A rixa hist�rica entre as pol�cias Militar e Civil de Minas Gerais dever� ganhar novos rounds a partir do pr�ximo ano. Dois representantes das duas corpora��es, eleitos vereadores no �ltimo domingo, o delegado Edson Moreira, 53 anos, e o coronel reformado Edvaldo Piccinini, 67 anos, prometem travar debates acalorados no plen�rio da C�mara Municipal em fun��o de posi��es divergentes sobre a seguran�a p�blica na capital. Moreira quer armar a Guarda Municipal e coloc�-la tamb�m no policiamento ostensivo e preventivo, hoje prerrogativa constitucional da Pol�cia Militar. “Por que n�o? � s� treinar, como faz a Pol�cia Militar e a Pol�cia Civil”, responde o delegado.
Piccinini refuta, por sua vez, a proposta do futuro colega de Parlamento e aposta em um trabalho educativo nas comunidades das periferias da cidade. “Podemos transformar os campos de v�rzea em centros de conviv�ncia”, contrap�e o coronel reformado. Quando questionados de forma incisiva sobre as propostas que defendem, Moreira reage pedindo que as suas palavras “n�o sejam deturpadas”. Por seu turno, Piccinini prefere desligar o telefone. Alguns minutos depois de interromper a liga��o, o coronel reformado ligou para a reportagem justificando que “a bateria do celular tinha acabado”.
Leia as entrevistas dos dois policiais e vereadores eleitos, cujos partidos fizeram parte da coliga��o BH Segue em Frente, que reuniu 19 agremia��es que apoiaram a candidatura � reelei��o do prefeito Marcio Lacerda (PSB). 
O que faz um policial deixar a Pol�cia Civil para se tornar um parlamentar?
Eu n�o estou deixando a Pol�cia Civil.
Mas o senhor vai se licenciar?
Possivelmente. Se eu arrumar um hor�rio compat�vel, que d� para eu trabalhar na Pol�cia Civil e na C�mara, eu fa�o. Se n�o der, fico s� na C�mara.
E como vai ser o trabalho como parlamentar?
As leis est�o sendo muito mal elaboradas e chegou a hora de fazermos leis condizentes com o momento, para atacar na �rea de repress�o, preven��o e de educa��o.
A seguran�a p�blica n�o � uma prerrogativa do munic�pio...
Mas � dever dele.
H� um limite constitucional...
N�o existe limite constitucional, n�o. Compare com outros munic�pios, at� de Minas Gerais mesmo, e do pa�s, como S�o Paulo, onde a Guarda Municipal atua na seguran�a p�blica e armada. Na �poca do PCC (em S�o Paulo, organiza��o criminosa batizada de Primeiro Comando da Capital) estavam matando muita gente e, em muitas situa��es, houve a atua��o da Guarda Municipal. Ent�o, � o seguinte: a guarda pode atuar no policiamento ostensivo e preventivo.
O senhor est� defendendo o armamento da Guarda Municipal...
Estou defendendo a Guarda Municipal auxiliar � Pol�cia Militar. Por que fa�o isso? Porque o n�mero de ocorr�ncias de crimes est� gritante, aumentando a cada dia e a Pol�cia Civil est� trabalhando em demasia. Se a Pol�cia Civil est� trabalhando muito � porque os crimes n�o est�o sendo prevenidos. S�o muitas as fun��es para a Pol�cia Militar e a Guarda tem que auxiliar na preven��o de crimes.
Al�m do armamento da Guarda Municipal....
N�o deturpe a mat�ria... N�o � armamento da Guarda Municipal, mas a coloca��o dela na preven��o de crimes. N�o quero colocar arma na m�o de ningu�m, n�o. Quero que ela atue na preven��o de crimes.
Mas isso implica em dar armas para a guarda, sim ou n�o?
Por que n�o? � s� treinar o homem, como faz a PM e a Pol�cia Civil, e colocar a arma na m�o dele. Qual o problema? Isso � para que eles possam atuar, n�o vejo nada de mal nisso. E sou contra tamb�m o estatuto do desarmamento. O povo tem o direito de escolher se quer comprar armas.
De acordo com relat�rio de comiss�o da C�mara, a Guarda Municipal se tornou um feudo da PM...
Exatamente. A Pol�cia Militar n�o tem nada que interferir. Aposto que ela tem v�rios documentos reservados contra a Guarda Municipal. Ela (Pol�cia Militar) acha que est� perdendo espa�o. N�s temos que pensar � na popula��o.
O senhor acha que vai comprar briga com a corpora��o?
Se tiver, vou comprar briga, porque a popula��o me passou uma procura��o para que eu a defenda.
O caso do ex-goleiro Bruno ajudou a eleger o senhor?
O trabalho como delegado h� 23 nos em Minas Gerais me ajudou. Passei noites e noites em claro. Ent�o foi um conjunto. S�o v�rios casos, o caso Bruno � um dos que trabalhei.
Coronel Piccinini
A seguran�a p�blica n�o � prerrogativa do munic�pio. Diante dessa limita��o, o que o senhor vai poder fazer na C�mara Municipal?
Primeiro, eu pretendo ser um elo entre a Pol�cia Militar e o Corpo de Bombeiros e o poder p�blico municipal.
De que forma?
Certamente, os eleitores e a popula��o v�o mostrar as necessidades e os problemas de seguran�a que acontecem em cada bairro. N�s podemos fazer sugest�es, fazendo esse link com a Pol�cia Militar.
Mas, para isso, precisava ser eleito vereador?
Precisava, porque as reivindica��es da sociedade civil v�o estar mais assistidas por essa pessoa que � o vereador. Por exemplo, os campos de v�rzea, neles os traficantes est�o aliciando os menores. Podemos transformar os campos de v�rzea em centros de conviv�ncia.
O senhor defende uma parceria entre a Guarda Municipal e a Pol�cia Militar para o policiamento ostensivo e preventivo?
A gente tem a Guarda Municipal nas atividades que a Constitui��o determina para ela e a Pol�cia Militar tamb�m. A parceria � importante dentro dessas prerrogativas. A gente n�o pode atravessar nenhuma lei.
Est� em um relat�rio de uma comiss�o especial da C�mara, divulgado no ano passado, que a Guarda Municipal se tornou uma institui��o comandada por oficiais da PM reformados, que ocupam cargos comissionados na dire��o da guarda. Como � que o senhor encara o assunto?
� um assunto pol�mico. A nossa prud�ncia e a cultuada mineiridade v�o me aconselhar que, antes de emitir qualquer opini�o, devo estud�-lo em todos os seus aspectos.
Existe uma reclama��o da entidade que representa a Guarda Municipal de que a institui��o reproduz a disciplina dos quart�is militares. O senhor acha que � uma cr�tica pertinente?
Preciso me inteirar desse tema para emitir uma opini�o.
O senhor � a favor de dar armas de fogo para a Guarda Municipal?
Pela sua pergunta s�o suposi��es... j� tem um projeto de lei para isso, n�? Eu quero estudar isso bem. N�o vou dar opini�o neste momento e, certamente, voc� n�o daria... (cai a liga��o).