Bras�lia- Pela primeira vez na hist�ria do Brasil o n�mero de mulheres candidatas a vereadora ultrapassou a marca dos 30%. Nas elei��es deste ano, do total de 448.413 candidatos, elas representaram 32,6%. Em compara��o ao pleito de 2008, houve um crescimento em n�meros absolutos de 69.312 e de 10,5 pontos percentuais na presen�a de mulheres em listas eleitorais. Mas se a presen�a feminina engrossou as op��es de voto, no resultado final das urnas o desempenho delas ainda est� muito atr�s do alcan�ado pelos homens.
Em 2009, o Congresso Nacional aprovou a minirreforma eleitoral (Lei 12.034/09). Pela nova lei, os partidos foram obrigados a preencher 30% das vagas em elei��es proporcionais com candidatos de um dos sexos. Antes, s� a reserva de 30% das vagas era obrigat�ria, o preenchimento efetivo n�o.
Para representantes do movimento feminista, existe uma contradi��o muito grande no resultado das elei��es municipais deste ano. Ao mesmo tempo que a lei de cotas est� sendo cumprida, o resultado final mant�m as mulheres na m�dia dos 12%. “� uma contradi��o para alguns que acreditavam que s� cumprindo as cotas o problema estaria resolvido. Isso faz a gente ter mais claro como � importante mudar as regras do sistema eleitoral. N�o tem cota que resolva se as regras continuarem da mesma maneira”, avaliou S�via Camur�a, da coordena��o da Articula��o de Mulheres Brasileiras (AMB).
Ainda segundo ela, este ano, muitas candidatas entraram na disputa s� para preencher cotas e livrar os partidos de problemas com a Justi�a Eleitoral. Tamb�m da articula��o de Mulheres Brasileiras Guaciara C�sar vai al�m, e diz que “em alguns casos foram candidaturas laranja e as que n�o foram n�o tiveram viabilidade pol�tica”. Mas os problemas n�o param por a�. As mulheres tamb�m reclamam da falta de condi��es materiais suficientes para realizar campanhas, da alta competi��o entre as candidaturas, e do fato dos gastos das campanhas eleitorais brasileiras estarem entre os mais altos do mundo.
Para a AMB a solu��o do problema depende de uma reforma eleitoral que passe a adotar regras como lista fechada com altern�ncia de sexo e financiamento exclusivamente p�blico de campanha. Para conseguir a mudan�a, a aposta das feministas � mobilizar em 2013 a sociedade, especialmente nas redes sociais, para recolher 1,3 milh�o de assinaturas para apresenta��o no Congresso Nacional de um projeto de iniciativa popular.
Na avalia��o do cientista pol�tico da Universidade de Bras�lia Leonado Barreto, a reserva de vagas de candidatas j� mostrou que n�o tem efici�ncia. “� uma regra que n�o deu certo, n�o cumpriu com seu objetivo. Temos que pensar em mudar essa abordagem. Ao inv�s de reservar vaga para candidaturas, � preciso criar cota de cadeiras efetivas. N�o vejo outra maneira de resolver isso no curto prazo”, disse.
Barreto tamb�m observou que n�o � poss�vel falar da mudan�a de todo o sistema eleitoral com o objetivo �nico de inser��o de g�nero, j� que isso teria implica��es em todo sistema pol�tico. Sobre a proposta de financiamento exclusivamente p�blico de campanha, o cientista pol�tico ressaltou que o modelo traria candidaturas mais competitivas, desde que fosse estabelecido que as mulheres iriam receber mais dinheiro.
Das 26 prefeituras de capitais, a partir de 1º janeiro, s� uma, a de Boa Vista, em Roraima, vai ser comandada por uma mulher, Teresa Surita (PMDB). Para as c�maras municipais, 7.648 mulheres foram eleitas em 2012, 13,3% do total. Em 2008, 12,5% do total de vereadores eleitos eram mulheres.