O advogado Marcelo Leonardo disse ontem que em nenhum depoimento, durante a fase de inqu�rito sobre o esc�ndalo do mensal�o ou � Justi�a, o empres�rio Marcos Val�rio afirmou que o Partido dos Trabalhadores pagou sua defesa com R$ 4 milh�es repassados pelo esquema. Leonardo se recusou a confirmar a exist�ncia do depoimento que teria sido prestado pelo empres�rio em 24 de setembro � Procuradoria Geral da Rep�blica (PGR), em Bras�lia, em que a transa��o teria sido citada. “Nos in�meros depoimentos que ele prestou, meu cliente jamais disse que o PT pagou R$ 4 milh�es para custear sua defesa”, garantiu o advogado de Val�rio, condenado a mais de 40 anos de pris�o por operar o pagamento de propinas a deputados em troca de apoio ao governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
No depoimento, Val�rio teria afirmado que o ex-presidente deu seu aval para a tomada de empr�stimos do PT para a compra de votos de parlamentares em mat�rias do interesse do governo e que parte dos recursos foi destinada ao pagamento de contas de Lula. Os dep�sitos, entretanto, teriam sido feitos em nome de terceiros. “Preservo o sigilo profissional e n�o vou comentar um depoimento que vazou ilicitamente”, finalizou.
Por sua vez, Luiz Cl�udio Chaves, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG) – Se��o Minas Gerais, confirmou a exist�ncia das declara��es do empres�rio feitas em setembro, em que constaria apenas a afirma��o de que R$ 4 milh�es do PT foram repassados a Val�rio para pagamento de “despesas do processo”. Chaves defendeu que a PGR instaure um procedimento para ouvir o operador do mensal�o novamente. “� preciso que ele explique das m�os de quem recebeu o recurso e como o dinheiro foi repassado, j� que esse valor � bastante elevado para o pagamento de despesas processuais. O doutor Marcelo Leonardo me garantiu que esse valor nunca foi repassado a seu escrit�rio”, afirmou.
Para Chaves, o depoimento trata da quest�o muito “genericamente” e � preciso colher mais detalhes. O presidente da autarquia descartou a possibilidade de abertura de investiga��o para apurar o fato, a n�o ser que sejam apresentas provas de que o repasse tenha beneficiado o escrit�rio de Leonardo. Apesar disso, ele defende um aprofundamento das apura��es sobre o novo depoimento do empres�rio.
Prova
Desde a divulga��o do depoimento de Marcos Val�rio � PGR est� em quest�o a apresenta��o de provas que sustentem as novas acusa��es feitas pelo empres�rio depois de sua condena��o no STF. Durante o inqu�rito policial, presidido pelo delegado Luiz Fl�vio Zampronha, foi identificado o dep�sito de R$ 98 mil na conta da empresa Caso, do ent�o assessor do presidente, Freud Godoy. Em depoimento � PF, assim como na Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) dos Correios, Godoy confirmou que os recursos foram usados para o pagamento de despesas de Lula, logo ap�s sua elei��o.
O empres�rio prestou cerca de seis depoimentos � PF e nunca citou o envolvimento do presidente com o esquema. No �ltimo, solicitado por ele ao delegado Zampronha, Marcos Val�rio tomou caf�, conversou trivialidades e deixou a sede da corpora��o sem falar nada em rela��o ao esc�ndalo do mensal�o. Na sa�da, ele disse � imprensa que ficou calado, num claro recado a outros protagonistas do esquema de pagamento de propina.
O presidente da OAB em Minas disse que, como cidad�o, pode at� imaginar que se trate de uma “bravata” de Marcos Val�rio ou mesmo de uma tentativa de “desviar a aten��o” do julgamento do mensal�o, em andamento no STF desde 2 de agosto. No entanto, destacou, os respons�veis pela apura��o t�m compromisso com a apura��o dos fatos. No depoimento, Marcos Val�rio teria dito ainda que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci teria feito gest�es na Portugal Telecom para que a empresa repassasse R$ 7 milh�es ao PT. Tais recursos teriam sido pagos por empresas fornecedoras da companhia, por meio de publicit�rios que prestavam servi�o aos partido.