Depois de promover, em 48 horas, a articula��o pol�tica que resultou no lan�amento da candidatura de Patrus Ananias � prefeitura de Belo Horizonte, a presidente Dilma Rousseff prepara agora a "opera��o Beag�". A estrat�gia consiste em carimbar Patrus, que foi ministro do Desenvolvimento Social e Combate � Fome no governo Lula, como "pai do Bolsa Fam�lia", um dos programas mais bem avaliados da administra��o petista.
Na briga com o senador A�cio Neves (PSDB-MG), ex-governador de Minas e seu prov�vel advers�rio na disputa presidencial de 2014, a tamb�m mineira Dilma, nascida em Belo Horizonte, n�o poupar� esfor�os para eleger Patrus. A�cio apoia o atual prefeito, Marcio Lacerda (PSB), candidato � reelei��o, e � o principal respons�vel pela implos�o da alian�a local entre o PT e o PSB.
Para n�o ati�ar ainda mais a conflagrada base de sustenta��o do governo no Congresso, Dilma proibiu ministros de se envolverem em campanhas, nesse momento, mesmo fora do expediente. H� nove dias, por exemplo, ela mandou a ministra das Rela��es Institucionais, Ideli Salvatti, retornar de Fortaleza. Ideli estava na capital cearense para a inaugura��o do comit� do candidato petista � Prefeitura, Elmano Freitas, que enfrenta o PSB do governador Cid Gomes. Dilma quis evitar confus�o.
Xod�
Diante dos personagens envolvidos no contencioso mineiro, "Beag�" tornou-se o xod� de Dilma. � l� sua terra natal, o reduto de A�cio, o segundo maior celeiro de votos do Pa�s depois de S�o Paulo e o polo irradiador de sua articula��o para o projeto de 2014. Al�m disso, se o PT reconquistar Belo Horizonte o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento), amigo da presidente, ganha for�a para lan�ar a candidatura ao governo de Minas, daqui a dois anos.
Em S�o Paulo, na luta contra o PSDB, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ser� o principal cabo eleitoral do candidato do PT � Prefeitura, Fernando Haddad, que enfrentar� o ex-governador tucano Jos� Serra.
� certo que Dilma emprestar� a Haddad, ex-ministro da Educa��o, apoio muito maior do que mensagens gravadas para a propaganda na TV. Mesmo assim, como n�o quer atrito com o PMDB do vice-presidente Michel Temer - padrinho da candidatura de Gabriel Chalita -, ela ainda avalia a melhor forma de entrar na cena paulistana.
A situa��o � diferente em Belo Horizonte. Com o PMDB a seu lado, Dilma j� chamou o marqueteiro Jo�o Santana - o mesmo de Haddad - para ajudar Patrus.
Em conversas reservadas, A�cio disse ter ficado "muito surpreso" com o empenho da presidente para transformar Patrus em candidato de �ltima hora. Na opera��o, Dilma conseguiu o aval do PMDB e desfez a parceria do PSD do prefeito de S�o Paulo, Gilberto Kassab, com Lacerda.
"Eu preciso fazer um agrado a Dilma", admitiu Kassab, quando patrocinou a interven��o no PSD de Belo Horizonte, obrigando o novo partido a apoiar Patrus. Houve racha e a pendenga ainda est� na Justi�a.
"Dilma � uma �tima mineira mesmo. Pensa tanto em Minas que s� leva ga�cho para o governo", ironiza A�cio. "O senador pode ficar tranquilo porque n�o vamos coloc�-lo no ringue agora", devolve o presidente do PT de Minas, Reginaldo Lopes.
Aos 60 anos, ex-prefeito de Belo Horizonte (1993 a 1996) e ex-ministro do Desenvolvimento Social, o advogado Patrus � o t�pico mineiro que trabalha em sil�ncio. No governo Lula foi o respons�vel pelo Bolsa Fam�lia, mas n�o integrou a equipe de Dilma. Nos bastidores do Planalto, o coment�rio � que a presidente n�o quis levar a desaven�a entre ele e Pimentel para a Esplanada.
Foi Pimentel quem sugeriu a uni�o entre o PT, o PSB de Lacerda e o PSDB de A�cio, em 2008. Patrus foi contra e perdeu. Em 2010, sofreu nova derrota para Pimentel e, a pedido de Dilma, aceitou ser vice na chapa de H�lio Costa (PMDB) ao governo de Minas. Perdeu. "N�o tenho olhos cobi�osos", diz Patrus, que vai associar sua imagem � de Dilma e Lula. "Nossa ideia � evidenciar a import�ncia da capital mineira no cen�rio nacional."
Na cal�ada
Antes de assinar o div�rcio com o PT e comprar briga com a dire��o do PSB, comandada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Lacerda convidou Pimentel, os deputados petistas Reginaldo Lopes e Miguel Corr�a e o presidente do PSB de Minas, Walfrido dos Mares Guia, para uma conversa em seu apartamento.
Era o dia 30 de junho e, ao chegar � esquina do pr�dio, o prefeito mudou de ideia. "Vamos falar aqui mesmo", afirmou. "Mas na cal�ada?", retrucou Lopes. O grupo seguiu, ent�o, para o Armaz�m Medeiros. No mezanino do bar, todos ouviram, perplexos, o desabafo de Lacerda, que admitiu a press�o de A�cio para o rompimento. "Eu n�o aguento mais essa briga entre o PT e o PSDB" confidenciou. "Vou fazer a escolha de Sofia." E assim fez.