Eduardo Campos vende imagem de 'grande gestor' no Sudeste

S�o Paulo, 21 - Mesmo sem assumir oficialmente sua candidatura � Presid�ncia da Rep�blica em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), montou uma estrat�gia silenciosa que mira a maior fragilidade do governo Dilma Rousseff: o empresariado do Sudeste. Preocupado em ouvir as queixas do setor e se apresentar como uma alternativa atraente para o "PIB brasileiro", Campos vende a imagem de "grande gestor" nos encontros com empres�rios, que se tornaram mais frequentes nos �ltimos dias. "Ele est� tateando (entre os empres�rios) para ver o clima", revelou um aliado.

Embora seus assessores insistam que Campos sempre manteve contato estreito com o setor, em apenas uma semana o governador pernambucano teve tr�s encontros oficiais com empres�rios: um na Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC) do Rio de Janeiro no dia 14, um jantar no mesmo dia na casa do empres�rio Fl�vio Rocha, da Riachuelo, em S�o Paulo (onde disse que "d� para fazer muito mais" pelo Pa�s do que a presidente Dilma Rousseff), e no dia seguinte um almo�o com empres�rios paulistas do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). "Ouvimos falar muito dele no Sul e no Sudeste, mas n�o entend�amos tanta badala��o. Percebemos agora que ele fala a l�ngua da gest�o empresarial, junto com um discurso pol�tico", resumiu um varejista "cativado" no encontro.

Serra

Al�m do foco no empresariado a um ano e meio da sucess�o presidencial, Campos tamb�m tem aproveitado suas incurs�es ao Sudeste para contatos pol�ticos. Um deles foi com o ex-governador tucano Jos� Serra.

De acordo com fontes pr�ximas a Serra, o tucano recebeu o convite para ser vice em uma eventual chapa presidencial encabe�ada por Campos, mas ele n�o cogita essa hip�tese. A assessoria do pessebista negou o encontro. "Ele n�o tem perfil para ser vice nem no PSDB, muito menos numa chapa de outra legenda", diz um aliado de Serra. Uma das hip�teses para Serra deixar o PSDB seria aceitar o convite de setores do PPS para integrar essa legenda. O PPS estuda uma fus�o com o PMN e correligion�rios dessas siglas gostariam de ter Serra ou numa disputa nacional ou at� mesmo na disputa pelo Pal�cio dos Bandeirantes, num confronto com o atual governador, Geraldo Alckmin (PSDB) e servindo de plataforma para a eventual candidatura presidencial do governador pernambucano. Mesmo essa hip�tese � recha�ada por pessoas pr�ximas a Serra, que apostam que ele lutar� "at� as �ltimas consequ�ncias" para garantir um espa�o de destaque no PSDB, ou seja, a presid�ncia da legenda.

Aposta

Na avalia��o de Carlos Melo, cientista pol�tico e professor do Insper, Eduardo Campos acerta na estrat�gia de tentar ganhar espa�o no calcanhar de Aquiles de Dilma, o empresariado das regi�es Sul e Sudeste, sobretudo o de S�o Paulo. "Por�m, ele vai ter que comer ainda muito feij�o com arroz para se tornar vi�vel no Nordeste, pois apesar de ser governador de Pernambuco, o PT de Lula e de Dilma ainda � imbat�vel nessa regi�o".

Para o tamb�m cientista pol�tico do Insper, Humberto Dantas, o p�riplo que Eduardo Campos vem fazendo faz parte dos "15 minutos" do presidenci�vel para estabelecer contato com os empres�rios e tentar impressionar. "Ele precisa impressionar o empresariado. Ele n�o tem a m�quina p�blica ao seu lado, como o PT, e o peso hist�rico do PSDB. Ele precisa passar uma boa impress�o", resumiu o especialista. Dantas lembra que, em per�odo pr�-eleitoral, os empres�rios costumam ser "s� sorrisos" com os presidenci�veis. "Dificilmente empres�rios desta magnitude n�o v�o receber algu�m com potencial para ser candidato � Presid�ncia da Rep�blica", disse.

Na avalia��o de Dantas, Campos est� aproveitando a disposi��o do setor em ouvi-lo para tentar reduzir a desvantagem natural que tem em rela��o � presidente Dilma e ao senador A�cio Neves (PSDB), que t�m mais estrutura para disputar a sucess�o presidencial. "O desafio dele (Campos) � expressivo e ele est� correndo contra o tempo", concluiu.