Os registros de entrada e sa�da do Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), em S�o Paulo, mostram que o local, uma esp�cie de QG da repress�o durante o regime militar brasileiro (1964-1985), passou a ser frequentando com assiduidade por agentes de intelig�ncia ligados diretamente � Presid�ncia da Rep�blica apenas a partir de 1978, ano anterior � Lei da Anistia. Na �poca de maior repress�o pol�tica, no in�cio daquela d�cada, a presen�a de integrantes do Servi�o Nacional de Informa��es (SNI) no pr�dio do Dops era rara.
O SNI existiu entre 1964 e 1999. A maior presen�a de seus agentes no Dops coincide com as v�speras da posse do general Jo�o Baptista Figueiredo na Presid�ncia da Rep�blica. Ele chefiou o SNI no governo de seu antecessor, general Ernesto Geisel.
Enquanto o n�mero de visitas de agentes de intelig�ncia crescia, a presen�a dos militares e de figuras da linha dura, como o delegado S�rgio Fleury, diminu�a. Ele foi levado de volta para atividades na �rea de crimes comuns da Pol�cia Civil e desapareceu dos livros da portaria do Dops em 1978.
Antes do per�odo de distens�o pol�tica, por�m, militares e civis coordenavam, do Dops, as opera��es de intelig�ncia do regime. � enorme a variedade de nomes de delegados e de militares que se identificavam na portaria do edif�cio como representantes do Destacamento de Opera��es de Informa��es (DOI), ligado ao Ex�rcito. O QG da repress�o do governo era o principal centro de infiltra��o de agentes entre as organiza��es de esquerda e de localiza��o de militantes que viviam na clandestinidade.
As listas de portaria mostram que era comum a chegada e sa�da, nos mesmos dias e hor�rios, de representantes de diferentes setores da comunidade de informa��es. Em alguns os encontros reuniram delegados, representantes da Pol�cia Militar, agentes federais e oficiais do Ex�rcito e da Aeron�utica. “O Dops abrigava um centro de articula��o de combate � oposi��o”, afirma Ivan Seixas, ex-presos pol�tico e assessor da Comiss�o da Verdade do Estado de S�o Paulo.