O delegado da Pol�cia Federal Raul Alexandre Marques Sousa classificou na noite de ter�a-feira, no depoimento reservado � CPI do Cachoeira, como “verdadeira met�stase” a atua��o do grupo comandado pelo contraventor. Nas seis horas de reuni�o com os parlamentares, Sousa detalhou a forma de agir do grupo, que, aos moldes das m�fias, pagava regularmente propina a servidores p�blicos por informa��es e n�o admitia que os integrantes se apropriassem de recursos do esquema de jogos ilegais.
Segundo parlamentares que acompanharam o encontro, Sousa afirmou que a Opera��o Vegas, que comandou, teve 55 alvos entre 2008 e 2009. Foram realizadas 61.803 liga��es, num total de 1. 388 horas de grava��o durante os 60 dias de intercepta��es telef�nicas autorizadas pela Justi�a. Isso d�, nas contas do delegado, 1.030 liga��es feitas por dia. O chefe do esquema, Carlinhos Cachoeira, teve 234 horas de conversas interceptadas, uma m�dia de quatro horas di�rias no per�odo.
Segundo Sousa, o “grupo poderoso”, principalmente seu l�der Carlinhos Cachoeira, tinha grande preocupa��o com o vazamento de informa��es. Por precau��o, Cachoeira sempre trocava de telefones. O delegado admitiu aos integrantes da comiss�o que essas constantes trocas dificultavam a continuidade das apura��es. Mas a sorte virou quando o grupo passou a usar os famosos Nextel. Esses aparelhos n�o s�o imunes � intercepta��o dos �udios, apenas os registros das liga��es s�o apagados.
Direto do escrit�rio
“Era uma verdadeira met�stase”, classificou o delegado. Na ocasi�o, as investiga��es j� mostravam a rela��o de Cachoeira com a empreiteira Delta. O contraventor j� foi visto despachando mat�rias no escrit�rio da Delta em Goi�nia, onde atuava Cl�udio Abreu. Cachoeira tamb�m, segundo indicaram as escutas telef�nicas, tinha interesse na compra de bens em Miami. Mas, no depoimento, o delegado disse que a movimenta��o do grupo n�o conseguiu ser mapeada porque n�o foi pedida a quebra do sigilo banc�rio do contraventor e das empresas do grupo.
O delegado disse que a apura��o da PF parou no momento em que apareceram as conversas com parlamentares com prerrogativa de foro, como o senador Dem�stenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO). O caso foi remetido ao procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, em meados de 2009. Mas a mulher dele, a subprocuradora Cl�udia Sampaio, avaliou que n�o havia ind�cios suficientes para que a apura��o contra essas autoridades continuasse no Supremo Tribunal Federal (STF).
“N�o tenho conhecimento de devolu��o para a primeira inst�ncia”, respondeu o delegado, quando perguntado por um parlamentar se soube da volta do inqu�rito da Opera��o Vegas. Ele disse ter colaborado posteriormente com a Opera��o Monte Carlo, que acabou por prender, em fevereiro passado, Cachoeira e seu grupo.