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Estado de Minas

Di�logos mostram que Dem�stenes era 'quebra-galhos' de bicheiro

Adulado com propinas de cerca de R$ 3 milh�es e mimos como passeio de avi�o, vinhos car�ssimos, home theater e festa com foguet�rio, senador cumpria ordens do bicheiro


postado em 03/05/2012 06:00 / atualizado em 03/05/2012 07:34

Demóstenes fazia de tudo a pedido do bicheiro: de acompanhar parceiros a travar contato com ministros(foto: 18/08/2009 Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press)
Dem�stenes fazia de tudo a pedido do bicheiro: de acompanhar parceiros a travar contato com ministros (foto: 18/08/2009 Paulo H. Carvalho/CB/D.A Press)
O senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO), investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com a organiza��o criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, funcionava como um verdadeiro despachante de luxo do chefe da jogatina no Brasil. Adulado com propinas de cerca de R$ 3 milh�es e mimos como passeio de avi�o, vinhos car�ssimos, home theater e festa com foguet�rio, Dem�stenes cumpria ordens do bicheiro, como acompanhar empres�rios em �rg�os do governo e intervir a favor de amigos da �rea de educa��o. O contraventor chegou at� a definir se o senador deveria comparecer a audi�ncias da Comiss�o de Infraestrutura, da qual ele era integrante permanente.

No dia 12 de julho, Dem�stenes Torres viveu uma verdadeira saia justa. Segundo di�logo interceptado pela Pol�cia Federal, Carlinhos Cachoeira determinou que o senador n�o comparecesse � sess�o da comiss�o que iria inquirir Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), sobre den�ncias de corrup��o envolvendo o Minist�rio dos Transportes e a c�pula da autarquia. Dem�stenes, que naquele momento era um dos principais cr�ticos do governo federal, fez de tudo para convencer o contraventor de que essa n�o era a melhor estrat�gia.

O medo de Cachoeira era de que, pressionado, o ex-diretor do Dnit terminasse por revelar que o senador Dem�stenes intercedeu para que Pagot se encontrasse com o ent�o presidente da Delta Constru��es, Fernando Cavendish, afastado do cargo no m�s passado. O tema do encontro era o interesse da Delta, que tem estreita liga��o com o contraventor, em abocanhar novos contratos com a Uni�o envolvendo obras no setor de transportes. Convencido da necess�ria presen�a de Dem�stenes, Cachoeira recomendou: “N�o aperta o homem. Cuidado com as perguntas”. N�o satisfeito, o bicheiro escolheu um intermedi�rio para justificar para Pagot a presen�a do senador na comiss�o durante o depoimento. A miss�o dele era deixar claro para o ex-diretor do Dnit que o parlamentar cumpria uma mera formalidade, mas continuava sendo um parceiro.

Com tantos neg�cios, Cachoeira usou Dem�stenes Torres para servir de acompanhante a um de seus parceiros, o empres�rio Rossini Aires Guimar�es, que tinha pend�ncias no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama). Em um telefonema, o senador se colocou � disposi��o prontamente e quis apenas saber o hor�rio marcado, j� que tinha uma viagem agendada para as 17h. Cachoeira, que desconhecia a pretens�o de Rossini, informou que o encontro aconteceria duas horas antes do embarque do senador.

Em um segundo telefonema, nove horas depois do primeiro, que aconteceu � meia-noite, Dem�stenes se mostrou ainda mais sol�cito para atender Cachoeira. Ainda sem conhecer a demanda do empres�rio, diz: “Eu t� achando que esse trem do Ibama n�o vai resolver nada pra ele, n�o. T� �s ordens, mas acho melhor ir por cima. Eu tenho bom acesso � ministra (Isabela Teixeira, que comanda a pasta do Meio Ambiente).” A ideia atraiu o contraventor.

Faculdade

O bicheiro pediu ao senador tamb�m que fizesse lobby no Minist�rio da Educa��o para resolver pend�ncias envolvendo a Faculdade Padr�o, de propriedade de Walter Paulo. Nas escutas, Dem�stenes revelou ter cumprido as ordens do contraventor e conversado com Jos� Paim Fernandes, secret�rio-executivo da pasta, na tentativa de conseguir um encontro com o ent�o ministro, Fernando Haddad.

No dia 12 de julho, o bicheiro ligou para o senador perguntando se ele havia conseguido falar com o ministro. "N�o deram not�cia n�o. Vou cobrar hoje de novo. Eu at� tinha pedido uma audi�ncia pra ele (ministro). Falei com o Paim, que � o secret�rio-executivo dele. Vou cobrar l�", disse o senador. No ano passado, um pedido da faculdade para criar um curso de medicina foi negado pelo MEC.

Di�logo

Dia: 14/04/2011
Hora: 00h15

Cachoeira: O Rossini vai t� a� amanh�. V� com ele l� no Ibama.
Dem�stenes: Uai, tranquilo.
Cachoeira: Tentei falar com voc� mais cedo.
Dem�stenes: Pra ir ao Ibama, por qu�?
Cachoeira: Ao Ibama. J� t� marcado l�. Voc� pode acompanhar ele l�.
Dem�stenes: Ah, t�. Que hora?
Cachoeira: Tr�s horas.
Dem�stenes: Meu voo � �s cinco. Tem que ver como � que faz. Eu vou l� com ele. Cinco, d� pra ir. Fala pra ele chegar e me procurar.

Dia: 14/4/2011
Hora: 09h44

Dem�stenes: �… me diga uma coisa. O que que � o neg�cio do Rossini? Ele tinha falado comigo. N�s t�nhamos ficado de ir � ministra a hora que ele quisesse. Ele ia consultar o advogado…
Cachoeira: Eu n�o sei n�o. Eu vou falar para ele te chamar no r�dio a�, agora. Voc� fala com ele.
Dem�stenes: Na hora. Mande ele me procurar aqui. Eu t� achando que esse trem do Ibama n�o vai resolver nada pra ele, n�o. T� �s ordens, mas acho melhor ir por cima. Eu tenho bom acesso � ministra.
Cachoeira: � ministra?
Dem�stenes: Ministra! Ministra do Meio Ambiente. O Ibama � subordinado a ela, uai.
Cachoeira: Vou falar para ele te chamar a�. Obrigado, a�.


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