Carrasco dos r�us no processo do mensal�o, o relator da a��o e atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, vai torcer o nariz caso tenha um tempo para voltar as aten��es � sua cidade natal, Paracatu, munic�pio do Noroeste de Minas, a 500 quil�metros de Belo Horizonte. Em oito anos de governo, o prefeito Vasco Pra�a Filho (PMDB), al�m de receber R$ 18 mil de sal�rio – quase o mesmo da presidente da Rep�blica –, enfrenta duas comiss�es parlamentares de inqu�rito (CPIs) na C�mara Municipal, com relat�rio final que o acusa de improbidade administrativa em uma terceira investiga��o dos parlamentares.
Na CPI j� conclu�da, que teve foco na �rea de sa�de, Vasco aparece como o respons�vel pela realiza��o de uma parceria p�blico-privada com a Faculdade Atenas que previa a utiliza��o do hospital da cidade e de postos de sa�de por alunos do curso de medicina da institui��o sem contrapartida, mesmo financeira, � prefeitura. As investiga��es jogaram luz ainda ao pagamento feito aos m�dicos do sistema p�blico de sa�de, que estariam recebendo sal�rios muito elevados. Vasco tamb�m foi denunciado ao Minist�rio P�blico Estadual, h� cerca de um ano.
Em fim de mandato, Vasco n�o conseguiu fazer o sucessor. O vencedor na cidade foi Olavo Cond� (PSDB). O vereador Glewton de S�, do mesmo partido do atual prefeito, afirma que foi feito “muito sensacionalismo” em torno da CPI da Sa�de. “Tanto � verdade que a den�ncia est� parada no Minist�rio P�blico at� hoje”, alegou. Procurada pela reportagem, a promotoria se recusou a falar sobre o andamento das investiga��es.
As outras duas CPIs em andamento na C�mara contra o prefeito t�m rela��o com a aplica��o de recursos p�blicos na �rea da educa��o. Em uma das investiga��es h� a suspeita de que ingredientes da merenda escolar nas escolas p�blicas da cidade estariam sendo utilizados na produ��o de alimentos, como salgados, e vendidos aos alunos. Na outra, a prefeitura estaria pagando o dobro da quilometragem realmente percorrida a donos de �nibus que transportam estudantes. A reportagem n�o conseguiu contato com o prefeito. A assessoria do governo informou que somente Vasco poderia falar sobre as CPIs. Recados foram deixados nos dois celulares do peemedebista, que, no entanto, n�o retornou as liga��es.
Carnaval Com fam�lia ainda vivendo em Paracatu, munic�pio de aproximadamente 90 mil habitantes, Barbosa vai pouco � cidade, apesar da proximidade com Bras�lia (230 quil�metros). “Me lembro de uma das �ltimas vezes em que o ministro esteve aqui. Foi para um grito de carnaval”, conta a secret�ria municipal de Cultura, Marina Cunha. Um dos mais antigos comerciantes da cidade, Antonio Olar da Silva Campos, o seu Ded�, de 80 anos, dono de uma farm�cia na cidade desde 1946, diz que Barbosa � “muito humilde e pessoa correta”. Mesma avalia��o tem o monsenhor Jo�o C�sar Teixeira de Melo, da Catedral de Santo Ant�nio, primo em segundo grau do ministro. “Estive na posse dele como presidente do STF”, conta.
Todos consideram a pol�tica em Paracatu extremamente tranquila. “�s vezes fica mais agitado durante as elei��es”, diz Andrea Pimentel �lvares Campos, superintendente regional de ensino em Paracatu. Por outro lado, quem n�o est� nada satisfeito s�o os servidores municipais da cidade.
Principalmente os que ganham o sal�rio m�nimo, hoje em R$ 622. Com os mesmos R$ 18 mil retirados dos cofres p�blicos para o contracheque do prefeito, � poss�vel pagar 28 servidores p�blicos da prefeitura que ganham o piso nacional. O sal�rio do prefeito � R$ 1,8 mil inferior ao da presidente Dilma, que recebe R$ 19,8 mil. “Este ano fizemos outra greve para melhorar o sal�rios dos trabalhadores e as condi��es de trabalho”, lembra Benedito do Carmo Batista, diretor do Sindicato dos Servidores de Paracatu (Sindispar). Conforme dados da entidade, cerca de 1.100 dos 2.600 funcion�rios da prefeitura recebem sal�rio m�nimo.
CASA DE FERREIRO, ESPETO DE PAU