Bras�lia – De maio a dezembro de 1992, quando se desenrolou uma das maiores crises institucionais do pa�s desde o in�cio da Rep�blica, o ent�o vice-presidente Itamar Franco, que comp�s a chapa com Fernando Collor de Mello em 1989, manteve a discri��o e o respeito ao ent�o presidente. Em maio, Collor viu seu governo come�ar a desmoronar com a instala��o de uma comiss�o parlamentar mista de inqu�rito (CPMI) para investigar desvios de recursos de campanha e corrup��o cometidos pelo tesoureiro e pessoa de sua confian�a, Paulo Cesar Farias, o PC Farias.
Durante esse per�odo, Itamar Franco acompanhou de longe o desenrolar da crise. Mesmo com seus principais assessores da Vice-Presid�ncia, como Henrique Hargreaves, a quem sempre se dirigiu como “irm�o”, Itamar desconversava sempre que o assunto vinha � tona.
“Durante todo o processo ele [Itamar Franco] n�o conversava com ningu�m. Mesmo quando a crise aprofundou-se, eu disse a ele que deveria estar preparado porque poderia ter que assumir a Presid�ncia da Rep�blica. Itamar foi taxativo: "N�o, isso n�o � assim e o governo vai saber sair disso”, relatou Hargreaves � Ag�ncia Brasil.
Em 2 de outubro daquele ano, ao assumir provisoriamente a Presid�ncia da Rep�blica em decorr�ncia do pedido de afastamento do ent�o presidente Collor, Itamar permaneceu no gabinete da Vice-Presid�ncia. A partir da tramita��o do processo de impeachment no Senado, j� autorizado pela C�mara, ele “se fechou” ainda mais com seus assessores.
Mesmo assim, Itamar Franco manteve um pequeno n�cleo, incluindo Hargreaves, com quem discutia a crise. N�o eram raros os momentos em que a sua assessoria de imprensa ligava para alguns poucos jornalistas que cobriam a Presid�ncia da Rep�blica para “tomar um cafezinho com o presidente”. Essa era a senha para conversas em off com esses rep�rteres e mesmo quando indagado sobre a sua efetiva��o no cargo a partir da cassa��o de Collor, o presidente em exerc�cio apenas olhava vagamente para um ponto qualquer.
Henrique Hargreaves lembrou, ainda, dos momentos cruciais para Itamar Franco, logo ap�s a queda definitiva de Collor, em 29 de dezembro de 1992. De imediato ele convocou todos os presidentes dos partidos pol�ticos para uma reuni�o no Pal�cio da Alvorada. Na conversa, acompanhada por Hargreaves, ele disse que n�o buscou a Presid�ncia e, caso os partidos n�o lhe garantissem a governabilidade at� a elei��es presidenciais de 1994, convocaria elei��es gerais de imediato.
Hargreaves recordou que o mesmo pedido foi feito por Itamar, em uma segunda ocasi�o, aos l�deres partid�rios do Congresso. “Nessa reuni�o, o pr�prio Lula disse que a governabilidade estaria garantida. Isso [as consultas aos presidentes e l�deres dos partidos] n�o teve como esticar muito. Tinha que ser resolvido com urg�ncia.”
Na composi��o do seu governo, o j� presidente do mandato tamp�o de dois anos dividiu os 12 minist�rios entre os partidos que aceitaram integrar sua base parlamentar e buscou nessas legendas nomes “dentro do perfil” de cada pasta. Ele manteve em sua cota pessoal, al�m dos ministros com assento na Presid�ncia, como Casa Civil e Secretaria-Geral, os minist�rios da �rea econ�mica, os militares, o da Sa�de e o da Educa��o.