, principalmente, o que pesa muito � o candidato, o conhecimento que ele tem dos problemas da cidade, o sentimento que desperta nas pessoas de capacidade, de possibilidade de composi��o de equipe de excel�ncia, ainda mais numa cidade como S�o Paulo. Que candidato n�o gostaria de ter o apoio do presidente Lula, com a sua dimens�o, com a sua credibilidade? Mas n�o � o que define uma elei��o. O que pesa � a qualidade do candidato.
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