
Tr�s semanas depois de liberar um pacote de recursos para a recupera��o de rodovias em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, no valor de R$ 4,3 bilh�es, a presidente Dilma Rousseff (PT) desembarca hoje em Belo Horizonte para anunciar investimentos na �rea de transporte. No entanto, o valor que ser� liberado ainda se refere ao primeiro passo para uma das obras mais esperadas por cerca de 120 mil motoristas que transitam diariamente pelo maior corredor vi�rio da capital. A elabora��o do projeto executivo para o Anel Rodovi�rio Celso de Mello Azevedo, estimada em R$ 17 milh�es, vai dar in�cio ao processo licitat�rio da via, mas as obras dificilmente come�ar�o a sair do papel antes do segundo semestre do ano que vem e t�m previs�o de entrega s� para depois da Copa do Mundo de 2014.
O termo de compromisso que ser� assinado hoje entre a presidente e o governador Antonio Anastasia (PSDB) prev� a transfer�ncia da administra��o do anel para o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), �rg�o vinculado ao governo de Minas, que ficaria respons�vel pela licita��o e execu��o das obras. O edital, que ser� publicado para a elabora��o do projeto depois que o conv�nio for assinado, prev� melhorias em toda a extens�o da via, com alargamento de alguns trechos, eliminando gargalos que representam perigo aos motoristas, cria��o de vias marginais, viadutos e passarelas. A expectativa � de que, com a libera��o dos recursos federais e sob responsabilidade do governo estadual, o andamento da licita��o seja mais r�pido, uma vez que sob a gest�o do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) o projeto permaneceu por dois anos empacado.
“O tr�fego urbano cresceu muito nos �ltimos anos e tende a crescer ainda mais, o que torna as vias marginais essenciais para o tr�nsito em corredores movimentados como o anel. Tamb�m seria preciso rever os principais acessos que ligam o rodovia �s avenidas da cidade. O que temos hoje s�o trevos incompletos que atrapalham a circula��o geral, at� mesmo de ve�culos que n�o transitam pela via. Na Pedro II, Amazonas, Via Expressa e Teresa Cristina, percebemos v�rias situa��es de caos que n�o podem ser evitadas por aus�ncia de alternativas no anel”, explica Paulo Rog�rio Monteiro, do Departamento de Engenharia de Transportes da PUC Minas.
As estimativas levantadas pelo projeto executivo elaborado pelo Federa��o das Ind�strias de Minas Gerais (Fiemg) e que foram revisadas depois que o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) observou irregularidades em 12 pontos, calculavam o valor total da obra em cerca de R$ 650 milh�es. Mas a nova diretoria do Dnit – os atuais integrantes tomaram posse depois do esc�ndalo que resultou na demiss�o de toda a c�pula do �rg�o em julho do ano passado – n�o autorizou a utiliza��o do projeto para o lan�amento das licita��es das obras e determinou que um novo documento fosse elaborado.
Com as recorrentes trag�dias dos �ltimos anos – s� no ano passado foram registrados mais de 3 mil acidentes e 33 pessoas morreram –, no primeiro semestre de 2012 o anel foi palco de grandes transtornos para a popula��o da capital. Por cinco meses, a via ficou interditada depois que uma parte do Viaduto S�o Francisco trincou, causando congestionamentos di�rios para quem passava no sentido Vit�ria. No m�s passado, o transtorno aconteceu duas vezes para quem ia no sentido contr�rio, primeiro com um acidente com um caminh�o que fechou a pista no sentido Rio de Janeiro; e causou um engarrafamento de 50 quil�metros, quando um caminh�o de 274 toneladas que ocupava tr�s faixas do anel quebrou na altura do Bairro Buritis e bloqueou a via por mais de tr�s horas.
Solu��o definitiva ainda est� distante
Se por um lado a revitaliza��o do Anel Rodovi�rio � vista como fundamental para garantir a seguran�a dos motoristas que passam pela via, por outro especialistas ressaltam que as obras n�o ser�o suficientes para resolver de vez o problema do corredor. “Al�m da falta de infraestrutura f�sica, vis�vel em v�rios trechos da rodovia, � preciso destacar tamb�m que o anel hoje recebe ve�culos de caracter�sticas completamente diferentes. Temos hoje tr�fego urbano, com ve�culos que circulam por Belo Horizonte, e tr�fego de passagem, com ve�culos que n�o v�o entrar na cidade, mas s� t�m o anel como op��o de rota. O fundamental � desviar esses ve�culos”, aponta o engenheiro Paulo Rog�rio, da PUC Minas.
Essa ressalva deve ser feita pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB) durante o encontro de hoje com a presidente Dilma Rouseff, refor�ando a necessidade de aliviar o tr�nsito pesado de caminh�es e carretas que circulam ao lado de ve�culos de passeio no trecho que sobrep�e tr�s das principais BRs do estado – 381, 040 e 262. “A tend�ncia � de que o anel se transforme cada vez mais em uma avenida, que j� n�o comporta os ve�culos que passam por l� atualmente. Vamos aproveitar para conversar sobre o Anel Metropolitano (tamb�m conhecido com Rodoanel), uma nova via circundando a cidade”, explicou Lacerda.
A op��o considerada fundamental para desafogar o tr�nsito do anel no entanto, est� ainda mais distante de sair do papel. Existe apenas um estudo b�sico sobre o tra�ado por onde passaria o Rodoanel. O pr�-projeto prev� um trecho de 67,5 quil�metros na al�a Norte, que passaria por Betim, Contagem, Ribeir�o das Neves, Pedro Leopoldo, S�o Jos� da Lapa, Vespasiano, Santa Luzia e Sabar�, e na Al�a Sul, outros 35 quil�metros de via ligando Betim, Ibirit� e a capital. Como a obra n�o foi inclu�da no Plano Plurianual (PPA) 2012–2015 n�o existem recursos previstos para os pr�ximos anos. No levantamento do Dnit, o Rodoanel reduziria em 30% o fluxo de ve�culos do Anel Rodovi�rio, al�m de 60% da ocupa��o do corredor, uma vez que a grande maioria dos ve�culos desviados seria de grande porte. (Colaborou Leonardo Augusto)