A nota quebra o sil�ncio do Senado sobre diversas manifesta��es contra o presidente. Al�m de peti��es que circulam em redes sociais, ganhou repercuss�o uma publica��o considerada ofensiva que levou, na �ltima semana, � demiss�o de duas estagi�rias da Casa.
As estudantes, uma delas sobrinha do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, receberam a puni��o depois de publicarem no Facebook que Renan Calheiros seria um "problema" para o Senado. A demiss�o das estagi�rias repercutiu entre funcion�rios da Casa: servidores que haviam compartilhado cr�ticas, abaixo-assinados ou qualquer outro coment�rio sobre a elei��o do presidente do Senado se apressaram em apagar qualquer vest�gio das publica��es.
Veja a �ntegra da nota:
"A mobiliza��o na Internet � l�cita e saud�vel, principalmente, entre os jovens. Fui l�der estudantil, todos sabem, e tamb�m usei as ferramentas da �poca para pressionar. O n�mero de assinaturas n�o � t�o importante quanto a mensagem, o que importa � saber que a sociedade quer um Congresso mais �gil e preocupado com os problemas dos cidad�os. E assim o ser�.
O Congresso Nacional vai trabalhar para garantir o maior desenvolvimento do Brasil. Vou conversar na segunda-feira com o presidente da C�mara, Henrique Eduardo Alves, para que possamos colocar em vota��o as mat�rias necess�rias ao crescimento do pa�s, de forma sustent�vel e duradoura.
Temos que tornar o Brasil mais f�cil, fazer a reforma tribut�ria, pol�tica, propor medidas de combate � criminalidade, enfrentar a quest�o dos vetos.
Do ponto de vista administrativo, teremos no Senado uma gest�o austera, com corte de gastos, transpar�ncia e o fim da redund�ncia de estruturas.
Vamos convidar o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para avaliar como, juntos, poderemos ajudar a economia do pa�s, ajudar na gera��o de empregos e renda e afastar o fantasma da infla��o.
Nas �ltimas d�cadas, o Brasil avan�ou bastante nos conceitos modernos, ganhamos prest�gio internacional. E o Congresso Nacional teve papel decisivo nesse processo. N�o podemos recuar no tempo e abrir m�o dos avan�os conquistados.
Renan Calheiros
Presidente do Senado Federal"
Estagi�rias demitidas
Renan Calheiros assumiu o cargo h� duas semanas e, desde ent�o, � um dos alvos preferidos dos internautas brasileiros. Nas redes sociais, os insatisfeitos com a elei��o do cacique do PMDB divulgam uma peti��o contra o senador, que, na manh� de ontem, j� somava 1,5 milh�o de assinaturas.
J� o epis�dio que levou � demiss�o das duas jovens aconteceu no dia 6. As estudantes estagiavam no Servi�o de Administra��o da Secretaria de Recursos Humanos do Senado. Na manh� daquela quarta-feira pr�-carnaval, as estagi�rias e os colegas foram surpreendidos com a presen�a de um rato no meio do setor, que fica no pr�dio da Gr�fica do Senado.
Uma copeira matou o roedor com a ajuda de um calend�rio de papel�o. O cad�ver do bicho ficou por alguns minutos no ch�o e as duas jovens decidiram fotograf�-lo. Uma delas postou a imagem no Facebook com uma legenda que dizia: "E a gente que achou que o �nico problema aqui fosse o Renan Calheiros". A colega, que � filha da irm� de Joaquim Barbosa, publicou a foto com coment�rio semelhante.
As duas estudantes demitidas est�o assustadas com a pol�mica e com receio de aparecer. A sobrinha de Barbosa, que estuda direito e era estagi�ria do Senado havia quase dois anos, n�o quis comentar a decis�o. Ela cancelou sua conta no Facebook logo depois de ser demitida. Mas a colega contou ao Estado de Minas os detalhes do epis�dio, com a condi��o de ficar no anonimato. Depois de deixar o Senado naquela manh�, Karen (nome fict�cio) recebeu um telefonema do chefe, que pedia explica��es sobre a foto publicada na rede social. O respons�vel pelo servi�o de administra��o de RH marcou uma reuni�o com as duas estagi�rias para a manh� seguinte. "Quando a gente chegou, o chefe colocou a foto que hav�amos postado na internet sobre a mesa e, em cima, p�s a carta de demiss�o para assinarmos. Levei um susto, n�o imaginei que fossem tomar uma medida t�o radical. N�o fizemos nenhuma associa��o do senador Renan Calheiros ao rato. Acho que foi um mal-entendido", comenta Karen. "V�rios servidores do Senado compartilharam o abaixo-assinado contra Renan nas redes sociais, eu mesma havia feito isso semanas antes", acrescenta a estudante de administra��o.
Segundo Karen, ela tamb�m teve reuni�es na Diretoria de Recursos Humanos. "Eles explicaram que a nossa demiss�o era uma determina��o da Diretoria Geral. Algu�m imprimiu a foto que postamos na internet e saiu mandando para a chefia. Disseram que o Renan era quem pagava nosso sal�rio e que a gente n�o podia falar mal dele. Mas eu respondi que quem pagava nosso sal�rio era o povo, e n�o o senador", lembra a estagi�ria demitida. Elas recebiam R$ 820 mensais, al�m de R$ 130 de ajuda para transporte. Cerca de 2 mil estudantes fazem est�gio no Senado. As duas jovens faziam despachos de pedidos de aposentadoria e de solicita��es de adicionais de especializa��o. Karen entrou no Senado em setembro. J� a estudante de direito foi contratada em maio de 2011. Antes de chegar ao setor de Recursos Humanos, ela havia realizado est�gio no Arquivo do Senado.
“Indisciplina”
A Secretaria de Comunica��o Social do Senado divulgou nota em que classificou a atitude das estagi�rias demitidas como um "ato de indisciplina". "Nesse contexto, a administra��o tem o dever de agir de acordo com o termo de compromisso assinado pelas estagi�rias. Nos termos da lei, o est�gio n�o cria v�nculo empregat�cio e o desligamento n�o se condiciona � abertura de processo disciplinar", explicou o Senado. "Al�m do conte�do ofensivo da mat�ria, vale registrar que as estudantes postaram-na durante o hor�rio de expediente, utilizando ferramentas de trabalho", diz outro trecho da nota oficial.
A assessoria de imprensa do presidente do Senado, Renan Calheiros, informou que ele n�o tinha conhecimento das demiss�es e que o caso s� poderia ser tratado na Diretoria Geral. A assessoria do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, informou que ele n�o comentaria o epis�dio, mas confirmou o parentesco com a estagi�ria demitida. Nos pr�ximos meses, o Supremo deve analisar a den�ncia apresentada pelo procurador-geral da Rep�blica, Roberto Gurgel, contra Renan. O senador � acusado dos crimes de peculato, falsidade ideol�gica e uso de documentos falsos. Segundo o MPF, Renan apresentou ao Senado notas frias para explicar a origem de recursos usados para custear despesas pessoais.
Com Ag�ncia Senado