A propina paga ao ex-diretor-geral do Tribunal de Justi�a de Minas Luiz Carlos Gon�alo El�i, em troca de um contrato milion�rio com o Judici�rio, foi parar em pelo menos outras duas contas banc�rias. Parte das transfer�ncias de R$ 315 mil, cobradas por El�i para fraudar licita��o para fornecimento de caf� e selo de autentica��o, tiveram como destino a conta de Yuri Pinto Soares, propriet�rio da Construtora Melo Soares Ltda, e da empresa Alex Andrade Carvalho, instalada no Shopping Oiapoque, no Centro, especializada em pr�-impress�o.
A suspeita � de que as contas sejam de laranjas usados para n�o levantar suspeita sobre o servidor. Afastado de suas fun��es desde o dia 2, El�i � investigado desde fevereiro pelo TJ por irregularidades e ainda � alvo de apura��o no Conselho Nacional de Justi�a por suspeita de il�citos no processo para constru��o da nova sede do Judici�rio.
De acordo com os documentos enviados ao Minist�rio P�blico estadual, Yuri recebeu R$ 10 mil e a empresa Alex foi beneciada com R$ 90 mil. O restante teve como destino a conta do servidor. As sete transfer�ncias banc�rias tiveram valor de at� R$ 100 mil, para evitar a comunica��o obrigat�ria da transa��o ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Os recibos registram que os dep�sitos foram feitos entre 9 e 16 de dezembro e, em alguns dias, as contas foram alimentadas com os valores com apenas alguns minutos de diferen�a de uma para outro. Um exemplo s�o as tr�s transfer�ncias banc�rias de 14 de dezembro pelo empres�rio. El�i recebeu R$ 25 mil �s 14h21; Alex, R$ 15 mil �s 14h24; e Yuri, R$ 10 mil �s 14h27. El�i � investigado pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justi�a de Combate ao Crime Organizado, que j� fez v�rias dilig�ncias. As investiga��es est�o sob segredo de Justi�a.
A troca de propina pela licita��o veio � tona depois que El�i foi denunciado pelo empres�rio, que, mesmo depois de fazer o pagamento total de R$ 360 mil, n�o conseguiu fechar o contrato com o TJ, conforme o acertado. No v�deo gravado pelo empres�rio – cujo nome � mantido em sigilo –, em abril, o servidor diz que, mesmo que o contrato com o TJ n�o saia, ele vai restituir os valores recebidos. Para isso, oferece promiss�ria no valor de R$ 410 mil como garantia, mas revela que a import�ncia vir� de outro contrato que ele est� intermediando. Desta vez, revela El�i durante grava��o, seria um contrato com a Caixa, para o programa Minha casa, minha vida, do governo federal. Ele diz que tem uma empresa de um amigo que j� fez o projeto para receber R$ 22 milh�es. A suspeita � de que seria usado a construtora de Yuri para dar fachada legal ao neg�cio. Com isso, sua comiss�o seria de 5%.
DEFESA Yuri – que al�m da Construtora Melo Soares tem registrado em seu nome a Soares, Costa Kruel Consultoria Empresarial Ltda –, diz que n�o tem qualquer v�nculo com El�i. Ele alega que o dep�sito de R$ 10 mil feito em sua conta pelo empres�rio � referente � presta��o de um servi�o de consultoria tribut�ria. “Recebi o pagamento pelo trabalho que fiz e n�o verifiquei a origem do dinheiro”, afirma, sem revelar o nome do seu contratante, que seria uma pessoa f�sica. Bacharel em direito, Yuri diz que a construtora, que tem o mesmo endere�o da casa em que vive hoje, est� inativa h� 15 anos e que ia encerrar seu registro. “N�o sei de nada disso. Apenas vi o El�i algumas vezes, mas nunca conversamos”, finalizou. O EM tentou falar tamb�m com o propriet�rio da empresa Alex, sem sucesso.
O advogado de El�i, Arivaldo Resende J�nior, diz que o servidor est� com depress�o e por isso foi afastado do trabalho por 60 dias, mas recebe remunera��o. Ele nega qualquer desvio de conduta do cliente. De acordo com o TJ, al�m da apura��o na �rea criminal, El�i responde a processo administrativo disciplinar.