Enquanto os grandes partidos antecipam a sucess�o presidencial e centram a aten��o nas chapas majorit�rias e poss�veis coliga��es para o Pal�cio do Planalto, as legendas nanicas disputam desesperadamente os nomes que consideram bons para as chapas proporcionais. Focadas no objetivo �nico de surpreender “invadindo” as cadeiras da Assembleia Legislativa e da C�mara dos Deputados, h� equipes que rodam o estado, desde o dia seguinte ao pleito municipal, atraindo ex-prefeitos e ex-vereadores derrotados, al�m de l�deres testados nas urnas, com potencial para atingir at� algo em torno de 30 mil votos. S�o nomes destinados a refor�ar a musculatura das chapas.
Plataforma ideol�gica, s� para ingl�s ver. O que conta mesmo s�o chapas eficientes. As legendas nanicas perdem, em geral, as inc�modas “cabe�as” no meio do mandato – com a defec��o de parlamentares eleitos. � o caso do PSL, que elegeu tr�s deputados estaduais em 2010 – doutor Wilson Batista, F�bio Cherem e H�lio Gomes –, mas, no meio do caminho, os tr�s aportaram no novo PSD. Se a linha program�tica � frouxa, o estatuto n�o. Com base nele, o PSL agora briga na Justi�a para reaver a contribui��o partid�ria de 5% sobre o subs�dio R$ 20.042,35 de cada um dos tr�s deputados dissidentes.
Valente, o “artista” das chapas proporcionais de sucesso, que em 2010 arrebanhou para uma legenda inexpressiva mais cadeiras do que o PP, do vice-governador Alberto Pinto Coelho, e elegeu tantos deputados quanto o tradicional DEM, o PSB e o PPS, est� animado: “Eu gostaria que a elei��o fosse hoje. A minha chapa est� 80% pronta e ainda tenho quase sete meses para trabalhar”. Embora o registro das chapas ocorra ap�s as conven��es de junho de 2014, o prazo que de fato conta para a sua forma��o � 5 de outubro deste ano. A legisla��o eleitoral determina o limite de um ano antes do pleito para que candidatos se filiem. Nesse caso, trabalhar bem � percorrer o estado � cata de nomes para concorrer � Assembleia Legislativa que demonstrem ter um potencial m�ximo de 25 mil votos e para a C�mara dos Deputados, de 30 mil votos.
Em consequ�ncia dessa estrat�gia, o PSL conquistou tr�s cadeiras, elegendo deputados com baixa vota��o individual. Enquanto no PV o �ltimo a se eleger, In�cio Franco, obteve 63.662 votos, na coliga��o PSL-PMN, o menos votado, F�bio Cherem, ganhou uma cadeira com 37.885 votos. Na bancada federal mineira, dr Grilo (PSL) tornou-se deputado federal com 40.093 votos. Na coliga��o PSDB, DEM, PP, PPS, PR, o menos votado, Aracely de Paula, precisou de 81.129 para chegar � C�mara dos Deputados.
Legendas nanicas sem deputados no exerc�cio do mandato valem muito em v�spera de elei��es. Foi assim que no PHS os dois deputados eleitos Neilando Pimenta e Fred Costa descobriram que seria muito dif�cil montar uma boa chapa – atraindo candidatos com um potencial de votos mediano. Resultado disso: Fred Costa entrou no novo PEN. Para sair do controle da fam�lia Tib� – que domina o PTdoB, por meio do deputado federal Lu�s Tib�, e o PRP, com Tibelindo Soares Resende, pai de Tib� –, Jo�o V�tor Xavier, que era do PRP e chegou � Casa pela coliga��o PTdoB-PRP, tamb�m foi para o PEN. A essa altura, os dois deputados da min�scula e desestruturada sigla sabem que para sobreviverem um deles precisar� de outra legenda. “Estou trabalhando na chapa, atr�s de pessoas em 153 cidades mineiras onde temos presen�a, testadas nas urnas, com teto m�ximo de 30 mil votos”, repete a ladainha Fred Costa.
O PESO DOS VOTOS
Entenda a l�gica da elei��o proporcional em Minas Gerais
1) Para conquistar uma das 77 cadeiras da Assembleia de Minas ou das 53 vagas de deputado federal na bancada mineira, os partidos pol�ticos precisam reunir, no conjunto dos candidatos de sua chapa, votos nominais ou de legenda suficientes para alcan�ar o quociente eleitoral.
2) Em 2010, o quociente eleitoral para deputado estadual em Minas foi de 136.202 votos, e, para deputado federal, de 195.247 votos. As chapas dos partidos que n�o atingiram esses m�nimos ficaram sem representa��o nos legislativos.
3) Para conquistar duas cadeiras, as chapas de candidatos dos partidos precisam reunir duas vezes o quociente eleitoral. Para tr�s cadeiras, tr�s vezes o quociente eleitoral, e assim sucessivamente. Em determinado momento na distribui��o, quando todos os partidos que j� elegeram deputados apresentam “sobras” de votos inferiores ao quociente eleitoral, � utilizado um sistema de m�dias para o c�lculo das �ltimas cadeiras dispon�veis no Parlamento.
4) Cada partido pode apresentar 115 candidatos para a Assembleia Legislativa e 79 para a C�mara dos Deputados.
5) Se com o conjunto dos votos dos candidatos de sua chapa um partido conquista duas cadeiras, s�o eleitos nessa chapa os dois candidatos mais votados. Chapas de legendas pequenas s� conseguem atrair candidatos com boa vota��o se cada um dos concorrentes sentir que poder� ser eleito. Isso s� � poss�vel numa chapa “sem cabe�as”, ou seja, chapa em que um s� candidato, com vota��o alta, v� se beneficiar do esfor�o do conjunto dos candidatos para alcan�ar o quociente eleitoral. Da� se explica o fato de deputados em exerc�cio de mandato serem candidatos inc�modos para os partidos nanicos.