S�o Paulo, 17 - O "milagre econ�mico" de Pernambuco, Estado administrado pelo governador e presidenci�vel Eduardo Campos (PSB), baseia-se em uma receita heterodoxa, que misturou investimentos p�blicos e privados, concess�o de incentivos fiscais, endividamento e aumento de gastos com pessoal. Como resultado, o Produto Interno Bruto (PIB) local cresceu a taxas maiores que as do Brasil e as do Nordeste.
Entre 2007, primeiro ano do governo Campos, e 2012, o Estado cresceu a uma m�dia anual de 4,6%, enquanto o PIB do Pa�s aumentou 3,6%. No ano passado, mesmo com a perda de f�lego da economia brasileira, o crescimento foi de 2,3% - e o nacional de apenas 0,9%. "O Nordeste se beneficiou do modelo de crescimento atual. Nos �ltimos anos, tivemos um crescimento puxado pelo consumo. Mas o crescimento em Pernambuco decorre tamb�m dos investimentos feitos pelo Estado e pelo setor privado", afirmou o economista Alexandre Rands, da Universidade Federal de Pernambuco.
A economia do Estado � hoje o principal cart�o de visitas de Campos em semin�rios e conversas com empres�rios, nas quais passou a fazer cr�ticas � pol�tica econ�mica de Dilma Rousseff. Na semana passada, ele reuniu-se com representantes do empresariado paulista e exibiu "�xitos" de sua gest�o.
Nos �ltimos anos, Pernambuco se beneficiou da valoriza��o do sal�rio m�nimo e dos programas federais de transfer�ncia de renda. Entre 2006 e 2012, a arrecada��o cresceu acima do PIB: passou de R$ 9,3 bilh�es, no �ltimo ano de gest�o Jarbas Vasconcelos (PMDB), para R$ 25 bilh�es.
As decis�es pol�ticas sobre investimentos p�blicos, como as obras de transposi��o do S�o Francisco e da Transnordestina e a constru��o de refinaria da Petrobr�s, foram fundamentais para aquecer a economia local. O ex-presidente Lula, que � pernambucano, viu o desenvolvimento do Estado como estrat�gico e quis criar na regi�o uma vitrine para os investimentos em infraestrutura e em combate � pobreza do seu mandato. Hoje, Campos � uma amea�a ao projeto de hegemonia pol�tica dos petistas.
"Estamos em meio a uma mudan�a estrutural, determinada n�o s� por decis�es pol�ticas, mas por favor�veis condi��es econ�micas, tanto j� existentes quanto moldadas pelo setor p�blico", afirmou o presidente do Conselho Regional de Economia de Pernambuco, Fernando de Aquino Fonseca Neto.
Os investimentos do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) tamb�m cresceram, alcan�ando R$ 2,2 bilh�es em 2012 (leia texto abaixo). Nos �ltimos dois anos, a Petrobr�s investiu R$ 24,8 bilh�es no Estado.
Os investimentos p�blicos estaduais tamb�m cresceram: passaram de 1,3% para 2,3% do PIB entre 2006 e 2011. "A atua��o do setor p�blico tamb�m vem sendo fundamental, tanto com investimentos diretos em infraestrutura e financiamentos dos bancos que controla, como com uma eficiente pol�tica de incentivos fiscais", completou Fonseca.
Campos se aproximou do empresariado, sinalizando com pol�ticas de interesse do setor. Manteve programa de concess�o de incentivos dos anos 90, deu espa�o para ren�ncia fiscal e concedeu terrenos para atrair empresas. Levou f�brica da Fiat, com investimento de cerca de R$ 6 bilh�es.
Nos �ltimos meses, quando intensificou a agenda de presidenci�vel, ele recebeu empres�rios e banqueiros do eixo Rio-S�o Paulo e economistas que trabalharam com FHC e que agora est�o no centro de estudos de pol�tica econ�mica Casa das Gar�as, no Rio.
D�vida.
Para bancar projetos, contratou d�vida. O porcentual da d�vida em rela��o � Receita Corrente L�quida (RCL), par�metro de solidez fiscal, passou de 42,45%, em 2008, para 45,75%, em 2012. A perspectiva � que chegue a 2014 em 47% - em 2006, era de 66,59%. Apesar do crescimento, o porcentual est� abaixo dos 200% colocados pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
De acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado, a partir de 2014, com a finaliza��o de projetos em andamento, "o crescimento das receitas possibilitar� que o n�vel de endividamento alcance patamares menores".
Pernambuco tamb�m aumentou as contrata��es - 25 mil servidores, entre professores, m�dicos e policiais - e concedeu aumento real dos sal�rios. Em 2007, o gasto com pessoal era de R$ 3,4 bilh�es. Em 2012, atingiu R$ 7 bilh�es. O porcentual da despesa com pessoal em rela��o � RCL cresceu de 41,62% para 45,18% - abaixo do limite de 49% da LRF. A Fazenda destaca que em 2012 houve retra��o da receita em R$ 1 bilh�o, o que resultou no aumento do porcentual.
Fonseca discorda de que a trajet�ria de aumento das contrata��es e da d�vida coloque em risco a solidez fiscal. "Eu diria at� que essa conduta fiscal relativamente expansionista do governo de Pernambuco tem contribu�do significativamente para o Estado se manter crescendo acima da m�dia nacional e regional."
O boom econ�mico se refletiu na �rea social, mas ainda de maneira t�mida. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios, por exemplo, em 2006, 38,1% dos domic�lios de Pernambuco tinham acesso � rede de esgoto. Em 2011, eram 50,6%, abaixo da m�dia brasileira, de 54,9%. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S.Paulo.