Bras�lia, 30 - A campanha da presidente Dilma Rousseff � reelei��o, no ano que vem, ser� ancorada por um trip� de apelo popular, "traduzido" pelo Pal�cio do Planalto como "energia/comida/juros". A um ano e meio da disputa, o marketing eleitoral dita a agenda da presidente e vai embalar o programa do PT, a ser exibido em rede nacional de TV no dia 9 de maio.
Cortes de impostos, queda dos juros e redu��o da conta de luz ter�o destaque no card�pio petista para o segundo mandato de Dilma, se tudo correr como o script previsto pelo Planalto. A estrat�gia � mostrar que a desonera��o dos produtos da cesta b�sica, a tesourada nos juros, hoje em 7,25% ao ano, e a diminui��o do pre�o da energia el�trica fazem parte de um pacote para promover a distribui��o de renda e transformar o Brasil em um pa�s de classe m�dia.
Dilma avalia que j� tem marcas pr�prias de governo para exibir na propaganda eleitoral, al�m dos projetos herdados do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Ela tem conversado com o ministro da Educa��o, Aloizio Mercadante, sobre a evolu��o do modelo que, a seu ver, criou um mercado de massas a partir de um "ciclo virtuoso", com aumento dos investimentos, do emprego e do cr�dito.
"Esse trip� dar� as condi��es para a consolida��o da imagem de Dilma e a manuten��o da vantagem dela na elei��o de 2014", afirmou o deputado Paulo Teixeira (SP), secret�rio-geral do PT.
A �ltima pesquisa Ibope, feita em parceria com o Estado, confirmou o resultado de sondagens encomendadas pelo marqueteiro Jo�o Santana, consultor de Dilma, e refor�ou a estrat�gia presidencial. Realizado entre os dias 14 e 18 deste m�s, o levantamento indicou que as apari��es de Dilma na TV, anunciando cortes de impostos e tarifas, renderam a ela nove pontos a mais desde novembro.
Se as elei��es fossem hoje, a presidente venceria no primeiro turno. Na pesquisa Ibope, ela tem 76% de potencial de voto, o que representa um eleitorado tr�s vezes maior do que a soma de todos os seus advers�rios.
"O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), n�o conseguiu dividir a base aliada e est� piscando para a oposi��o", ironizou o secret�rio-geral do PT, numa refer�ncia ao poss�vel rival de Dilma, em 2014. "Eu n�o vou entrar nesse rame-rame eleitoral agora", garantiu Campos. "Cada um tem o seu rel�gio."
Em conversas reservadas, o governador tem dito n�o confiar que o PT apoie uma candidatura sua em 2018, caso ele desista da empreitada presidencial do ano que vem. Para Campos, apesar da alta popularidade de Dilma, o que pode atrapalhar a reelei��o � justamente a economia.
Transportes
Com previs�o de cen�rio mais otimista no segundo semestre, a equipe econ�mica prepara novo pacote de desonera��es para conter a infla��o, desta vez com foco no transporte p�blico. As medidas incluem o corte do PIS e da Cofins sobre o �leo diesel e, apesar de terem impacto municipal, est�o na lista das "bondades" que o Planalto quer faturar na campanha.
A expectativa � que a diminui��o desses tributos evite a alta das tarifas de �nibus em capitais como S�o Paulo e Rio. "T�cnicos da Fazenda j� avaliam que o reajuste da passagem de �nibus incide mais sobre a infla��o do que o aumento da gasolina. Logo, o que se discute � a ideia de aumentar a gasolina e mandar o dinheiro para o transporte p�blico, como forma de subs�dio cruzado", disse o secret�rio dos Transportes de S�o Paulo, Jilmar Tatto.
O governo corre para que o an�ncio da desonera��o do PIS e da Cofins seja feito no Dia do Trabalho, quando Dilma usar� o tradicional pronunciamento de 1.º de Maio para comemorar a aprova��o da proposta de emenda � Constitui��o que amplia direitos das empregadas dom�sticas.
No quesito transporte, o PT tamb�m aposta na moderniza��o da infraestrutura, com obras em rodovias, ferrovias e aeroportos, para "vender" a imagem de Dilma como boa gestora, apesar das dificuldades para os projetos sa�rem do papel.
O programa nacional do PT, em 9 de maio, e as inser��es comerciais na TV, alguns dias antes, v�o representar, na pr�tica, a largada da corrida pela reelei��o no hor�rio pol�tico.
N�o foi � toa que Santana produziu o slogan "O fim da mis�ria � s� um come�o", usado pela presidente em fevereiro, quando ela anunciou que 22 milh�es de brasileiros sa�ram da extrema pobreza. A ideia � mostrar, na campanha, que as principais a��es de Dilma agem como alavanca para o crescimento e para o ingresso do Brasil no seleto mundo dos pa�ses desenvolvidos. "Com a economia andando bem, tchau para o gaiteiro", resumiu o senador Delc�dio Amaral (MS), pr�-candidato do PT ao governo do Mato Grosso do Sul.
Trai��o
A preocupa��o pol�tica do Planalto, agora, reside na montagem dos palanques para Dilma. Por enquanto, a meta do PMDB � lan�ar candidatos pr�prios em pelo menos 20 dos 26 Estados, al�m do Distrito Federal. Em muitos deles, como o Rio, o PT e o PMDB est�o em p� de guerra e h� outras pra�as onde as desaven�as prosperam - caso do Rio Grande do Sul, Paran� e Mato Grosso do Sul.
"Seria muita trai��o, depois de tudo o que Lula e Dilma fizeram por S�rgio Cabral e Eduardo Paes (governador e prefeito do Rio, respectivamente), o PMDB do Rio condicionar o apoio � presidente � retirada da minha candidatura", reagiu o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Pr�-candidato do PT ao governo fluminense, Lindbergh foi acusado, em reportagem da revista �poca, de envolvimento em corrup��o quando era prefeito de Nova Igua�u. O material foi obtido com o PMDB. Cabral tenta emplacar a candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pez�o (PMDB) e quer a desist�ncia de Lindbergh, que nega com veem�ncia a veracidade das den�ncias. "O PMDB me jogou na oposi��o. Por que Geddel (Vieira Lima) pode ser candidato do PMDB na Bahia e eu n�o posso concorrer pelo PT no Rio?"
Para o senador Valdir Raupp (RO), presidente do PMDB, a pergunta deve ser feita no sentido inverso. "Por que o PMDB tem de apoiar o governo em todos os Estados e o PT n�o pode abrir m�o de nada?", devolveu Raupp. No Planalto, o coment�rio � que, resolvidas essas pend�ncias do PT com os aliados, "o resto vem por gravidade". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo