No mesmo dia em que os ministros do Supremo Tribunal Federal iniciaram um erudito e acalorado debate na sess�o inicial do julgamento do mensal�o, o ex-tesoureiro do PT Del�bio Soares inovou no estilo e literalmente rasgou o verbo para novamente negar a exist�ncia de um esquema de compra de votos no Congresso Nacional durante o governo Lula.
Del�bio, reconhecido pela fidelidade que sempre devotou ao PT, parecia inspirado pela fala rebuscada que costumam utilizar os ministros da Suprema Corte brasileira. O ex-tesoureiro utilizou seu blog na internet para criticar a imprensa e afirmar que est� “isento da companhia insalubre” de quem tenta transformar o julgamento do mensal�o em um “circo midi�tico”.
O ex-tesoureiro � citado no processo como integrante do n�cleo pol�tico do esquema do mensal�o. Ele � acusado de forma��o de quadrilha e corrup��o ativa. Apesar disso, manteve-se firme na tese do ex-presidente Lula, que, ao deixar a Presid�ncia da Rep�blica, disse que se ocuparia em provar que o mensal�o n�o existiu. “N�o houve a compra de partidos pol�ticos, de senadores ou de deputados para que votassem mat�rias de interesse do governo. N�o existiu ‘mensal�o’ nenhum. N�o existe o enriquecimento de nenhuma das pessoas denunciadas na A��o Penal 470”, destacou no texto no blog de Del�bio.
Ao final, Del�bio disse acreditar na Justi�a. “N�o creio na judicializa��o da vida institucional. Nem creio na politiza��o do Poder Judici�rio. Creio na Justi�a de meu pa�s como creio em Deus e no meu povo. E essa cren�a vem do cora��o, da alma, do esp�rito de luta e dos ideais que movem minha vida p�blica e acalentam a imorredoura confian�a na verdade”, escreveu.
Ao longo de 11 par�grafos, al�m de rejeitar a exist�ncia do mensal�o, Del�bio refor�ou seu papel de cumpridor de ordens do partido. Ele citou novamente afirma��es suas a colegas do PT em maio de 2009. “Escolhi os caminhos a serem percorridos e aceitei os riscos da luta. Mas n�o fui, sen�o, em todos os instantes, sem exce��o, fiel cumpridor das tarefas que me destinou o PT.”
Fiel sobretudo ao discurso da nega��o da exist�ncia do esquema de compra de votos, ele chegou a comparar o esc�ndalo do qual � acusado de integrar ao lado de outros 37 r�us com tentativas de golpes cometidas contra outros presidentes do Brasil. “Ontem era o ‘mar de lama’ contra Get�lio, a ‘maioria absoluta’ contra JK, a ‘rep�blica sindicalista’ contra Jango. Hoje, � o ‘mensal�o’”, afirmou o ex-tesoureiro.